segunda-feira, 23 de maio de 2011

soneto

não sei se seduzido em sonho fui, ou se o sono
me trouxe um delírio, um lapso da realidade.
veio atender as minhas preces uma linda santa
virgem, iluminada e de transparentes vestes.

eu, que, orava à pedir aos céus piedade para
com minha poesia, acabei me apaixonando pela
santa musa que do firmamento descia, e que,
lamentava a incumbência de fazer calar minha

pena, toda minha heresia. minha algoz imaculada
desceu para condenar minha escrita, se transformou
em musa, que, os meus versos sujos agora habita.

vou ser gauche nessa vida, não irei jazer no paraíso.
como Virgílio sabiamente guiou Dante no inferno perdido,
eu guio assim minha santa, em meus poemas proibidos.   

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Divino amor

passeava meus olhos pelo seu corpo nu
enquanto tu sofrias. seu coração soturno
você me oferecia, me amava, ardía pela minha
frieza ao brincar com a navalha em seus peitos rijos.
lembro que disse que éramos um pro outro como
são compatíveis o sangue e a lamina fria . talvez alguns
cortes a mais ruborize sua nudez alva.
quanto vale o prazer, quantas gotas escarlates
serão necessárias para escrever em minha alma tua poesia?
teu corpo inebria, sacia minha vontade de verme que
se diverte enquanto come a carne fria, és minha dama
vadia, deusa lasciva de um prazer sublime, ataraxia.
juro por todos os anjos decaídos fidelidade à sua dor,
e nesse mundo de amantes frívolos, será pra sempre
lembrado como maldito, o nosso divino amor... 

sábado, 14 de maio de 2011

reticente

Não restam mais dúvidas,
há certezas sobre certezas,
decadência do homem, reticente...
abaixo os poetas!
Se eu digo "hoje" não quer dizer que estou aqui,
se me prendesse ao ontem não teria mais
aonde ir?...a vida me espera no dia de partir,
para que eu passe por ela, dissidente ao sorrir,
perdido, de versos e passos natos.
Poderia ser diferente, não restam mais duvidas,
há certezas sobre certezas.
decadência de um homem reticente.
desordenadas nos costumes
Vagam por aí, as ideias que nunca calam ao todo,
tudo o que tinham para exprimir.
abaixo os poetas!

intensidade

estava bocejando e desloquei
a mandíbula; estava escrevendo
e virei poeta; estava me masturbando
e torci o pulso; estava pensando e enlouqueci;
estava correndo e fodi os joelhos; estava
mastigando e engoli a língua; estava rezando
e tornei-me santo; estava cheirando e entupi as narinas;
estava amando um dia cada puta,
estava em paz virei buda;
estava confuso e tornei-me sábio;
estava perdido e em mim me encontrei;
estava transando e quebrei o pau!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

soneto

à Antero, que, trazia consigo não só poesia
mas em sua alma, de poeta notório, também
ardia a verve de todo revolucionário. ah! grande
poeta, ensina-me a arte de toda sua filosofia...

não há entre todos os tolos da poesia, alguém
que seja capaz de desenhar com tamanha maestria
um soneto como tu produzias, grande autor, dono
de quartetos e tercetos de magnifica harmonia.

os versos que cabiam na peçonha de sua pena,
são bem maiores que todos os versos de todos
os falsos poetas que abrigo em minha pessoa,

calo-me, e, emudeço os ouvidos, tento achar
em mim, assim como houve em ti, genuíno motivo
para que eu possa também, versejar um suicídio.