segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Antes Virá

Eu já estive pior
diante desse 
dèja vú, e se
agora estou
melhor, é só
uma projeção 
de ontem e uma
cotidiana intuição 
dos amanhãs. 

domingo, 29 de setembro de 2024

Profundezas

Dizia um abismo
para o outro,
defronte ambos:
-toda essa profundidade 
entre nós é tua
ou minha?
-nem tua, nem minha,
mas sim daquele que
estás lá em cima
agora a se lançar. 

Decaída Glória

Minhas predileções e virtudes viciadas:
minha queda pela Glória e meus vícios
virtuosos...como re-versos em reveses. 

Quando foi qu'Eu escolhi o céu sem
poder voar?
Penso que tenham sido meus pés,
meus passos influenciados pela cabeça 
sempre cheia de pensamentos aéreos e
siderais. 

Para quem vive no subterrâneo a superfície 
pode ser um céu, e o céu sobre o solo,
como um véu, é um dossel do chão,
chão este estendido moribundo a espera 
de uma meteórica eutanásia vinda pela
graça de um Deus qualquer.

Da terra desse chão ao céu dessa Terra,
qualquer esperança tende a se assemelhar
a quem me tem amor ainda, mas quem?

Percebe minha aflição?

Meu amor é angústia, 
e toda minha rebeldia 
é paixão, porém, já há 
muito não ando enamorado, 
e meu caminho se torna
cada vez mais a mesma
estrada de muitos.
Minha liberdade foi traída, 
e por mim mesmo atraída
para um diálogo de abismos:

...e só há silêncio penhasco abaixo.

Se fosse glorioso morrer nesse dia,
minha alma subiria enfim aos céus 
após o voo do meu corpo daqui ao
solo, porém, toda dádiva para àqueles 
que hoje sofrem, provém sempre do
amanhã. Isso seria libertação se fosse
dito ontem, e então agora eu
estaria finalmente voando.

domingo, 15 de setembro de 2024

Fulgor

Há em mim um poeta morto,
morto e brilhante, como um
corpo celeste atravessando a
atmosfera de um planeta cheio 
de vida. Inanimada, a gigante
rocha que cai, vem violentamente 
com a morte a bordo, pois sua
queda aniquilará todos.

Somente a ascensão desse poeta
poderá me salvar de ser só mais
um desgraçado a meter na ideia 
algo a lhe atravessar a cabeça, 
quer seja uma ideologia
revolucionária ou um balaço. 

Eu quero mais,
eu desejo perder a cabeça, 
perdê-la de vista ao vê-la
atravessar a atmosfera:

A Cabeça a Desbravar o Caminho Inverso
de Meteoros que Caem, e a postos,
pensamentos curiosos cheios de dúvidas
a cerca da origem da vida como a conhecemos. 

Azul Azar

Outonos que me abandonam...
se foram para serem Invernos...
porém eu, dentro do mesmo inverno, 
continuo outono, e por onde sigo
cinza destaco em toda paisagem
por onde passo o ato de apagar
meus passos para que não me vejam 
mais quando Verão:
pois eu sou Sol, sou Sol em solidão, 
e quanto mais só,  mais Sol menor
sou por sobre todas as coisas que aos
poucos me abandonam, e então 
assomam os olhos para os céus, 
pois assombra a sombra que por sobre
todos agora assume os tons escuros dos
dias finais de todos que sucumbirão, e
desse planeta azar, digo, azul, serão todos.

Sobre Viver

Mate-se a
tempo de
não viver
morrendo.

domingo, 1 de setembro de 2024

Brios

Flores que morreram 
ao serem colhidas.
Amores que se foram
por serem tão livres.

Estrelas que explodiram
por ultrapassarem seu auge.
Pessoas que se mataram 
por não aguentarem mais 
                                      [a vida.

Para mim o mais assustador 
na natureza é quando animais 
onívoros matam para se
alimentarem da carne da 
                                        [presa.

Como na natureza humana:
há mais prazer em matar
do que na alimentação. 

Flores para o suicida
que se matou pela dor
do amor que se foi.

Se foi porque não há mais
Amor próprio, 
da Estrela,
da Amante,
do Animal (e),
do Suicida...

Amor próprio inabalável 
somente o das flores.