domingo, 15 de setembro de 2024

Fulgor

Há em mim um poeta morto,
morto e brilhante, como um
corpo celeste atravessando a
atmosfera de um planeta cheio 
de vida. Inanimada, a gigante
rocha que cai, vem violentamente 
com a morte a bordo, pois sua
queda aniquilará todos.

Somente a ascensão desse poeta
poderá me salvar de ser só mais
um desgraçado a meter na ideia 
algo a lhe atravessar a cabeça, 
quer seja uma ideologia
revolucionária ou um balaço. 

Eu quero mais,
eu desejo perder a cabeça, 
perdê-la de vista ao vê-la
atravessar a atmosfera:

A Cabeça a Desbravar o Caminho Inverso
de Meteoros que Caem, e a postos,
pensamentos curiosos cheios de dúvidas
a cerca da origem da vida como a conhecemos. 

Azul Azar

Outonos que me abandonam...
se foram para serem Invernos...
porém eu, dentro do mesmo inverno, 
continuo outono, e por onde sigo
cinza destaco em toda paisagem
por onde passo o ato de apagar
meus passos para que não me vejam 
mais quando Verão:
pois eu sou Sol, sou Sol em solidão, 
e quanto mais só,  mais Sol menor
sou por sobre todas as coisas que aos
poucos me abandonam, e então 
assomam os olhos para os céus, 
pois assombra a sombra que por sobre
todos agora assume os tons escuros dos
dias finais de todos que sucumbirão, e
desse planeta azar, digo, azul, serão todos.

Sobre Viver

Mate-se a
tempo de
não viver
morrendo.

domingo, 1 de setembro de 2024

Brios

Flores que morreram 
ao serem colhidas.
Amores que se foram
por serem tão livres.

Estrelas que explodiram
por ultrapassarem seu auge.
Pessoas que se mataram 
por não aguentarem mais 
                                      [a vida.

Para mim o mais assustador 
na natureza é quando animais 
onívoros matam para se
alimentarem da carne da 
                                        [presa.

Como na natureza humana:
há mais prazer em matar
do que na alimentação. 

Flores para o suicida
que se matou pela dor
do amor que se foi.

Se foi porque não há mais
Amor próprio, 
da Estrela,
da Amante,
do Animal (e),
do Suicida...

Amor próprio inabalável 
somente o das flores.


sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Hexterno

Abismo acima 
e céu abaixo:

Meus pés e pensamentos de ponta
cabeça, 
mergulhando um no habitat do
outro:
-Desde ontem tempo afora
desvendando ambos um subsolo 
elevado,
desde o universo macro até 
o micro cosmo adentrado
fundo pelos poros dos dedos 
tortos deste poeta Astro.

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Eu, um deles

Ao meu ver pode ser escuridão 
o que parece ser, do mesmo modo
como o silêncio ousa se esconder
entre entrelinhas de lacunas que
interligam ruídos que soam a
suceder-se, e nesse ínterim, insisto
em resistir, como aquilo que 
existe dentre luzes que nossa íris
não consegue perceber, porém, 
não só nos percebem, como
deliberadamente nos ignoram com
aquele olhar de quem não gosta do
que vê. 

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Céus em Ruínas

Eu encontro enquantos por
entre quantos quandos visito.
Tudo é transitório, 
inclusive o pranto
de vidraças de arranha-
céus em ruínas:
Tudo tende um dia a desmoronar. 

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Ser Poesia

É muito mais provável um
poeta mudar o mundo
do que o mundo mudar
esse poeta.

Se você não escreve 
versos e não vive a
mercê  das vontades
materiais desse mundo:

Seja Poesia!

domingo, 18 de agosto de 2024

Recusa

Antes de morrer,
                             o mais importante,
o antes...

Eu não devo um adeus ao mundo,
pois no fundo sei que minha partida
será minha apresentação:

A Vida Me Mata!

Minha vida me esconde diariamente 
de observações da existência de todas
as outras coisas, enquanto observo tudo.

Não se pode ser muito, porém o nada para mim já é o bastante. 

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Donc Dieu Existe!

Que diferença faz a existência 
para o que não existe,
o que não existe e qual a
importância daquilo que não 
existe para a existência?

A existência é inexata:
O Nada Existe!
O Nada Existe?

Se o nada existe, qual a distância 
Dele para nós, que indiferença faz
a existência para quem existe além dela?

Nós existimos para o nada,
Eu exatamente?

O nada está além da existência...
e o meu nada é Deus, e talvez 
nós sejamos o nada para Ele.

sábado, 20 de julho de 2024

Over Dosagem

Declamo em meus versos,
meu vício mais singular,
a vida que é uma Droga, 
porque sempre vivo em
Overdose.

E esta vida pesada,
pensada para ser e
viciar, e é claro,
criar dependência, 
pois depois do
primeiro uso, toda
e qualquer cura só 
pode ser a morte.

Sendo assim eu tenho que
dizer que neste instante, 
nesse Viver, eu estou agora 
escrevendo sob uma forte
crise de abstinência. 

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Sub Ultra

Ego máximo
Eu sigo cego
Degrau abaixo.
Singularissimo
Meu declínio 
Aponta para o
Céu e eu aporto 
No mais sub ultra 
Solo desse
Precipício que 
Eu me aprofundei
Em ser. 
E fui, e serei,
Porém, hoje 
Sou nunca mais.
Cabisbaixo 
De tanto olhar para cima 
Ignorando Deus para apenas
Observar o Cosmo,
Tropeço na depressão do
Solo e voo ao chão. 

domingo, 14 de julho de 2024

It's Creep Script

Quando eu morria, naqueles tempos
tristes em qu'eu vivia por aí aquele 
Si-mesmo que insinuava sempre
minha pessoa por entre tantas
solitárias multidões de personas
com a mesma cara e alma,
eu morria me negando a compartilhar 
o meu viver com aquela massa 
elitista em de um Si que procuravam
sempre no outro, era e foi sempre 
assustador para mim ter de conviver 
assim, por isso eu morria, e morria
toda vez sempre quando.
Porém, sei também que muito vivi o
máximo do quanto pude sempre viver,
colhi amores e fui amigo, vivi de reveses, 
fiz versos e fui poeta. Me vi muitas vezes 
Diabo sempre que busquei por Deus,
e quanto queria ser Deus me encontrava
sendo Diabo outra vez.

A Humanidade no coração e alma dos Homens 
sempre causou muita recusa e repulsa em mim...

por isso morria,
eu queria ser árvore,
uma rocha, um rio,
um animal alado,
um bicho, um fogo-fátuo,
um abismo...

Tanto faz ser qualquer coisa desde que Eu
possa deixar de ser Homem, por isso eu
sempre morri, e se não queria ser Homem
e tampouco ser Deus, vivia a ser poeta,
que é o meio termo em que por inteiro eu
sempre me consolava em ser e ter de existir,
uma vez que viver a morrer também é algo
que cansa e que causa tormento e desprazer, 
por isso vivia, e testava-me a felicidade a
sanidade diante da sobriedade torpe que
muitas vezes é o viver, e outra vez por isso
Eu morria.

Me encantava as drogas, 
o vício e a loucura, 
e de livro em livro,
como de rua em rua
ou lua por lua e
madrugada após madrugada 
eu buscava aquele Si-mesmo 
do início mas não mais
conseguia mais encontrar,
e o que minha presença 
insinuava para os outros
já era de novo aquilo que
mais desprezavam,
por isso eu era desprezado
e então Eu testava a felicidade 
mostrando para ela que existem
outras formas de sentir alegria,
e que o que para Ela era feio e
absurdo, para mim sempre foi
espelho, liberdade e alforria,
e por isso eu morro sempre e
morria...

E mataria outra vez e quantas vezes
for necessário de novo para não ser
jamais como a massa, o todo e a maioria.

Sou de sobremaneira um pormenor 
do acaso assim como foi o
Universo que expandia,
hoje somos só o que os outros
superaram, e que ainda vivem por aí. 

estes versos Eles

O livro dizia, começando pela capa,
de que se tratava de taxidermia de
tardígrados que sofriam à tardinha 
de taquicardia, e por ser um livro de
poesia tudo faz sentido uma vez que
a inspiração é absurdamente 
verdadeira, e corria com tranquilidade 
como do mesmo modo não 
seria absoluta se não fosse rebeldia, 
e seria também absolutista se fossem
os poemas todos metrificados à risca
como diz a cartilha. Porém, graças ao
poeta era puramente poesia de
i n s p i r a ç ã o      l i v r e.

Maldita minha sorte,
o azar de poder ser
um Deus e jamais ser.

Fracasso da minha parte,
o poder de ser um Poeta e 
ter de viver a fazer versos
de azar. Versos que são 
um fardo para a poesia 
que tende sempre a negá-
los e renegá-los do mesmo
modo que fazem com a
métrica estes versos Eles.

Maldita minha técnica, mal vista,
mal dita por aí e mal quista também 
pelos mesmos detratores ultra super
admiradores de rimas e estrofes
metrificadas, e agredida também por
conservadores poetas, patéticos,
seguidores das mesmas ruínas desse
ritmo poético. 

Mas aguerrida é minha poesia, 
e como tardígrados meus versos 
resistentes de sobremaneira sobrevivem,
por enquanto sempre,
pois minha poesia é meu coração e este
bate em arritmia, 
assim corre livre com tranquilidade a
verve por entre minha veia poética. 

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Divino de Amoníaco

Dia bucólico de concreto e aço,
e se é no inferno que renasço,
e para isso uma Fênix como
insígnia, é para a alusão de um
paraíso corrompido do cotidiano 
da humanidade que se reconhece 
em cada espécime que compõe e
corrompe esta civilização cada 
dia mais animalesca, e desta vez
um Deus branco misericordioso 
simbolizando o horror que todos
nós somos. Como poeta entre o
filho da luz e o crucificado eu
prefiro a prostituta. 
Contra mim Deus e o Diabo aliados,
meus versos feridos, conversa'fiada
em um diálogo de inimigos,
interlocutores imagem e semelhança 
de ambos, enquanto eu vim ao mundo 
com a cara de um e o focinho do outro. 

Qu'eu consiga dar conta de
toda a minha existência para que
esta existência não dê cabo de
mim, falo do devir fazer
de mim um tipo de pessoa que
abomino, e fazer brotar em meu
âmago um tipo de humanidade 
insuportável e destruídora. 

quinta-feira, 27 de junho de 2024

O dia D

A partir de
Amanhã será 
Ontem o dia de
Hoje como desde
Ontem
Hoje foste
Amanhã. 

terça-feira, 25 de junho de 2024

Última Vez de Novo

Meu próximo cigarro
será meu último. Meu
último dia de vida o
próximo, a última noite
passada ontem e, próximo 
de agora, minha
madrugada última...
e que não seja a
primeira de muitas 
como da última vez.

domingo, 23 de junho de 2024

Erro de Valor não Disponível

Em absoluto, o poeta,
desestabilizando-se:

-Absorto em absurdos!

Absorvido pelo pesadume de uma
existência absolutista e
aberrantemente bela, e 
Ela enquanto contraditória, 
ele medita:
   pensa em escrever sua mais nova
   obra prima, pensa em usar de leveza,
   mas pesam seus pensamentos pela
   cabeça de sobremaneira que um
   poema não nasce, mas desenvolve 
   material mental para sete novas ideologias
   e dissolve tudo o que já se elaborou sobre
   poesia até o presente instante. 
   E quando um verso ousa nascer,
   a inspiração abstrai  uma distração da pena,
   mais uma, e chama a atenção pro poema,
   tortos, os dedos, põe-se a escrever, mas fazem
   de má vontade, pois pensam em deixar a
   a escrita, antes que sucumbam retorcidos 
   para sempre:

para, diante do sempre,
minha poética, e recusa
a eternidade, e o esforço 
do tato dos dedos tortos 
trazem à tona       versos
profundos que valhem a
estima que     alcançam 
pela verve do poeta que
os concebe. Eis os versos:

Musa ensandecida,
uma fúria que se 
apresenta como a
poesia que esclarece,
ainda poesia mas,
agora ex-Musa de um
axioma da métrica 
que atrofia, e que
enobrece a fuga e o
cabresto usa como
látego  para açoitar
quem ousou podar
a inspiração:

Se não pode com a poesia
jamais ouse escrever,
ouça-a com os olhos
enquanto a declama o
silêncio,  pois sem perceber 
tua presença, os versos
deixam-se se envolver e
participam de você para o
resto de todo o sempre,
o mesmo sempre que 
a poética se recusa se
submeter, porém você, 
jamais será imune, pois
ninguém é imune a poesia 
e sucumbirá elevado,
queira ou não e mesmo que
não queira, tua vontade já 
será por conta do impacto
da poesia sobre vossa nobre
insignificância. 

Em resumo,
o que disse a poesia
que tu'alma jamais
tenha cogitado?

Nada. E mesmo que desconheça
o valor de nada,
tens a poesia equivalente que
tudo esclarece,
e se ainda assim não alcançar o
nada, você pode,
uma vez que esqueça teu corpo,
usar de tua alma
d e s m e d i d a m e n t e.


   

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Futuro Póstumo

Um Buda raivoso 
Um Cristo com ódio 
Um Deus misericordioso.

Antítese como contra peso
e a tese revela-se como 
valor falso.

Um Poeta que escreve métricas 
Uma Poesia matemática 
Uma inspiração quadrada:

axioma como dúvida,
certeza subjetiva como máxima universal,
e a humanidade toda petróleo para máquinas de uma inteligência artificial 
obsoleta por si mesma à la seus criadores 
há milhões de anos.

Siderado

Um pássaro, uma nuvem,
uma aeronave, um satélite,
uma estrela próxima, outra 
distante, um exoplaneta, uma
galáxia inteira sendo devorada
por um buraco negro...

Uma célula, sangue, um
coração em diástole, uma
caixa torácica, um corpo inteiro 
sustentando uma cabeça repleta 
de pensamentos que vão pelo
subterrâneo das ideias, e as
reminiscências da memória 
devorando o próprio cérebro 
tentando pensar em algo novo
para escrever enquanto os olhos 
admiram a escuridão da porção 
vazia do universo.

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Revolucionário

Eu que já sobrevivi a tantos
invernos não deveria morrer
assim sob o Sol, ou quem sabe
seja justamente por isso minha
                                           [morte.

Morrer visitando flores como uma abelha 
faz, depois de muitos outonos de cinzas
eternos, ou talvez quem sabe seja
justamente por isso a minha sorte.

E a fome seria tanta e geraria mais
fome a miséria se meus versos fossem
alimentos vindos da inspiração poética 

da minha persona preferida, do meu aspecto 
mais sombrio e ultra romantizado, vai-se
o comum promissor e fica o fracassado poeta.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Flos Dissector

Admirando flores meu faro
buscava em ti a percepção 
de tuas vestes de seda de Lótus,
mas minhas mãos rápidas e
gratas pelo dom do tato só 
pensavam em despir teu corpo
que a propósito da nudez
aguçaram também meus
destemidos olhos e eis que 
surge teu corpo nú,
desde o teu pensamento mais
altivo até teus obliquos calcanhares,
nua a presença do teu corpo
definido em imagem de Vênus,
fez-me a alma achar-se um Deus
grandiloquente, mas que em
silêncio prolixo repetia para
meu corpo um mantra que
aprenderá sete existências atrás,
e dizia:
              vá, ama, ame-a como o mar
              ama suas águas, como amar
              o mar sabe sobre suas ondas,
              vá, toma-a em teu destino e
              faça da beleza que cada poro
              dessa macia pele sugere tua
              única forma de pertencer a
              esta vida...

E desde então pus-me a viver
dissecando flores.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Decerto Deserto

Quando calo sou bem mais Eu
do que quando falo,
por isso canto,
silenciosamente em meu canto
e só quando quero,
por isso quero, e quando nego
o meu querer,
por instinto calo.

Eu seria dois Ases 
se um de mim fosse
um Ás.

Eu quisera um oásis
mas no caminho que preferi
só há veredas,
por isso eu sigo,
pois quando paro, e se paro,
é decerto para reparar no
deserto que ficou para trás, 
por isso espero,
e quando chego,
é quando parto.

E o vento faz-se areia e tudo
é sol e tudo é árido, 

e o tempo um pesadume que
torna forte quem por sobre
a vida inteira, por o levar em
conta, se encarrega de manter-se
jovem e em festa,
por isso calo, e envelheço, 
envileço como aço inoxidável 
que mata pela natureza do
ferro, do ferro do sangue
que a areia quente convida ao
solo, 
por isso eu sangro, 
e se mato também, 
morro no instante
do ato...
Calo o instinto que cantara, 
canto para minha morte
enquanto da ferida eu saro. 

Eu seria um só 
e do mar seria furiosa onda,
se eu não fosse só deserto
sendo assim a humanidade 
toda.



domingo, 2 de junho de 2024

Ex-voasse

Adorava bater as asas e
alçar voo,
adora o céu o seu voar,
e ele, adornava  o seu voo
com manobras nunca vistas
antes e com tal maestria 
fazia isso, que seu voar era
poesia, diziam. 
E o poeta que sabe adornar
a sua pena com rebeldia, 
jamais cairá  na ilusão de
achar que alguma métrica 
pode ser melhor que toda escrita
feita por inspiração. 
Parecer melhor é só estética. 
Assim ele voava,
voava por sobre tudo,
pois este tudo para ele
sempre foste pouco.

O Chão é pouco, o Muro é pouco,
as paredes, os Espelhos, as Vitrines...
A Cidade é pouca. A Humanidade, o
Mundo...

Meu céu são as copas das árvores, 
ele dizia, e agora podendo enxergá-las
lá de cima, dizia ser o chão do seu voo
as verdejantes e frondosas copas das
árvores.

Viveu intensamente feliz voando.
Porém, um dia teve uma queda fatal.
Durante um voo noturno por sobre
luzes que brilhavam lá embaixo, 
caiu em si a despeito de si mesmo,
e lembrou, e percebeu que não podia
voar, e então caiu...e assim morreu. 

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Apologia Poética

Viva morte...morre a vida:
- A vida - ávida, aguerrida, 
mas frágil e dolorida. Difícil...

Jamais faz-se facílimo o viver,
assim em desfaçatez 
a morte faz-se forte no azar
da vida, da vida ida e das que
chegam já sabendo que serão 
à morte submetidas. E jazem
em erro pelo medo que 
desenvolvem em ter de viver
em chegada já sabendo da
partida, porém, esquecem que
o tempo certo do fim, nem 
mesmo a morte se faz sabida.

Novos sonhos podem sempre
botar tudo a perder,
é aí que então velhos vícios nos
salvam de novo e de novo outra
vez até que essa resiliência toda
se torne a causa principal de todo
o seu perecer, digo, de todo
o seu parecer
sobre o decorrer dessa vida toda.

E essa vida toda, cadê toda essa
vida toda, cadê a paleta perdida, 
aquela com a qual um Deus Diabo
sombreou essa existência insensível 
à plásticas artes, e por ser imune a
placebos requer sempre que se recorra
às drogas cada vez mais pensadas atrás de
felicidades e alegrias. Mas não...
Não se pinta colorida a vida, cores
de alegria não há, e se pensa que
se faz de vítima, se desfaz,
se disfarça de cinza e resiste, re-
existe sendo minha forma de
vida favorita uma forma de vida
noir de ser...e ai de quem dizer
que assim não pode ser:
-Eu vivo o eu vivo, mas também 
admito por madrugadas inteiras
o meu morrer...
e morro, e tenho de morrer de novo
algumas vezes mais para poder
renascer, como fênix,  como câncer...
como formato que já me cansei de ser.

Quando o horizonte voltar a ser admirável 
e se ele me olhar e quando também me
perceber, que eu também possa ser admirado,
e seremos os dois o observador, por que não?

Quando o céu cair em si e inverter sua
posição com o mar, eu em terra firme
ficarei a admirar baleias azuis por sobre
mim e então quando me cansar mergulharei
para chegar até o céu profundo e assumir
para sempre a minha desaparição. 

E se um dia esquecerem de mim,
que este dia seja lembrado como
o mais feliz, desejo um fim absoluto
e não quero habitar a memória do
mundo uma vez que este mundo
jamais foste bom abrigo para mim,
foste antes um bunker, mas eu jamais
precisei me esconder e tampouco 
sempre quis desse mundo fugir:
Ah! eu só queria viver, viver sem
medo da morte e também sem
temer a vida. 

Viver de poesia como um aclamado
poeta sempre imaginou...

Eu quis viver de poesia, e a poesia
que não me quis,
preferiu morrer pela verve dos versos 
da minha pena:

Assassinei sem querer a minha Musa!

          todavia, minha vontade como poeta
          agora é então morrer de poesia, e a
          morte prosaica,
          morte morrida,
          não me basta,
          ou uma eutanásia,
          assim como um
          Haicai...
          também não me cabe.

Quero uma morte heróica,
morte matada, romântica e
ultra. E se assaz poético é o
suicídio, então me mato.

Morro de poesia pelas mãos de
um poeta que tanto quis escrever 
para viver e que no fim enfim
escreveu sua própria tragédia,

porém, feliz em decidir morrer.



sexta-feira, 24 de maio de 2024

Subterrâneo do Céu

Sou Deus e Animal,
sou Chuva e sou Solo,
sou Chão e Subsolo,
sou Céu e o Espaço 
S  I  D  E  R  A  L.

O infinito do Cosmos é
o Subterrâneo do Céu 
que enxergamos, 
e eu queria tanto
ser um Cometa Toupeira, 
uma Nariz de Estrela 
a desbravar o Submundo 
com toda Conquista que
eu posso, e todo talento 
que possuo seria para
quem me observasse 
fecundas possibilidades
de propostas para um novo
Todo.

Para fatigadas  retinas um
Psicodélico Caleidoscópio. 

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Da febre, Alta!

Estou inclinado a
acreditar que sou
Deus e Poeta Maior
à quarenta vírgula 
nove graus.

terça-feira, 21 de maio de 2024

Retorcida Ação

Me deixe quieto com minha 
quietude calar,
pois fala ao meu coração 
o mundo das coisas inanimadas
que minh'alma faz parte das
pautas discutidas por estes,
me fala que minha vida é uma
esquecida forma de existir,
e que tudo pode ficar bem um
dia se nesse dia eu precisar,
porém, demora mais se este dia
foste ontem.
Lembro que um dia antes eu pensei:
          que não me falte versos
          novos para velhos pensamentos 
          e que um novo pensar
          reflita sempre sobre
          velha poesia.
Quem sou eu e como posso ser,
e quando passo por entre outros,
como posso por entre eles não 
me perder se não sei quem sou?

Quem sou este...eu,
se também posso ser outros?

Se eu fosse um abismo eu seria 
menos abstrato, e quem sabe como
desfiladeiro abissal eu não fosse
tão parecido com o desespero do
céu em tela água e olhos em
retratos que choram.

sábado, 18 de maio de 2024

Poema para Hunter S. Thompson

Poesia meu amor,
quando serei amado?
Faço versos a ti e
sofro por saber que
se já não sou tão 
único, tampouco 
serei o primeiro 
poeta a ser desprezado. 

E se não sou o primeiro 
também não quero ser
só mais um por você 
                    [enamorado.
Abandono meu posto de poeta,
e irei sofrer por aí com o desprezo 
e o pouco de desespero que ainda
                                           [me restam.

À sombra do Ego

Escuridão 
sobre pálpebras e
sob pálpebras, 
o que assombra 
mais?

A falta de luz quando fecha os olhos
talvez não seja a impossibilidade da
íris receber o brilho das luzes do mundo,
talvez seja as trevas do teu âmago amargo
olhando para você quando você está de
olhos fechados. 

A sombra do
t'eu íntimo
assoma
sobre você. 


quarta-feira, 8 de maio de 2024

Inacessível

Anti-horário 
uma constante 
que antecede
minha ausência 
se repetindo 
ininterruptamente 
ante instantes
antes do antes...
ou o contrário. 

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Dinossauría

Há milhões de anos, lá,
a milhões de anos traz-
nos o tempo para o dia
de hoje. E a partir de 
um passado recente, 
desde ontem, amanhã 
também tudo de novo:
          Um déjà vu
          de já hoje.

domingo, 5 de maio de 2024

Legítima Defesa

Armas de fogo
que      matam
para defender
a vida, assim a
esperança se
faz e mostra-
se como  um
t r a m p o l i m
sobre o abismo,
eu...atiro-me.

sábado, 4 de maio de 2024

Disaster Disorder

Desde o início de tudo:
do passado mais primal
até o futuro mais ultra
tecnológico, passando 
por esse presente perfeito 
para o Fim, eis:

A Humanidade Avassaladora!

Asseada pelo     Caos
Ansiosa    pelo      Caos
Assediada pelo  Caos

Humanidade 
Destruição!
Humanidade 
Apocalipse!

Destruídora!
Apocalíptica!
Existe em harmonia com seus
pormenores em elipse:

Atividade meio-fim,
do tolo poderoso bom Deus criador 
ao Homem criatura ruim,
-Armagedom...

Enquanto houver no planeta 
qualquer coisa que se possa
aniquilar, haverá dentro de
cada um de vós um átimo que
seja de Humanidade.

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Saúde terminal

Já era tarde demais
qualquer antecipação 
de tempo,

quando percebi 
antes, 
 
que o futuro foste muito pouco
daquilo que o passado pressentia. 

Fracasso Fantástico

Fértil o Ventre da Verve,
Verte Fácil Verso Bastardo
ou Vice-versa, 
um Vício Poético Visceral 
Frente ao Nefasto Vasto
Glorioso Mundo Patético  
de Todo Tolo Poeta Qualquer 
Quase, Fantástico. 

   Injetar o subterrâneo dos
   meus pensamentos profundos
   acerca do ao redor do céu 
   de cada chão em minha
   veia poética e viver em
   overdose de poesia absolutista
   como um Deus canalha pode ser.

Violento minha inspiração 
e Ela promiscua me dá o Fracasso.

sábado, 27 de abril de 2024

Sob a Pena

Uma outra forma de Insistir.

Ser de novo o que nunca fui
para jamais querer ser outra
vez o que não sou:
Postulante Poeta Póstumo!

Não quero ser o que não sou,
quero sempre ser o que já sou,
porém, sob a Pena, apenas
subverter quando necessário 
o que já é e viver dentro de
uma outra forma de existir. 

Re-existir em Poesia por tudo
aquilo que se quer,
tudo aquilo que sequer cogitou 
o universo a possibilidade de ser
e estar, mas acontecer sem
resistência ao mesmo eu prosaico 
de sempre, uma vez que agora
dentro de uma outra forma de
perceber, eu já não existo mais,
e do que me lembro, do que fui
querendo exercer meu Ser,
eu jamais existi, pois fui só 
vontade e ainda não sou satisfação. 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Onipresente Revel

M'Eu 
Réu 
Maior.

Por quem
tua
ausência 
mor...reu...
e Vive?

domingo, 21 de abril de 2024

Quimera

Um verso feliz,
de sílabas e letras
felizes, em uma estrofe
extremamente feliz, entre
outras estrofes mais animadamentes
felizes ainda, compunham um poema
bonito e feliz.
A poesia percorria faceiramente por
entre aquelas linhas de uma métrica 
abolida e por isso felizes, 
sempre sorrindo e dançando,
e contagiava com sua alegria todas as
possíveis alegorias que moravam e
viviam dentro da quimera daquele feliz 
e satisfeito poema.

Triste o poeta,
triste a pena,
triste o tinteiro...

A realidade fora daquele poema
era terrivelmente feia e triste.
Os pensamentos na cabeça  do 
poeta viviam em desordem,
seu coração mastigava pedaços 
podres de amores antigos,
e sua alma, fantasma de si mesma,
vivia assombrada  pela percepção 
de parecer obsoleta dentro da 
própria existência. 

Mas os dedos tortos daquele poeta
escreveram poemas felizes até a morte.

Cidade Natal

O fim de tudo em frio cinza
claro ou alaranjado escuro,
como pôr do sol em
Guarapuava, linda cidade
horrível de muita gente
pouca e feia.
Assim como eu,
pardo esclarecido e feio,
revolucionário e,
em um lugar como esse,
supérfluo e desnecessário. 
Desde que se volta,
depois de muito tempo,
a viver em sua terra natal,
somente o passado, por assim
dizer, pode ser um presente
ideal.

Absurda Beleza do Ridículo

Sobre como tudo se repete,
decisivo e sempre.
Sob a égide da odiosa
natureza humana de
esplendor sub-reptício e
dona da patente da invenção 
de Deus.
Tudo é cíclico,
do pão duro que alimenta ao enganador
circo que apraz,
do sincero pecado ao falso
perdão, 
do amor ao amor ao terror,
da paz para a guerra e da
guerra contra a paz:
Absurda a Beleza do Ridículo. 
Do corruptor ao corruptível, o
algoritmo maldito e os desgraçados
virtuais, da paixão subnutrida 
super nutrida pelo dinheiro,
a necessidade de respirar...
Do bê-a-bá da corrupção a
corrupção dada ao Homem
codificada em seu DNA,
do fogo ao oxigênio e da 
solidariedade ao suicídio...
Da vontade de viver,
ao morrer para não matar.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

A Cerca

Quem acredita em
Deus      faz      dele
algo  inacreditável. 

Quem não  crê  em 
tal           existência 
como                   Eu,

desperta   sempre
c u r i o s i d a d e
acerca.

Narco Trágico

Cânceres e Cárceres 
Quedas e Quotidianos
Traumas em Transe
e pensamentos escapistas 
extra cranianos:
Quando a realidade
adoece a gente,
Álcool e Nicotina e
narco trágico o
gatilho da loucura
diz para,
mas quero ser Poeta
e só paro depois de
Muito Morto.
Em quanto em mim
há vida?
...Acelerado...em 
Toda Via
Com Tudo Eu Morro.

domingo, 7 de abril de 2024

Esfinge de Si

Como poeta em desespero não sei se
devo tentar dissuadir do suicídio a
minha Musa ou se nesse poema tento
eu mesmo matá-la.
A cada palavra que escrevo ela morre,
a cada palavra que calo ela atenta
contra si para morrer.
Já não sei o que faço para deixá-la
viva, não sei de que modo posso deixá-la
viver.
Minha pena um punhal que ataca a
própria poesia, e o sangue de minha
Musa que escorre dos versos atiça
minha verve a querer mais sangue e
a deixar cada vez mais vermelho as
minhas entrelinhas. 
Porém, como posso eu, poeta que já 
foi misericordioso, atacar com minha
poética, a Musa de minha alma
perdida que tanto me salva e salvou,
mas culpada também, nunca deixou
de mostrar sua ira contra mim 
mostrando-se sempre ré confessa de
críticas à minha escrita que nem mesmo 
a métrica antimusa a si mesma já 
confessou?
Não vou matá-la, não posso, não possuo 
talento suficiente para com minha
inspiração atacar minha inspiração, 
minha arte poética é pobre e por isso
sempre minha Musa foge da minha
cabeça, um casebre, e busca abrigo
no meu bem instalado e promissor 
coração. 
Mas se esta alma que me veste é de
poeta de verdade, eu tenho dó de minha 
Musa, pois temo que meu coração 
também está tragicamente condenado 
ao fracasso. 
Não há para onde ir, não há fuga,
apenas ideia de uma busca que a
leva querer fugir de buscar outra
vez, e outra vez de novo mesmos
propósitos para outros fins, ou um
fim lógico para a sua existência sem
propósito e sem nenhuma definição 
de si para o que é e o que é para si
e que define seu destino diante de
todas as linhas já escritas em que
buscou existir, e que agora quanto
mais caminha pelos versos, mais 
veredas se fazem estes mesmos versos 
que a ferem e que a matam e que,
pela busca da fuga, 
a apetece o morrer.
E se a pena cala, ela se mata, 
se joga do silêncio, se lança da
ponta da pena para dentro do tinteiro 
tóxico vermelho e submerge,
desaparece para todo o sempre nessa
busca insensata pelo fim.
Minha Musa atormentada sofre por
aquilo que não pode compreender e
sabe, que se foge de si,
é porque muito jovem,
desde os primeiros versos já havia
encontrado sua essência, de natureza 
de Esfinge considerada em si mesma,
o que é, ela busca saber, o saber,
e por isso quando não, 
resta apenas a sorte companheira,
a última tentativa, o morrer.

sábado, 6 de abril de 2024

Moradores de Lua

Esperança, a primeira que me
abandona, dona esperança, 
que nem mesmo se pudesse
ser a última seria para mim
acolhedora. E eu não espero,
nem nunca esperei por 
nenhuma 
ideia vaga que me acolha.
Eu escolho o céu que me lança 
ao abismo, e me aquieto 
enquanto penso em minha
queda que apetece a muitos
Cristos moradores de rua,
andarilhos de lua à lua
buscando uma constante
para a existência que seja
outra além do sofrimento de
ser e re-existir todo dia sempre
enquanto o fim é só esperança. 
Quando eu morrer no tempo
certo da minha partida,
que a morte não leve em seus
braços alguém que há muito
já estava morto...
Maldita pode ser a vida, como pode?
Pode sim, pois ávida e poderosa é
toda a tirania, e cada alma que
sofre por existir e o porquê não 
se sabe, mas sabe-se que esperança 
é tortura em cada segundo que
passa a sugerir que a vida é boa.
Se fosse boa não seria, e se mesmo
assim insinuasse ser, seria só 
esperança, autêntica assim como
falsa promessa como toda esperança 
é. 
Depois de tudo e de cada perdida sorte
pelo azar de resistir, 
eu sei profundamente que o que
quero da vida só a morte pode me
dar. 
E eis me aqui!

Boca Mordida

Todas as coisas que
eu guardo só para
mim, se eu dividisse
com os outros,
daria para compartilhar
com o planeta inteiro.
Daria para devorar
o que me devora.



Quando é hoje

São várias as vagas
lembranças que o 
futuro passado terá 
de mim, pois se hoje
percebo que agora,
quando ontem, foi
amanhã, e nesse
instante é esse hoje,
sei que o dia de amanhã 
só me trouxe
mesmices de
reminiscências futuras,
e então me dou conta
que meu tempo
perfeito é sempre
ontem.
De uma coisa eu sei,
antes que eu me esqueça, 
que no passado eu vivo e
no futuro morro, ou é
certo que morrerei.
E viva o contrário, 
pois jamais morri ou
morrera no passado.
Pelo menos até ontem
ainda não morri.
E quanto a agora,
enquanto há agora,
quando é hoje?

terça-feira, 2 de abril de 2024

Qualquer Silêncio

Não há nada de
inocente em
qualquer silêncio,
todo silêncio é
suspeito,
fala alto para
uma apurada
percepção de
detalhes, em
verdade a mudez
de todo silêncio 
pode ser sempre 
uma voz de assalto.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Verso

Deus deveria agradecer
de joelhos pelos poucos
que fingem, digo, que
vivem em graça por 
ainda acreditar nEle.
Eu sempre fui um
desgraçado, 
acredito no outro lado
da medalha, 
eu creio no verso,
credito no inverso
toda minha existência, 
desprezo o altar, aliás,
o pódium, e parto da
linha de chegada após o
último passar.
E eu sou sempre esse
último, o primeiro a
se perder da 
perdição que foste Deus 
tentar nos salvar, e
salvo Ele mesmo,
ninguém tem tanto
a perder nesse mundo
se o mundo todo 
deixar de acreditar. 

domingo, 31 de março de 2024

God is si Dog

Os cachorros 
abandonados, 
os cães que 
moram nas
ruas, estão 
para os 
mendigos,
assim como
Deus é por
todos nós. 

sábado, 30 de março de 2024

Jah ain't Giant

Um Diabo odiado
e seu Deus é todo
adeus   aos   teus
deuses    e   esses
adeuses       assim
disse    os   dentes 
dissidentes dentre
ex-crentes
desacreditados,  e
desde já  odiados
também       como
adulados     anjos
decaídos. 
Como ditado que
diz que   diga-me
com    quem     tu 
andas qu'eu     te
direi porque foste
abandonado.
Porque é o que és
porque Deus odeia
tua crença  porque 
você não acredita, 
Deus    odeia    tua
crença,      por que
você ainda acredita?
Odiar um dia bom
por este dia estar
nublado, adiá-lo,
e ser depois um
Diabo adorado como
um Cristo crucificado 
posto de cabeça para 
baixo para poder pôr
os pés no céu. 
Caminhar por sobre as
nuvens porque sempre
lá há Sol, e só sob Luz
eterna eu posso projetar 
sempre a minha sombra
sobre a terra, como Deus,
como Deus a mim
assombra pela fama que
tem de ser assombração, 
como Deus a mim assoma 
pela fome que tem de ser
a salvação. 
Descer a salvação até o
mais profundo solo, pois
diz ser a salvação por
ser então o mais profundo...
assim, o próprio...
Mas sei que você sabe que
Deus odeia todo mundo,
e com razão, a duras penas,
eu sei, às vezes, mas odeia
sim, todo Mundo.

Mal Star

Bem me quer a vida
e esta passa mal.
Delira, febril que está 
e finge ser esse seu 
ardor por mim.
Dissimula para não 
deixar transparecer
que esta doente,
sofre de doença avançada 
que sugere que muito em
breve ira morrer.
Mas esta vida engana, 
me adula, se faz feliz e
me acompanha sorridente 
por muitas veredas, por
caminhos de pedras e por
diversos desfiladeiros
de uma existência difícil. 
E mesmo já com algumas 
feridas abertas que não 
param de sangrar,
a vida não desiste de tentar
me dizer que está tudo bem, 
mas eu sei que não está. 
Na verdade nunca esteve,
ela sofre de morte crônica, 
doença que desde o início 
se abateu sobre esta vida
e que agora já muito adiantada
a doença já não há mais nada
que se possa fazer. 
Pouco tempo depois de escritas 
estas linhas a vida morreu,
e mesmo na despedida ela
desconversou e disse que
apenas estava partindo, 
não morrendo,
disse que estava indo para
outro lugar e que passaria
um tempo lá, que viveria por
aqueles lados e que não sabia
se iria voltar.
Mas era mentira...
Eu sorri, me despedindo,
mas no fundo eu sabia que
ela estava morrendo. 

quinta-feira, 28 de março de 2024

Preciosíssimo Sangue

Poeta com sangue nas mãos,
poema com sangue pingando 
                                 [dos versos,
a pena com a verve de alma lavada
                                 [de sangue,
poesia escrita com sangue a sangue
frio sobre o corpo ainda quente
da métrica sanguessuga recém 
assassinada por essa poética de
sangue ruim, porém, da mesma 
linhagem revolucionária de Cristo. 

terça-feira, 26 de março de 2024

Altissonante

Silhueta única do silêncio 
é minha voz...
e os contornos dessa minha 
quietude, 
revelados porque me calo,
são para aludir que arranco 
minha língua fora para não 
correr o risco de repetir
o que todos falam.

segunda-feira, 25 de março de 2024

Rock Estar

Ao redor de mim
revolta da ribalta
sombria enquanto
eu à revelia
das luzes, ignoro-a,
e o vazio agora
completo a multidão
que aplaudia pegou
para si essa vontade
imensa de
i n s i g n i f i c â n c i a
como forma de ser
e existir.
Eu definitivamente,
à massa, desisto de
pertencer, e até me
mataria se fosse
obrigado a me
parecer com quem
quer que seja.
Eu prefiro ser uma 
rocha.

sábado, 23 de março de 2024

Guarda Compartilhada

A  solidão 
entre nós 
dois   não 
sabe para
onde    ir.

sexta-feira, 22 de março de 2024

Princípios de Poesia

Tentei puxar um poema novo
pelo fio do pensamento e me
veio à ideia princípios de poesia
do tipo lâminas de navalhas.
Lírica de fio afiadíssimo que me
decepou os dedos agarrados à
pena, depois rolou pescoço 
abaixo a minha cabeça e, com a
queda sobre a mesa, minha cabeça 
caída ficou a fitar os versos escritos 
com os olhos abertos, escancarados,
e um olhar terrivelmente macabro 
assustou a Poética que por sua vez
ficou traumatizada por se ver nos
olhos pétreos que revelavam Ela 
para Ela mesma. Viu-se o que era
e o que era viu de onde veio.
Enlouqueceu e libertou-se para
ir assassinar todos os versos que
àqueles dedos tortos decepados
ousaram um dia escrever.
Ela matava a si mesma a cada
assassinato, e a cada verso que
caía morto poema adentro, Ela
cada vez mais deixava de ser
Poética e passava a ser a
personificação do escritor sem
cabeça de dedos dilacerados.
Se transformou em seu Deus criador,
o mesmo poeta que ela assassinara.

Culpa

Impensável
o tamanho
do peso...
do
     P
       E
         S
           O
do inconsciente
de uma 
c o n s c i ê n c i a
P  E  S  A  D  A.

quinta-feira, 21 de março de 2024

Estilo Noir

Nada completa o infinito e eu temo
o desnecessário. Jamais entenderei
o sentido de uma vida estéril, 
e às vezes penso em nunca ter
existido em outras épocas, lembro
de coisas assim e acho que isso já 
aconteceu. 
Não sou suficientemente pouco para
uma vida eterna e o meu destino 
parece não ter desenvolvido o tato
necessário para descrever o meu
caminho em um relato manuscrito 
pormenorizadamente bem detalhado 
e sincero:
Minha existência, páginas em preto e
branco para escrever e colorir, 
e completar...
Acredito e muito em desencarnação 
pós vida e em uma morte terna e viva.

quarta-feira, 20 de março de 2024

Subproduto

Abraço a nado o mar se este
me oferecer suas águas,
como águia de aço desbravo 
o Céu profundo a rasantes
por sobre as nuvens,
do mesmo modo,
sob elas eu conquisto todo
pedaço de terra mapeado ou
não, conquisto devastando 
tudo e matando todos.
Eu arraso eu destruo
absolutamente tudo:
Eu Sou a Humanidade, 
Eu Sou um Homem,
o mais pérfido Animal,
o mais atroz, o maior algoz, 
o Maior o Maior,
o destruidor, a destruição...
Do mais profundo oceano ao
espaço sideral, eu contamino
tudo, porque eu posso, porque
eu quero, porque eu devo fazer,
porque isso é progresso,
porque esse é meu planeta,
porque eu sou filho de Deus,
sou a mais perfeita criação de
Deus, criador único de tudo,
e eu sou Deus, Deus perfeito,
a perfeição em imagem e 
semelhança. 
Eu sou um subproduto de Deus.
Eu matei Jesus Cristo!
Eu matei Jesus Cristo, pior que 
isso, eu o fiz sofrer, sangrar,
porque eu quis, porque eu posso.


terça-feira, 19 de março de 2024

Cena Cem

Sem cena zen 
sem fingir tranquilidade 
sem falsa calma,
minh'alma violenta em
meu corpo explosão:
um atentado consigo.
De partida
ruptura
daqui fuga
ida pro além. 
Se desço ou subo?
Eu morro
eu mato, eu...
Noventa e nove vezes
antes, quase ou não,
desta vez sim.
Sem remorso
sem culpa:
eu pulo  me jogo  me lanço,
sei lá, 
atiro-me. Eu disse,
sempre disse,
um compromisso comigo,
vida e morte juntos 
em primeira pessoa, 
jamais a última, porém...
Que seja.
Chega!
Basta!
Não quero mais 
Não mais
Nunca mais.
Agora vai  agora vai
Agora foi   agora foi.
Fui!
Adeus.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Futuro Mais que Perfeito

O melhor presente
que posso dar para
meu futuro é um
passado glorioso.
Amanhã meu hoje
será ontem,
por isso é sempre
antes de ontem
que busco fazer
sempre o meu 
melhor.

Fuga da Eterna Mesmice

Para mim nada,
senão tudo para
todos. Eu quero
ser um vencedor 
junto dos meus.

Se Deus é contrário ao o que penso
e sei, jamais poderei ser partidário
dele, deste o que quero é a inexistência 
nos mesmos moldes do que nos diz
as escrituras a respeito da vida eterna.
Do mesmo modo, se sou eu o contrário 
do que parte de Deus, como pode Deus
ter por mim alguma boa consideração?
Nós anulamo-nos...

Assim como todos que padecem
de sede e fome, e cansaço, 
que existem em miséria extrema, 
e na pobreza toda a sua geração 
passada e futura viveram e viverão,
eu sei que para Deus nós também 
não existimos.

Se a ira de Deus é o meu fim,
que assim seja, mas que o meu
fim jamais seja o mesmo fim
melancólico desse Deus que
brutalmente fracassou.

Diz o vento,
que sopra por onde minha verve 
ardeu e ainda arde,
que todo o pensamento do poeta
é para a sua pena,
contudo nunca se satisfaz a
sua poesia,
e liberta os olhos um tal
silêncio, pois em silêncio o
olhar rebelde releu,
e ainda lê, 
versos retorcidos que os dedos
tortos desse poeta torceu.

Fé cega jamais! Nunca mais.
Melhor desacreditar buscando,
do que crer cegamente de joelhos.
Este presente que sob o Sol quente
se perdeu, faz sombrio o futuro
nestes tempos de passados perdidos,
passados a limpo doravante sempre,
sempre se repetindo como gagueira 
de quem tem medo da própria voz, 
uma vez que o que se fala,
ou o que se deveria dizer,
é para a libertação não só
de si, mas principalmente 
dos seus.

Luto pelos meus, porém, 
não quero a mesma sorte
deles desde que eles
desistiram de lutar.
Luto Eu.

Como pode a guerra não ser minha
se é a minha paz que por culpa dela
se perdeu?
Ser uma fera ferida que acertadamente 
morrerá em campo de batalha 
certamente vale mais do que estar
vivo e protegido e viver a beijar os
pés daqueles que te pisam.

Com muita sorte e resiliência 
tudo dependerá do imponderável, 
amanhã de manhã ou à tarde,
embora eu prefira a noite,
a madrugada. Quem disse que é
agradável aos olhos ver o Sol,
de certo quer lhe cegar. 

O que eu quero ainda não tem nome
e nem mesmo o horizonte que de mim
corre é capaz de avistar. 
Faço por mim mesmo e reinvento 
toda invenção, e se meu tempo é
agora, é daqui pro que virá,
isto repetido a cada dia,
que meu passado fará valer o futuro 
que não perde por esperar.

Mesmo que Eu tenha que viver
a correr atrás do vento.


domingo, 17 de março de 2024

Olhos Fechados

Vende-se
vertigens 
para quem
quiser se
vendar
vender.

Superlativo

Eu sou eu e nunca fui nada
demais. Fui comedido para
passar despercebido pelos
outros eus qu'eu não queria
chamar atenção, e chamei a
minha atenção quando quis
parecer com aqueloutro eu
que sempre quis atenção. 
Eu nunca quis aparecer, e
durante o tempo em que 
estive sumido eu assumi a
minha persona virtude mais
relevante, a de não ser só 
eu o tempo todo. Por muito
tempo eu precisei não ser,
deixar de ser eu para 
desaparecer e voltar a
aparecer, a parecer mais
comigo, parecer mais comigo
mesmo eu não sendo mais
nada daquilo que jamais fui.
Hoje Eu não passo de mim
mesmo.

quinta-feira, 14 de março de 2024

Alegorias Aleatórias

Eu não nasci em Jacarta, 
não fui alfabetizado em francês, 
não sei pensar em outra língua 
senão a minha, 
se eu fosse uma lagarta seria
só até às quinze e cinquenta e
nove, depois das dezesseis, seria
uma borboleta que faz rimas e
que voa sobre as crisálidas 
abandonadas destruídas pela 
guerra entre um
velho calendário e seu dissidente 
mês. 
O mundo acabou, 
a vida não mais germina,
e o mês de Abril sofre até Maio
com violentas manifestações de
seus gloriosos dias.
Até hoje...

terça-feira, 12 de março de 2024

Bela Vida

Ao vivo 
em carne viva
e quente o sangue
à sangue frio e a
queima roupa,
a nudez salta aos
olhos daquela que
espia:
a Vida pura banha-se
suavemente despida,
linda...
e masturba-se com a
foice ceifadora de
existências, e goza e
goza o gozo com
euforia,
depois parte pra cima
e mata, mata com tesão
a morte voyeur a Bela Vida.

Nenhum Tempo Muito

Arte Ausente ar distante,
tempo muito, sem fim
i n s u f i c i e n t e...
e ainda assim a eternidade toda,
quase toda ela um desperdício de
tempo:
Quem está além do tempo além 
de deus, Deus artista de um tempo
nenhum muito aquém de mim?

Ninguém! e Deus algum tampouco. 


domingo, 10 de março de 2024

Morre-se ao meio-dia

Ensombrece o passo tardo
lentamente o sol por sobre
viadutos por sobre a minha
existência.
Ando torto, quase ébrio, mas
sobriamente caminho rumo
ao futuro de minha vida.
A morte, é claro. E se paro
para tentar desviar o caminho,
a nova direção que tomo me
leva para a mesma sorte
como se me fosse um atalho
para meu triste destino.
Eu não quero morrer do
mesmo modo que ousei viver,
e tentei, sim tentei, por quase
quarenta e tantos anos
eu quis ingenuamente viver,
porém, se não vivi só de
dissabores, foi porque em
alguns momentos me permiti
fingir satisfação e felicidade,
contudo, a tristeza e a
insatisfação com o mundo
foi sempre toda a minha
sinceridade.
Agora saio das sombras e
percebo o sol, ilumina-me,
ilumina-me as ideias e ao
olhar para cima para vê-lo,
vem-me a idéia final.
Subo até a pista que corre
por sobre o viaduto e paro
para olhar lá para baixo
onde estava a viver os meus
últimos instantes de vida,
lentos e longos momentos
de aflição.
Me lanço, me jogo lá de 
cima e meu corpo magro
produz um ruído seco e
silencioso ao se arrebentar
no chão.
Minha morte passa despercebida
assim como foi nessa existência
torta toda a minha desgraçada
vida.

sábado, 9 de março de 2024

A vida (não) é boa Sim

O corpo sangra
Os olhos choram
A boca cala e
Os pés cansam.
As mãos não alcançam e
As pernas pesam
O coração para e
Quando bate é em arritmia. 
A cabeça não pensa e
Quando pensa é esquizofrenia. 
A alma é do Diabo e
A namorada é do melhor amigo. 
Minha amante as drogas e
Minha religião a poesia.

A madrugada acaba, a vida passa e
e enquanto se morre um pouco a
cada hora:
o Sol brilha forte lá fora ou
a Chuva cai e os pássaros cantam,
as Árvores e plantas florescem, 
frutificam,
os Animais multiplicam-se e parecem
viver felizes...

Eu acordo de mau humor,
me deparo com uma existência 
medíocre e dou um tiro na cabeça. 
Mato aquele pensamento que queria
me matar. Quando desperto feliz,
logo vem Deus ou Jesus, sei lá, 
me foder. São tantos demônios e
deuses e filhos da luz e bastardos 
que na maioria das vezes são todos 
mais do mesmo e a mesma coisa e
tanto faz, pouco me importa,
não fazem a menor diferença. 
Eu só quero na próxima existência 
ser uma Sequoia Gigante ou uma
Araucária pinheiro-do-paraná. 




quinta-feira, 7 de março de 2024

Arrebatamento

Meu amor é minha vingança 
e todo o ódio que sinto por tudo
é minha revanche, entende?
Amar o próximo. 
Minha redenção a destruição 
completa de Deus pelas mãos 
dos Homens, 
e minha glória é ver a 
humanidade toda em chamas...
ardendo no fogo das próprias 
paixões. 

terça-feira, 5 de março de 2024

Trash Icônico

Para Deuses mímicos. 

Entrance...sem tranca,
em transe   em transa.
Todo acesso é porta de
saída para poetas ul'-
trágicos, 
em trajes atípicos de
como sempre quase
sempre desnudar 
episódios tragicômicos, porém, 
sem graça e sem rima,
e como sempre me convém, 
sem métrica.
Tragédia Poética. 

Desmistificar a nudez
descomunal desde verbos
minimalistas até estes
grandiloquentes versos 
irráciveis e verborrágicos
também.  Dizem tanto e
falam nada, e tipificados 
assim, 
            jazem já ou desde
            já desejam morrer,
            como um déjà vu
            para quem já 
            desejou a morte.

Eu desenho a morte e o
design dos versos que a
caracterizam se assemelha 
ao cenho de vidas que
definham em felicidade 
mórbida. 

Típica Vida que Poetas Levam.

Eu não levo a vida assim
mas também desejo fazer
versos.

O gestual dos palhaços me aborrece.

Minha Mãe jamais quis que eu 
fosse um pároco, um religioso, 
ou um grande orador. 
E o diabo de um Poeta é o que 
me tornei convencendo minha
alma a jamais se calar diante do
circo de horrores que deveras é
um céu católico.

Desejo o Céu Outra Vez.

sábado, 2 de março de 2024

Pentagrama

Impossível fazer poesia.

Que fira o brio da
ferida e tire dos seus
olhos o brilho 
psicopata do olhar de
uma fratricida facínora:

              Orgulhosa da vida
              que leva, vida que
              a leva a tirar vidas,

pelo prazer de ferir e
matar.
Ah! Métrica Maldita!
Que minha Poética
Redentora seja tua
última e única saída,
que a partir dela você 
não caiba mais em
nenhum Verso que
queira existir livre
em toda e qualquer 
Poesia que versa sobre
liberdade de escolha da escrita
e de toda prosa poética.

               Tu és da Poesia a mais
               terrível dor crônica:

Tua face
em farsa
           [quase,
um disfarçe
em festa, e
falseia a
beleza das
formas disformes,
           [assimétricas,
assimilando assim
em performance 
           [errática
um perfeccionismo 
cada vez mais
atrofiador de
           [intrínsecas
inspirações proféticas.

E toda profecia deve
ser de cada vez mais
Poesia cada vez mais
livre e torta e fora-da-
lei da cartilha de como
fazer rimas com
quadrados e retângulos
com réguas e estéticas.

Eu entrelaço triângulos. 

Alusão

Audácia sempre foi minha
palavra favorita. Audácia 
minha característica inventada
preferida desde muito cedo.
A palavra sempre foi minha
perdição, eu criança audaz
não sem deuses
Hoje já mais audaz desde então, 
eu poeta maior cada vez mais 
sem deuses, os poucos que 
ainda me apego aos poucos 
vão-se fazendo demônios à
minha audácia e relevância...
assemelhamo-nos à carapuça 
que vestem reis.

sexta-feira, 1 de março de 2024

Foda-cê

A poesia é responsabilidade
de quem lê,
o poeta nem sugere,
nem dá a ideia,
o poeta imagina a
possibilidade e o leitor
interpreta.

Pule!

poesia é o 
que quer que
seja o que
quer que seja
o que quer que
seja,
mas será sempre
responsabilidade de quem lê
e jamais do idiota que
escreveu. Tampouco do prédio.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Heartbreaker Soup

Com meus punhos cerrados
minha cabeça empunha impulsos
violentos em pensamentos que
pedem a queda do universo,
do universo todo e a ascensão do
sub-solo, desde o círculo mais
profundo do inferno até a
superfície do solo que meus pés
tocam com passos rápidos e raros,
e de extrema violência minha
caminhada urge o grito
oriundo do mais profundo silêncio:

Como vulcão que cospe lava
eu cuspo em deuses e
também na outra face
escarro na cara do cara
que desce da cruz e
concorda comigo que nenhum
Cristo sendo Jesus ou não
merece ser crucificado.

A queda em aquarela do céu,
mais ainda, a queda do dossel
do céu pintada em aquarela
exposta em vitrine viva na verve
das veias que trazem meu sangue
vermelho de raiva com ferro nas
mãos pronto para a batalha.
E épica, épica será nossa história
quando em um futuro próximo
distante de ser utópico sublinharem
no calendário o dia em que
deixamos de ser aspirantes a
Deuses e nos tornarmos de
novo animais gloriosos.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Confidencial

Quem foi que disse que não seria assim,
que disse que seria fácil, quem foi que
disse que haveria propósito antes do ou 
até o fim?
Toda mentira, toda proposta, toda esperança...
Todas a mesma rapsódia, história mal
contada, a mesma prosa hedionda,
a mesma análise estapafúrdia sobre
você feita pela crença e o desespero. 
Ninguém nunca jamais disse que a vida
é boa, não é, nunca foste, o problema 
é que muitos alguns pensam ouvir o
silêncio. O silêncio nada disse, pelo menos 
não desde a criação de Deus pelo Homem, 
e no último sussurro ele disse, imperativo:
Faça em tua imagem e semelhança, 
faça em tua homenagem. 
Já fui melhor, hoje sou só ruim,
disse-lhe em segredo o Homem.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Eu resisto

Quando criança 
me tornei ateu
quando meu pai
morreu.
Hoje minha filha 
é meu pai
e eu sou um Deus.
Ainda...Existo...

Supra Prazo

Ultimamente é um passado recente 
do mesmo modo que daqui a nada é
um futuro muito próximo, por vezes
um tempo já dentro desse mesmo
presente. Porém, ultimamente, 
quando digo que ultimamente tem
se esperado muito para daqui a
nada, o tempo já se acha bem
mais distante entre os pontos.
Ultimamente já é um passado 
remoto e daqui a nada é um 
futuro cada vez mais longe.
Quanto ao presente, nele o tempo
é sempre incerto e por isso
eternamente o mesmo.
Em suma, espera-se muito por
quase nada sempre na urgência 
absoluta de um daqui a pouco
interminável. 

Meu Deus Errei

Se libertar, destino comum de
todos os espíritos livres, sabe?
Ironia Universal...
Adeuses Reis, 
Adeuses Reis:
Mantra para um não permanecer, 
quando ficar é escravidão. 
Liberdade em adeuses reis, 
adeuses reis.
Diga adeus e vá embora.
Com determinação e muita força 
de vontade um único adeus basta, 
muito embora adeuses vários 
também nunca foi problema.
Veja, diga quantos adeuses quiser
e que assim seja. Erro é fazer
morada onde você não cabe.
Sem mais certezas, porém, ser
mais que talvez, se é sim ou não, 
tanto faz, mas seja você um Deus
também, ou então Deus algum importa.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Nuttalliella namaqua

Em uma noite dessas sonhei com um
Deus adicto que cheirava purpurina,
diluía em éter porções de arco-íris e
injetava direto na veia do seu braço 
mais poderoso, e com a mão desse
                                                        [braço,
enquanto amortecia, acariciava a
humanidade como quem acaricia um
filhote de gato.
Nesse adorável gatinho um carrapato 
se escondia e sempre picava os dedos
de Deus. Eu era esse parasita.

Ultrarromantizado

Como nunca
antes ainda...
Se eu morrer
de amor um
dia que seja
nessa vida.
Diferente de
outras 
existências
perdidas,
quando muitas
vezes tentei 
viver de poesia.


Dito Cujo

QuandoVocê 
é Você, 
Você Quem
É?

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Quanta

Jamais ser comigo mesmo
um desalmado. 
Quando é ruim querer mais?
Um Quantum,
um Plus,
um amais.
Mas não demais,
pelo menos não 
por enquanto. 
Apenas o necessário, 
uma caneta, papéis em
branco e minha cabeça. 
Um poeta sem a sua pena 
é um sujeito desarmado. 
E para àqueles que sempre
querem mais, que briguem
pela minha alma 
Deuses e Diabos.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Vs

Odeio todos os
versos
servos
da métrica
como abomino 
o mundo todo
escravo da
máquina. 
Tragédia!
Como alguém nesse
mundo horrível 
eu sou da mesma
inspiração poética 
de antigos poetas
que jamais foram
subservientes a nada.

Carne e Sangue

Rasgarei elogios à tua 
Carne com a verve 
afiada da lâmina da
minha poética cortante.

Cuspirei na cara de 
imagens de santa
semelhança:
Pujança! Pusilânime!
daquela onipresença
constante sempre
fora de área,
omissa e isenta.

E que sangre e que
o Sangue se derrame
por onde for ressuscitar,
eternamente.

E mataremos, e
mataremos de novo e quando
perguntarem quem somos,
digam que somos Cristãos,
que somos Cristãos vermelho
sangue.

Amor morrer

Viver de ti e 
morrer de
amor. Viver
por mim e 
de amor morrer.
De l'amour à la mort...
Jamais
nunca mais
deixar de viver,
viver do amor,
do amor sobre-
viver, e, sobre
viver o amor,
eu vivo por ti,
senão me mato
por esse amor.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Xadrez

Ainda quase meias inverdades.
E de real mesmo somente 
aquela mea culpa que nos 
condena a consciência por
inteiro: Ah! A Vida...
Um tetraplégico envolvido 
até o pescoço, prisioneiro 
dos seus pensamentos cara-
metade dos (seus) invariáveis 
movimentos de la muerte. 

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Intitulado Poema

Várzea Verso Vinho
Voz Vulto Vão!

O passado em cartaz,
ao vivo, passando...
e quando vier (há
tempo?) ver ainda não 
aconteceu:
Siga, vade retro!
permeia pelo presente 
um tempo novo vindo
de acolá como fóssil. 
Houve antes e quando 
quanto mais procurar 
mais à frente descobrirá 
que corre consigo o
instante que lhe revelará 
que sempre foi tempo de
ser. Revolucione-se...mpre...
ainda há jeito de fazer de
conta acontecer.
Defina quando nunca mais
para jamais deixar de deixar
de ser, ou será pela eternidade 
um sempre que já se foi,
um e se...(?) um quê de
tanto faz, pois nunca fez.

Urge o Grito

Calo. Como emudece o Céu.
E quando calado, este silêncio 
é Deus.
Então eu grito, declamo um
protesto, vocifero, e minha voz
é o Diabo.
Caro, como um Inferno incomum,
quase raro, e quando errado,
esse erro é meu. Assim como
quando convém a eletricidade do Céu 
depende muito da tempestade que  
cai, e muito do silêncio que flui ao
redor depende também do 
tamanho do grito: e Eu Berro!

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Valsa em Si Maior

Em falsa valsa
baila o coração 
que dança.
Danço ao som 
de um vil
silêncio abraçado
aos meus braços 
vazios.
E a loucura que
parece ser
romântica é mais
que verdadeira,
e se é
ultrarromântica
a loucura que se
parece com 
desespero é em
desespero romântico 
que me apetece hoje
Ser. E em si e só?
Jamais!
É solidão em solícita 
solitude: 
Dialética Didática.
Em falsa dança
baila o coração 
que valsa.
Falseia versos 
em cio imerso 
sobre o próprio 
ser...ser a se
enveredar consigo 
em abrigo dançar:
E Dançamos!

S/A

Todas as verdades absolutas que
conto são para sustentar minhas
M E N T I R A S            F A L S A S.
                     Eu finjo que
                     não sei sobre
                     as coisas da
                     vida, mas eu 
                     sei.
Eu sei que o suor, lágrimas do meu 
corpo, o suor que derramo de tanto 
trabalhar não possibilitará que     a
minha velhice seja mais   tranquila 
do que essa minha gasta juventude 
cansada. Eu sei.
                      Eu finjo que
                      não sei sobre
                      as coisas do
                      mundo, mas
                      eu sei.
Eu sei que meu salário são minúsculas 
arestas aparadas do imenso lucro     de
vida eterna dos donos dos meios       de
produção, e meu salário é mínimo,     é
curto como minha vida breve é.

O Patrão é Imortal!

Todas as verdades falsas que
contam são para    alimentar 
M E N T I R A S/A B S O L U T A S.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Vários Girassois

Havia um vaso vasto,
um vasto vaso vazio.
O viam sempre lá, 
todo o mundo o mundo 
todo se via no vaso, 
se viam vazios, vazios
como todo e qualquer 
átomo, vazios como o
vaso. Um dia um vento
vindo do norte derrubou 
o vaso. O vaso quebrou,
e todo o vasto vazio do
interior do vaso foi-se
com o vento, o vento,
diziam mais tarde, veio
colher o vazio do vaso, 
vazio este que estava a 
madurar. Um dia a morte
virá e fará o mesmo com
todos que viveram como 
o vaso, a morte como um
sopro forte de vento levará 
as almas vazias de todos. 
Tudo é vazio entre vida e
morte. Como os átomos são 
dentro de todos nós. 
Porém, quando já se pensava 
que o poema acabou,
alguém muito justo foi lá 
e remendou o vaso,
colou
caco por
caco com
cola quente. Consertou o
vaso e no seu vasto interior 
vazio plantou vários Girassois. 

aut viam inveniam aut faciam...

Olhar Errado

Rumores sobre o fim da vida
existem desde antes do nascimento. 
-Deus, desse modo como posso viver
sem pensar na morte?
Eu deveria mesmo é pensar em Deus, 
mas Deus também pensa sobre a
morte de todos, e todos estão com Ele
enquanto Deus orgulhoso joga contra.
Bem feito!
Ontem estive a olhar para o céu, 
estive disposto a deixar Deus lá 
de cima me ver, mas percebi logo
quando ele me ignorou. Bem feito.
-E se meu Deus for do subterrâneo e
não do firmamento?
Da próxima vez dirão que a culpa é
minha, mas será apenas rumores,
lembrem-se
que antes de nascer já surgem rumores 
da tua morte. No entanto, morrer todo
dia é o que não nos dizem, mas eu morro
diariamente enquanto penso na vida.
Bem feito!
Quem me dera apenas pensar nos 
rumores, como poetas que só pensam
em poesia, poesia que é vida, poesia
rumor de poema e poemas que só 
cantam a morte. 
Quem dera fosse Eu um poeta...

domingo, 28 de janeiro de 2024

Fotografia

Eu cedo amanhã 
ou cedo a manhã
para os pássaros
ou para o orvalho
que cai. Não sei
ainda o que será,
mas sei que eu
mesmo não desejo
despertar:
Quero Viver é a 
Madrugada dos
Poetas Ébrios.
De Verlaine prostrado e
seu absinto eu sou a fotografia.
Não quero o amanhã
enquanto ainda sou ontem,
hoje mesmo só existo por conta
desse poema, porém, nele me
permito estar desde que não
haja rima que sintonize comigo
enquanto me encaminho para
ter o mesmo fim que meus heróis
ousaram inventar.
Não falo de morte, eu falo é de vida,
e eu quero é cobrar essa dívida da
existência comigo desejando adeus
para quem chega e não me importando
nem um pouco por quem se foi deixando
sua gente triste com sua partida.
O abismo culpa o céu ou
elogia o chão por ser profundo fim 
de quem deseja mensurar o tempo
que leva sua queda?
Eu jamais desejei ter asas,
e o meu erro fatal foi sempre
querer voar.
Me jogo...

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

O Deus Lagarta

Fósseis de um futuro distante
entre novidades de um passado
remoto neste presente instante
falam da minha velhice atemporal
da alma para a juventude
ultrarromântica do meu coração:
   Foste um erro,
   foste um erro
   jamais acreditar
   na independência
   do seu destino.
   Hoje o erro cobra
   o preço pela crença
   no devir oriundo
   do divino.
O tempo mandou dizer que não
existe borboletas antes da crisálida.
Tarde demais saberá que o erro
primeiro foi abrir mão do casulo.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Paradigmas e Paradoxos

Do calor se deu o fogo ou
foi o contrário, 
do céu se deu o voo ou 
será que foi do solo,
para cima ou para baixo, 
quem cedeu o primeiro 
olhar de contato e olhou
para o outro com inveja, 
paraíso ou inferno?
Quem inventou a escada,
na primeira vez do uso,
inventou para subir ou
para descer,
e o primeiro poeta que 
desenvolveu o silêncio, 
por sua vez, o fez para
calar ou para dizer...
foi uma quebra de
paradigma ou foi um
paradoxo a invenção do 
amor, que tanto constrói 
e que destrói almas e 
corações como quase que
de propósito?

Garoas de Tempestade

Jamais o tempo para quando se
prepara o ânimo para planejar 
o ímpeto, 
acontece simultaneamente o
antes, o agora, e o que virá já se
foi como tempestade que vem
de outro lugar. 
Do mesmo modo o Sol.
Como nuvens que se movem
pelo céu, é itinerante o espaço 
que ocupamos no tempo, 
mesmo as árvores que se conectam
com o subterrâneo e aplicam a
filosofia do solo ao ar ao redor de
suas copas sempre quando chove
garoas de tempestade. 

domingo, 21 de janeiro de 2024

D'existir

Jamais  desista:
desde de continuar 
até de desistir. 
Seja. Resista.

Perceba o fim.

sábado, 20 de janeiro de 2024

Re-luz

Sê luz,
com nervos de aço,
como novelos de fé que não
desenrolam. 
Desatam nós com os dedos
cruzados, Deuses réus, 
e razoáveis:
Jamais reze como
novenas que desandam
e perdem o fio da meada
e caçam um Cristo indisposto
porém indispensável.
Senhores que praticam com
um fio de navalha uma farsa,
conversas fiadas em francas
frases de práticas de uma
escuridão admirável:
Reluz!

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Transmudado

Minha escrita já foi pagã
quando meu Deus múltiplo 
não era a Poesia.
Hoje minha Deusa é minha
Musa e minha Pena um
púlpito dos Poemas que são
minha Igreja.
A métrica é o Deus dos
outros, deus este que repudío
em meus versos, meus demônios
litúrgicos.
Enquanto Eu, um Diabo de um
poeta Devasso, de vasto campo
poético para minha Deusa
fazer de mim seu vassalo 
absoluto.

Quatro Ti Amo

Pelo sempre de agora e
por toda a urgência do tempo:
Quatro vezes ti amo!
E para sempre amanhecer,
toda noite: Boa Noite
                    (boa noite)
                     Durma Bem
                    (durma bem)
                     Até Amanhã
                    (até amanhã)
                     Ti Amo
                    (ti amo)
                     Quatro Ti Amo
                    (quatro ti amo).

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Triste Alguém

Parei de andar em círculos
em uma encruzilhada 
quando meu Deus morreu.
Agora sou tão livre
como triste alguém que em
nada jamais acreditou.
Sigo retilíneo ao mesmo
fim que sobre Deus acometeu. 

Melhor que sim

O Sim
pior que é.
Pode ser pior que o
Não?
Pode ser, talvez,
e o Talvez também. 
Ah! Não (lamento)
Ah! Sim (efusão)
e o Talvez que pode ser
na contramão: Apatia.
-melhor que sim - minha filha
pequenina disse uma vez
querendo dizer pior que é.
Melhor assim,
tudo (d)escrito aqui rapidinho 
como poesia para jamais esquecer. 

sábado, 13 de janeiro de 2024

Poeira de Supernovas

Deus é dinheiro, é cocaína.
É Salvação. Ou sou Eu ou
eu posso ser Deus com
dinheiro suficiente para
ter toda a cocaína qu'eu
puder cheirar sem ter que 
me preocupar com a grana
que gastei e com amanhã 
ter de trabalhar. 
(querer ser) Deus é perdição!

eu Quase sempre
sempre odiei o
meu trabalho, e
odeio muito e
ainda hoje Quase.

Mas não sou Deus, 
eu não existo,
não tenho dinheiro e
amanhã tenho que trabalhar 
de novo:
do mesmo modo que faço desde 98,
agora em 23 eu ainda quero ser Deus,
cansei de ser Diabo.

Odeio ser o Diabo enquanto muitos
me admiram,
queria mesmo era ser um Deus
odiado,
queria ser um Deus que causasse 
inveja em quem acredita que
deuses salvam.
Cocaína Poeira de Supernovas...
seria um Deus viciado, 
queria ser um Deus para me 
perder sem medo da ressaca moral
que sempre me atormenta. 
Sou um Homem atormentado.
Porém, não quero ser humano...,
ou Deus,...ou Diabo.
Sou poeta, pois só assim consigo
ser três em um e mais,
sou animal primitivo como o
primeiro espécime da espécie
Homo que descobriu o fogo. 

E quando me queimei naquele fogo 
que há algum tempo já ardia, 
jamais fui o primeiro.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

V e r s o livre

Sou Eu o único Deus em que
acredito. Meu Deus único
quando um só de mim basta,
porém, também sou muitos
demônios quando meus egos
inflamados queimam alma e
corpo, e quando me ponho
sagrado, desagrado ecos que
ressoam em meus pensamentos.
Sou um Deus decaído como o
Diabo querendo um dia ainda
ser Jesus Cristo, por ora como
poeta finjo ser tudo isso, mas
também não me basta.
Eu poderia ser métrica se me
apetecesse ser um Deus católico,
mas não sei ser e também não
gosto, então sou só o que posso
ser e sigo assim, verso livre.