tristes em qu'eu vivia por aí aquele
Si-mesmo que insinuava sempre
minha pessoa por entre tantas
solitárias multidões de personas
com a mesma cara e alma,
eu morria me negando a compartilhar
o meu viver com aquela massa
elitista em de um Si que procuravam
sempre no outro, era e foi sempre
assustador para mim ter de conviver
assim, por isso eu morria, e morria
toda vez sempre quando.
Porém, sei também que muito vivi o
máximo do quanto pude sempre viver,
colhi amores e fui amigo, vivi de reveses,
fiz versos e fui poeta. Me vi muitas vezes
Diabo sempre que busquei por Deus,
e quanto queria ser Deus me encontrava
sendo Diabo outra vez.
A Humanidade no coração e alma dos Homens
sempre causou muita recusa e repulsa em mim...
por isso morria,
eu queria ser árvore,
uma rocha, um rio,
um animal alado,
um bicho, um fogo-fátuo,
um abismo...
Tanto faz ser qualquer coisa desde que Eu
possa deixar de ser Homem, por isso eu
sempre morri, e se não queria ser Homem
e tampouco ser Deus, vivia a ser poeta,
que é o meio termo em que por inteiro eu
sempre me consolava em ser e ter de existir,
uma vez que viver a morrer também é algo
que cansa e que causa tormento e desprazer,
por isso vivia, e testava-me a felicidade a
sanidade diante da sobriedade torpe que
muitas vezes é o viver, e outra vez por isso
Eu morria.
Me encantava as drogas,
o vício e a loucura,
e de livro em livro,
como de rua em rua
ou lua por lua e
madrugada após madrugada
eu buscava aquele Si-mesmo
do início mas não mais
conseguia mais encontrar,
e o que minha presença
insinuava para os outros
já era de novo aquilo que
mais desprezavam,
por isso eu era desprezado
e então Eu testava a felicidade
mostrando para ela que existem
outras formas de sentir alegria,
e que o que para Ela era feio e
absurdo, para mim sempre foi
espelho, liberdade e alforria,
e por isso eu morro sempre e
morria...
E mataria outra vez e quantas vezes
for necessário de novo para não ser
jamais como a massa, o todo e a maioria.
Sou de sobremaneira um pormenor
do acaso assim como foi o
Universo que expandia,
hoje somos só o que os outros
superaram, e que ainda vivem por aí.
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