vazei por uma estreita passagem até a antessala da razão. o
pecado mora ao lado, e o devaneio certamente é vizinho da lucidez. me vejo só,
numa sala onde parece ser um centro de reuniões, rituais e até mesmo orgias
inimagináveis, essa por último, imagino por pura sordidez de caráter, mas se
realmente o pecado mora ao lado e a grama do vizinho é sempre mais cuidada que
a nossa, esse jardineiro sórdido também estava lá. num súbito e frenético ato
de pensar, elaborei planos e mais planos sem nenhum fundamento, o pensar em
demasia e o pensamento mecânico é tão nocivo quanto a guerra, pode até ter um
propósito traçado, mas mesmo assim é totalmente nocivo, condenável e repudiado.
nesse momento meu peito disse ou apenas taquicardiou- sinta mais, pense menos.
emocione-se em demasia e não faça de sua cabeça uma maquina. não procure
substituir algo que é pluralmente singular, algo que é o mesmo sempre, fiel
mesmo se feito em serie, seria sempre o mesmo, único. o âmago, a alma, é
incopiável, insubstituível. não tente ter com a cabeça, raciocínio, algo que só
é possível sentir com o coração. meus olhos então me despiram a carne, e assim
o espelho pôde ver seu reflexo e, num ato de sandice sacra minha alma pôde se
olhar por um instante. no meio dessa autocontemplação, o meu ego inflou tanto
que depois de segundos, estava eu observando do alto a antessala e a estreita
passagem por onde vim, minha alma olhava-a trêmula pois meus olhos lacrimejavam
muito e assim o sal esterilizou todo o meu corpo que, nesse momento, já como
embalagem vil da alma voltava num ato rudimentar de bumerangue, e, na completa
junção com o declínio do meu ego, volto ao lugar de origem. saio de um psicodélico
sonho e encaro novamente a inútil e catastrófica realidade, a tal antessala da
loucura.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
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