Viva morte...morre a vida:
- A vida - ávida, aguerrida,
mas frágil e dolorida. Difícil...
Jamais faz-se facílimo o viver,
assim em desfaçatez
a morte faz-se forte no azar
da vida, da vida ida e das que
chegam já sabendo que serão
à morte submetidas. E jazem
em erro pelo medo que
desenvolvem em ter de viver
em chegada já sabendo da
partida, porém, esquecem que
o tempo certo do fim, nem
mesmo a morte se faz sabida.
Novos sonhos podem sempre
botar tudo a perder,
é aí que então velhos vícios nos
salvam de novo e de novo outra
vez até que essa resiliência toda
se torne a causa principal de todo
o seu perecer, digo, de todo
o seu parecer
sobre o decorrer dessa vida toda.
E essa vida toda, cadê toda essa
vida toda, cadê a paleta perdida,
aquela com a qual um Deus Diabo
sombreou essa existência insensível
à plásticas artes, e por ser imune a
placebos requer sempre que se recorra
às drogas cada vez mais pensadas atrás de
felicidades e alegrias. Mas não...
Não se pinta colorida a vida, cores
de alegria não há, e se pensa que
se faz de vítima, se desfaz,
se disfarça de cinza e resiste, re-
existe sendo minha forma de
vida favorita uma forma de vida
noir de ser...e ai de quem dizer
que assim não pode ser:
-Eu vivo o eu vivo, mas também
admito por madrugadas inteiras
o meu morrer...
e morro, e tenho de morrer de novo
algumas vezes mais para poder
renascer, como fênix, como câncer...
como formato que já me cansei de ser.
Quando o horizonte voltar a ser admirável
e se ele me olhar e quando também me
perceber, que eu também possa ser admirado,
e seremos os dois o observador, por que não?
Quando o céu cair em si e inverter sua
posição com o mar, eu em terra firme
ficarei a admirar baleias azuis por sobre
mim e então quando me cansar mergulharei
para chegar até o céu profundo e assumir
para sempre a minha desaparição.
E se um dia esquecerem de mim,
que este dia seja lembrado como
o mais feliz, desejo um fim absoluto
e não quero habitar a memória do
mundo uma vez que este mundo
jamais foste bom abrigo para mim,
foste antes um bunker, mas eu jamais
precisei me esconder e tampouco
sempre quis desse mundo fugir:
Ah! eu só queria viver, viver sem
medo da morte e também sem
temer a vida.
Viver de poesia como um aclamado
poeta sempre imaginou...
Eu quis viver de poesia, e a poesia
que não me quis,
preferiu morrer pela verve dos versos
da minha pena:
Assassinei sem querer a minha Musa!
todavia, minha vontade como poeta
agora é então morrer de poesia, e a
morte prosaica,
morte morrida,
não me basta,
ou uma eutanásia,
assim como um
Haicai...
também não me cabe.
Quero uma morte heróica,
morte matada, romântica e
ultra. E se assaz poético é o
suicídio, então me mato.
Morro de poesia pelas mãos de
um poeta que tanto quis escrever
para viver e que no fim enfim
escreveu sua própria tragédia,
porém, feliz em decidir morrer.
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