terça-feira, 14 de setembro de 2010

Versos a um suicida

Mate-se amigo!
Não há gloria mesmo
Que tranqüilize a alma de um desassossegado,
A certeza dessa vida é
A vida que se dissipa,
As incertezas do outro lado
Se mostram agora tão bonitas.
Há em ti uma sofrida alma
Que se arrasta, liberta-a.
Veja que suas feridas já não doem,
Não sangram,
Não há razão para curá-las.
Se em tua face trazes
A marca de Caim, caberá então
Só a ti pôr fim à sua vida
Teu deus talvez não ti mereça vivo,
Vá então e diga ao mesmo que foi
Capaz de acabar com um erro divino,
Se por ventura, quem sabe, maldito
Lhe pareça ser, morra e explique ao
Diabo as desventuras que teve ao
Tentar ingenuamente viver.
Não há mais tempo,
Não há nada que possa fazer.
Abrace a vontade que sentes de
Matar-se impiedosamente, que perigos
há de correr? Essa medíocre existência
Já lhe deu provas de que
Como grande homem ficaras apenas na iminência.
Depois de tudo que suportastes
Com muita luta, não é certo que ainda tenha
Tempo para covardia, vai, acabe com essa
Puta que foi tua vida, dilacere essa vadia.
Faça com ela o que ela lhe
Fez noite e dia, foda-a,
De fim a essa agonia,
Mate-se amigo.

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