sexta-feira, 7 de julho de 2017

Intrínseca flor

Há dor,
ardor que atesta que
há vida,
mas não corpórea, física.
Há dor
n'alma, sobrehumana,
celestial, poética,
metafísica.
Desconforto num espírito
inquieto, desassossego em
apego a um sintoma
perpétuo.
Não há cura, remédio,
deus, placebo,
não há cisão nem ruptura
que possa aliviar o que
essa alma traz palpitante
em seu coração.
É dor de ser,
de estar, existir,
resistir, excitar,
hesitar, persistir,
tentar...ser...
Dor que não contesta
a vida, que não se manifesta
contra tal dádiva ainda que
doída.
É dor, ardor, intrínseca flor
que mora (morre) no âmago
do âmago de cada átomo que
compõe o corpo que a alma
habita, passa de um para o
outro, do espírito etereo,
metafísico, para o corpo,
para a massa, pro eu lírico,
para o sujeito poético, para
o indivíduo.
É dúvida e essa dúvida é a
única certeza, é dúvida acerca
de tudo que a cerca, de tudo que
a alma vê e observa, e o que ela
vê os olhos do corpo não
enxergam.

Ardor, árduo,
indoor,
a dor que queima
a alma inteira,
de dentro para afora,
para o corpo, e por cada
poro se percebe que por
dentro há chamas de um
fogo incompreensível,
mas pelo que causa,
profundamente sincero
e preciso.


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