quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Anarcoreta

Alcova sombria, obscura e sóbria,
me guarda como a caverna guarda
o estoico asceta, exótico druida.
Alcova soturna, (in)quieta,
de atividade noturna e de dia
apenas leito, cova. Morada tétrica
de regime absolutista, porem de
absoluta liberdade poética, absurda
anomia. Eu que admiro mendigos,
onde muitos não vejo como vencidos,
mas percebo-os livres, eu que busco
minha caverna, que fujo para não
fingir, que meu asco é maior por
aqueles que dissimulam.
Buscar servir de exemplo para os que
não se veem refletidos em ninguém,
e que não buscam reflexos e tão
pouco refletir-se também.
Prepondera e sempre há de nunca
faltar, desassossego e apego ao
desassossego que há. Predomina
agora e certamente um dia ainda
preponderará.


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