do lado esquerdo da indecência humana eu me escondo, me refugio
no pudor liberado, na explosão das emoções, no contrassenso que vem arrancando
suas roupas e máscaras. na loucura lúcida, vívida e limpa que estilhaça seu
peito com munição pesada. o exército de dentro quer sair, quer falar que
loucura maior é lucidez plena, lucidez digital, mundo "idiotal", vida
chata como longo capítulo de novela, que a mesma cabeça digital, na sala,
ministra e profere para um ser "racional"
do lado esquerdo dessa contradição eu apareço e, na loucura
minha eu me sou livro, me aventuro nas minhas páginas, sou a poesia cortante
que arranca do personagem as verdadeiras palavras, as ideias subversivas que
são tão nocivas quanto espontâneas! crianças felizes. o coração do poeta se
derrama sob o que agora do sangue já encardido tá a alma do personagem, queira heroico,
queira suicida, poesia explícita que o livro que sou diz pra realidade
fanática.
do meu lado eu me protejo, luto por mim, pelo meu mundo e
pra que minha razão reine absoluta escondida no abismo da minha loucura. posso
sobreviver se aceitar a ideia de que a vida é chata, que a razão pela qual
ninguém sabe porra nenhuma sobre razão alguma e que tudo é lucidez, loucura
pensar assim.
do lado que agora me apoio para escrever esse poema, está
minha parede, me protege me aprisionando e com suas três irmãs faz do meu
quarto um mundo decente para mim, único habitante desse lúbrico habitat,
personagem lúdico que a parede protege como cão a berrar.
do lado que me cabe como autor peço licença para terminar, a
indecência humana racional tirou minha máscara e agora eu sou a cara da razão,
sou a razão, ela em mim como maldição. a loucura vem como uma bela dama, me
convida para sair, me oferece livros e drogas e me estupra, como prova que eu à
pedi para poder aceitá-la.
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