quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Através

Deixa o beijo dizer pelos lábios 
o que os olhos veem...
Um silêncio traz novidades que
há muito procuram serem ouvidas,
porém, a boca calou pelo sabor
doce do beijo, e desse modo os 
olhos se veem em um brilho antes
jamais visto, e ao longe ao largo
ainda percebe-se ecos do silêncio 
ainda ressoando mesmo tendo se
dissipado pelas vozes daqueles que
trazem as boas novas:
É a Morte! A Morte que se avizinha,
e ela não vem sozinha uma vez que
surge com todas as nobres almas 
que seduziu pelo caminho...
E Todos Morreram Felizes para Sempre.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Vivissecção

Pululam as entrelinhas 
meus versos, e entre um
entreato e outro da pausa
para compreensão de quem
lê, discorrem sempre 
ditirâmbicamente sobre
morte, vida e poesia, 
e antes que o leitor 
perceba que a poética 
ausente se apresenta como
uma assombração por entre
o texto, o autor mesmo
revela o susto e, apresentando 
disposta sobre as linhas o
corpo ainda quente, aberto e
dissecado da métrica,
como se esse poeta fosse
taxidermista, mas em se
tratando do corpo morto
exposto da métrica, esse
poeta está mais inclinado 
para a psicopatia. 

Sexta Rock Blues

A vida não pode ser boa
por ser horrível;
O amor por ser terrível 
não pode ser bom:
   Do Mesmo Modo,
de tardezinha é incrível 
a tristeza se se é todo
alegria logo após o
pôr do Sol...
-Quando na madrugada 
morremos, estar vivo
ainda na manhã seguinte 
é realmente desesperador. 

domingo, 26 de janeiro de 2025

Adeus dará

Ainda estou esperando a minha
grande década, e os dias que
demoram a vir, seguram consigo
semanas, meses e anos de glória. 
Desejo
acolho
concedo...e eu não me adapto ao
o que eu não quero, 
eu sofro e repilo, 
não sou dócil nem dúctil,
jamais serei o mesmo independente 
mente da situação, e se a vida ainda me é
amarga que ela não espere doçura
da minha parte.
Ser forte não é ser invencível, e toda
vontade requer força, 
mas até quando deveremos ser forte
se essa força de vontade não nos
tornará imortais?
Muito pelo contrário, de qualquer
modo nos encaminhamos para a
morte e isso sim pode ser inspirador.
A vida é resiliente, pois é a morte quem
lhe permite ser, percebe?
Eu não prefiro a morte e não me apego
a vida, eu prefiro a Arte e presumo meu
amor fati ser a poesia.
A morte de um poeta é o que há de mais
triste para a humanidade, e é talvez a
maior felicidade que possa brotar dessa
Terra para os deuses, 
eu pouco me importo com ambos.
O céu é queda para os deuses, e elevação 
para os Homens, eu sou só poeta,
nem homem e tampouco deus, 
e por isso habito o subsolo. 
Quando o mundo não mais acabar,
quando não houver mais morte pela
última vida perdida, então nesse dia
eu hei de brotar com minha poesia
como uma forma nova de existência. 

sábado, 25 de janeiro de 2025

Atento para com a vida

Eu lido com tudo isso há muito tempo...
comigo mesmo e, lentamente, o tempo 
que me resta me arrasta com ele por
sobre todas as coisas.
Eu leio pelo caminho o desenho dos
meus passos e percebo que quanto mais
volto meu olhos por onde passei mais
meu destino se faz incerto uma vez que
não olho por onde vou e sim por onde vim...
e sim por onde vago, e onde chego e
quando chego, é sempre desse lugar que
parto. E sigo...e volto meu olhar ao largo
e desejo que meus passos não me sigam,
para que jamais me mostrem o caminho
de volta outra vez.
O tempo leva consigo nós todos,
e o dia de hoje me parece interminável. 
Eu levo minha vida comigo no caminho
que trilho para a morte, elevo minha
morte ao posto de Musa e me desfaço da
vida como me despeço com um até mais
ver de alguém que sei que nunca mais verei
de novo, e no fundo por querer revê-la,
não desperdiço meu adeus. Minha existência 
é estranha como é estranho querer rever
alguém que não se conhece. 
Como saber quem se é de verdade sem ao
menos atentar contra a própria vida uma
única vez?
E tirando o A como prefixo de negação eu...
Eu tento sempre.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Enseja

Sê um Ás voraz e
devorar-se, ou também 
árvore ser e arvorar-se 
assim em si e ser
floresta para os seus
que buscam sua
natureza e ser sustentável. 

Ser o ar e, eventualmente, tempestade:
afetar ares de...
plantar em si sementes de céu e semear-se,
viver como ser a chuva a se molhar.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Ódio

Antes de mim eu já havia.
Nesta mesma vida e existência, porém, 
antes de agora jamais.
Ontem eu não existia,
embora seja eu um velho desconhecido, 
e o que hoje represento, em vidas passadas
nunca pude acontecer da maneira como 
em futuros tantos canso de ser.
Eu sou o fim de mim mesmo em meio
a muitas reconstruções diárias,
sou poética da retórica dos silêncios que
não pude calar. Eu falhei. Fui falho como
Deus é. E quando minhas palavras se voltarem contra mim, então poderei finalmente 
abraçá-las. 

O nosso problema é nos emocionarmos, 
não fosse o amor, seríamos perfeitos...

e isso é humano, não divino, e eu amo,
embora eu odeie a humanidade.