segunda-feira, 29 de julho de 2013

Itinerário

Perdido ante minha busca, parto.
Meu coração pesa em meu peito,
uma bússola fardo sem norte, um
poema sem bardo que o adote,
meu guia.

Doces ninfas virgens me esperam
em Arcádia, mas não vou para lá.
Fica ao norte longe onde meu coração
não é capaz de me guiar.

Pensei em Pasárgada, com suas lindas
prostitutas e nas historias da mãe-d'água
que meu sono poderiam embalar. Mas é
absoluto em afirmar, meu coração, que
pra'queles lados não saberá me guiar.

Há ainda a bela ilha de Pala,
se navegasse meu coração,
ainda assim haveria no timão
um canalha, me levaria para longe,
distante de qualquer praia.

Sinto que o peito bate surdo,
pulsa estampidos em pesadelos no
absurdo. Eu, absorto, ante onde
me encontro já sinto a desolação,
meu coração nos trouxe à Macondo,
terra dos dissabores dos amores
da decrépita solidão.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Atroz Ápice

tudo no mesmo cálice cabe,
do álibi ao dolo,
do lodo ao mármore,
tudo ao todo metade, cabe.

mundo num único verso cabe,
caberá o universo não se sabe,
porem na poesia que nasce
surgem outros mundos, outros ares...

e em um segundo uma vida toda cabe,
uma infância, uma juventude, uma velhice,
a morte sabe, divertida é a vida que perece,
pois eternidade é mesmice...atroz ápice.


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Mea Culpa

minha vida tola é
toda de
toda essa
tola poesia.

minha vida toda
sem toda essa
mesma tola poesia,
secará oca...
perecerá vazia.



quinta-feira, 11 de julho de 2013

non plus ultra

quanto tempo dura o infinito
quando o tempo do pra sempre é perecível?

é o mesmo tempo que leva a
poesia à perceber que sua essência
foge da razão do verossímil.

foge o tempo enquanto fugaz e,
houvesse como determinar
da poesia o tempo,
esse eterno momento,
em minha pena seria o
j a m a i s.





sexta-feira, 5 de julho de 2013

Quadras

só há versos em suma.
assoma à universos e
soa assim os mesmos versos
aos olhos,

ressoa na alma. há
sentido na vida?
não há significado aqui,
a vida, não há.

há vida se lida ávida a
calma do poema. não
há alma enquanto há
exata forma e métrica há,

como um mudo fonema
declamado, um poema
ausente, inexiste, não há?
...assiste o porta voz silente,

o silencio, densa bruma
dos tímpanos, observador
singelo, surge soberano e
sugere,

-em suma, só há versos,
breves prelúdios de
i n c o m e n s u r á v e i s
universos.