domingo, 15 de setembro de 2024

Fulgor

Há em mim um poeta morto,
morto e brilhante, como um
corpo celeste atravessando a
atmosfera de um planeta cheio 
de vida. Inanimada, a gigante
rocha que cai, vem violentamente 
com a morte a bordo, pois sua
queda aniquilará todos.

Somente a ascensão desse poeta
poderá me salvar de ser só mais
um desgraçado a meter na ideia 
algo a lhe atravessar a cabeça, 
quer seja uma ideologia
revolucionária ou um balaço. 

Eu quero mais,
eu desejo perder a cabeça, 
perdê-la de vista ao vê-la
atravessar a atmosfera:

A Cabeça a Desbravar o Caminho Inverso
de Meteoros que Caem, e a postos,
pensamentos curiosos cheios de dúvidas
a cerca da origem da vida como a conhecemos. 

Azul Azar

Outonos que me abandonam...
se foram para serem Invernos...
porém eu, dentro do mesmo inverno, 
continuo outono, e por onde sigo
cinza destaco em toda paisagem
por onde passo o ato de apagar
meus passos para que não me vejam 
mais quando Verão:
pois eu sou Sol, sou Sol em solidão, 
e quanto mais só,  mais Sol menor
sou por sobre todas as coisas que aos
poucos me abandonam, e então 
assomam os olhos para os céus, 
pois assombra a sombra que por sobre
todos agora assume os tons escuros dos
dias finais de todos que sucumbirão, e
desse planeta azar, digo, azul, serão todos.

Sobre Viver

Mate-se a
tempo de
não viver
morrendo.

domingo, 1 de setembro de 2024

Brios

Flores que morreram 
ao serem colhidas.
Amores que se foram
por serem tão livres.

Estrelas que explodiram
por ultrapassarem seu auge.
Pessoas que se mataram 
por não aguentarem mais 
                                      [a vida.

Para mim o mais assustador 
na natureza é quando animais 
onívoros matam para se
alimentarem da carne da 
                                        [presa.

Como na natureza humana:
há mais prazer em matar
do que na alimentação. 

Flores para o suicida
que se matou pela dor
do amor que se foi.

Se foi porque não há mais
Amor próprio, 
da Estrela,
da Amante,
do Animal (e),
do Suicida...

Amor próprio inabalável 
somente o das flores.


sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Hexterno

Abismo acima 
e céu abaixo:

Meus pés e pensamentos de ponta
cabeça, 
mergulhando um no habitat do
outro:
-Desde ontem tempo afora
desvendando ambos um subsolo 
elevado,
desde o universo macro até 
o micro cosmo adentrado
fundo pelos poros dos dedos 
tortos deste poeta Astro.

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Eu, um deles

Ao meu ver pode ser escuridão 
o que parece ser, do mesmo modo
como o silêncio ousa se esconder
entre entrelinhas de lacunas que
interligam ruídos que soam a
suceder-se, e nesse ínterim, insisto
em resistir, como aquilo que 
existe dentre luzes que nossa íris
não consegue perceber, porém, 
não só nos percebem, como
deliberadamente nos ignoram com
aquele olhar de quem não gosta do
que vê. 

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Céus em Ruínas

Eu encontro enquantos por
entre quantos quandos visito.
Tudo é transitório, 
inclusive o pranto
de vidraças de arranha-
céus em ruínas:
Tudo tende um dia a desmoronar.