Eu vou fazer quarenta anos e daqui a pouco
querer ascender mais um cigarro à boca,
acender um cigarro e, satisfeito,
querer viver, pois sei que a vida é boa.
Daqui a pouco quarenta anos
a quase mil ou não por hora.
Daqui, a pouco tempo, eu sei
que sempre a eternidade se demora.
A morte é pouca para tanto tempo,
quarenta anos daqui a pouco é quase
nada, e qu'eu vença mais quarenta anos.
Então quando fizer oitenta anos
vou escrever um soneto, como esse,
e depois morrer, senão antes.