Miss Insane

Em garrafa ar, Djins?

Imaginar que ávida

toda, a morte geniosa 

deseja qualquer

existência em cena.

E a vida à toa, atriz...

-Merda! - deseja o

destino para cada

nascimento mise en scène. 

Ex-Poesia

Poesia que não sabe o que fazer

com o verso;

que não sabe o que fazer

com a pena;

que não sabe o que fazer

com o pássaro;

que não sabe o que fazer 

com o voo;

que não sabe o que fazer

com o vento;

que não sabe o que fazer

com o céu;

que não sabe o que fazer

com as nuvens;

que não sabem o que fazer

com a chuva;

que não sabe o que fazer

com as pedras;

que não sabem o que fazer

com a vida...

A vida com o verso

que não sabe o que

fazer com a rima,

com o pássaro que

não sabe o que

fazer com as asas,

 

com o vento que

não sabe o que

fazer com as folhas, 

com as nuvens que

não sabem como

conter má tempestade, 

como uma pedra que

não sabe o que

fazer comovida:

Eis a Poesia!

Mártir

Jamais morri antes,

eu sou o Eu primeiro 

a morrer em meio

a tantos Eu's que já viveram.

Morri...matei-me pelo meu viver e...

Jamais vivi e, me vi, jamais querendo 

morrer outra vez. 

Mas se me amam por eu morrer, 

é o que desprezo hoje, 

uma vez que morto eu já estava

todas as vezes que odiava a todos,

e por esse amor tardio viveria de

novo para nunca mais paranoicamente

voltar ao morrer.

Estás tu como?

Silhuetas de Silêncios:

pensamentos pensando

e a ideia que surge é

esse novo poema agora. 

Quadros com cores para

colorir paletas, e as 

paredes por onde pisam

pintores é para poder

observar o chão em

exposição. 

E a galeria de arder em êxtase a arte

é a cabeça, e os olhos que observam

formas sugeridas de inquietude, 

percebem também a semelhança 

entre Eles e o que não apetece ser

retratado e tampouco reproduzido 

jamais.

Disharmonia

Minha ansiedade se dá porque

jamais fui capaz de superar os

acasos, e o que amanhã 

acontecer de novo é um 

estímulo ao mesmo instante 

que uma cruzada, uma travessia 

pelo desenrolar do tempo entre

os mesmos acontecimentos ermos

de todo o sempre. 

O novo que me apetece é em uma

caminhada o passo de trás tentando 

alcançar o passo da frente,

e o cotidiano das coisas que sempre 

se repetem invariavelmente é

um tropeço:

-a queda é a novidade!

(percebe agora minha aflição?)

Também

Eu, uma representação 

em carne e osso,

carbono e hidrogênio 

de Deus...um Alguém 

feito do Universo e

Ateu. Como Deus se

fosse Eu também. 

Alma Bruxa

Afaga o fogo o vento...

e fere a face a brisa

...quente.

E aquela que aquece o corpo

à chama reflete a fogueira na

alma:

Queima por dentro o espírito 

como antes a igreja queimava

mulheres.