Definitivamente
agora não é uma
hora boa para se
ter um dia ruim,
nem agora,
como outrora,
nem daqui pro
que virá,
pois quando chegar
a minha última hora,
eu quero é estar
vivo para morrer.
Ouço o silêncio e
observo o obscuro,
sinto a sensaboria
da desventura sentimental
dos sentidos todos em
fumaças de cores mortas
em pudores de viva
psicodelia.
Ouso a observar meus
olhos lendo o silêncio
no obscuro da minha alma,
vendo a escuridão das forças
do mundo,
em meu peito
iluminam-se os
meus pensamentos
e eu com afinco
neles adentro a fundo.
Qual é o contrário
de tempo,
do tempo este e
deste tempo indo,
vá, pôr do sol,
e nos responda
enquanto noite
por entre os sonhos
do sol dormindo,
qual é o contrário
de tempo?
Ainda há um
espaço em branco
sob a brasa
sobre a mesa
um cigarro
aceso entre
os dedos
em branco em
brasas
queimando lentamente
num cinzeiro:
-Um filtro vermelho.
A realidade encena
fantasia e a fantasia
aguça os ensejos
teatrais da realidade,
mas a quimera sepulta
os desejos reais e
eu desisto da cena
quando entra em
pauta a minha vez.
Vivo entre atos,
entediado sempre
entre diabos e
disponível como nunca
para um próximo
talvez.