quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Paranóia

Adicionam 
áudios falsos,
silêncios
altissonantes,
aos meus
ouvidos:
por dentro 
do lado de
fora da
minha cabeça,
seria
esquizofrenia,
se fosse o
contrário,
mas se não 
é, é
o que?

terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Surrealista

Sou incapaz de escrever sobre
datas e lugares.
Não há aqui dentro espaço algum
onde caiba uma parede para se ter
pendurado um calendário:
Não Existem Átrios no Infinito.
Existem apenas janelas que
flutuam e que descortinam
horizontes com ávidos olhares
fantásticos para mim...
e eu correspondo
e corro ao encontro como
que se não soubesse que quanto
mais eu me aproximo,
mais fico distante:
Da Janela 
Do Horizonte,
mas jamais de
mim mesmo,
por isso escorro,
deslizo como que se derretido
Dalí, da minha figura fugindo,
voltando pra minha perspectiva,
observando.

Hipocrisia

Meu silêncio é sempre só 
da boca pra fora;
Minha raiva é só em
meus dentes;
Meu ódio jamais endêmico
do meu peito,
é só impulso, ímpeto 
e desforra;
Minha fúria é só em
meus punhos e versos;
Minha cólera só em
meus olhos;
Minha pressa só em
meus passos.

Minha tristeza é apenas 
reflexo do vácuo do universo 
afora sendo preenchido...
Eu adentro...vazio...
ou talvez o contrário.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

A Vida Continua

Sonhava com você a morte.
Sonhava a morte com a finitude
de tudo e de todos, com o fim,
enfim, de todas as certezas e
máximas.
Sonhava que estava vestida de
um luto escarlate brilhante.
Tua pessoa (presença) supra-
citada nesse sonho, estava a
morte ávida com ti, nua, e
excitada pela visão de tua
vida despida, despertou de
pau duro.

Alguma Uma Ex-Estrela

Nenhuma 
          uma
ex 
estrela
processa
        essa
supernova
           novamente.
Explodem sempre
uma vez apenas,
uma          pena,
uma estrela estéril.

Velhas estrelas 
sucumbem
               em
s u p e r novas...
nascem novas
assim.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Última Estrofe

Suicidou-se, de modo sui generis o verso.
Passou a lâmina da verve afiada nos
pulsos da poética. De ponta de metal
pesado a pena, cravou-a no peito do
poema e assim assassinou a poesia.
A poesia com seu sangue a escorrer da
ponta da pena, riscou em vermelho 
viscoso uma última estrofe que dizia que
não foi o verso o autor daquela morte,
ainda que o verso morrer quisera.
Disse a poesia no seu último suspiro
escrito que o assassino não poderia ter
sido outro senão o maldito poeta.
Mais tarde debruçado sobre versos 
mortos, o poeta também foi encontrado 
morto. Morreu de remorso e culpa, aliás,
matou-se pela dor de ver morrer sua
poesia, matou-se pelo arrependimento de
ter investido, digo, inventado a morte
daquilo que escrevia.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Nada Sempre

O fim não acabou 
A manhã já entardeceu
O sol não expandiu
O céu não desabou:
Nada Aconteceu!
O poeta não morreu 
A poesia não ressuscitou 
Deus não se reinventou
(onde o nada existe, o
rei perde seus direitos)
e já não existe mais na
maioria dos lugares.
O mundo não acabou ou
não para mais de acabar,
alhures...e aqui...
Nada Aconteceu!