sábado, 31 de maio de 2014

Decaído

Deus, me responda, o que sou eu?
como posso duvidar tanto da tua
existência, se ao menos eu tivesse
alguma certeza quanto a minha crença,
se ao menos houvesse fé.
Deus, me diga, o que eu sou,
um Anunnaki (feito a tua semelhança),
um híbrido de linhagem
terrena e cósmica, ou apenas um típico
humano amante da dúvida e da
minha natureza exótica? (e da esperança).
O que sou perante à ti, ante ao o que
nem sei se é real, como posso não sentir
tua onipresença, me diz aí, Deus,
tu consegue sentir a minha?
Sabe quem eu sou ou tua natureza divina
é assaz demais para conseguir notar
minha infinitesimal existência?
Por que não somos tão íntimos quanto
és dos outros, por que minha quase nula
fé em ti só aparece quando preciso de socorro,
é assim que eu a ativo, é dessa maneira que
funciona?
Me diga deus, eu, o que sou diante a tua pessoa?
Como posso como poeta apenas escrever indagações
acerca da tua existência, me diga se ao menos poeta sou?
O que sabe sobre poesia, alguns versos meus já decorou,
assim como eu sempre ignoro quase tudo relacionado ao
o que dizem que você ensinou?
Por que não me ensinas também, para que eu possa ser
lembrado por ti como algo que você um dia já amou?
Por que eu não lhe amo, senhor?
por que gosto mais do álcool e do ópio,
me diga deus, só assim posso sentir um pouco da tua grandeza
de criador?
Minha perdição senhor, é não crer em ti, ou é suspeitar
que nada sou graças a vossa semelhança e ao teu amor?
Aonde irei determinar tudo isso,
ao teu lado, ou deverei me humilhar para que me seja
concedido a graça de habitar os teus pastos. Me diga
como faço para ser mais um entre teu gado, teu rebanho?
Sei que pode soar estranho eu falar assim, mas é o que
sinto e, mentira seria, se fosse diferente, qualquer coisa
de mim para ti. Não seria nada verdadeiro, mas com toda
tua sabedoria já deve saber de tudo isso. Falando nisso,
você que tudo sabe, como pôde não saber como me fazer
pertencer aos teus, como posso não sentir o que sente
aqueles que se ajoelham sob os céus? falando em céu,
a diferença é que eu sempre quis andar sobre...
Se todos o veem como um misericordioso, eu o tenho
como um misantropo, como um egocêntrico ufano,
mimado e ardiloso. Me diga Deus, cabe perdão à verdade,
ou ela está acima disso?
Minha alma é um precipício, e minha queda é me encontrar
dentro de mim mesmo, eu, um decaído... a esmo.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Prelúdio

o brio fachada,
eu vazio inflamado,
no cio do nada o
contrato com a vida
assaz assinado,
assassinado...
assim assinara.

a vida acontece no nada,
na ilusão exata.
em precisão sem coordenada;
a vida acontece intacta.

o tudo, é minha existência violada.

eu que
sou ao
t o d o
n a d a.



Fármaco

A religião é doença;
A vida uma droga;
A igreja um veneno.

O tempo é a cura;
O amor é remédio;
Deus é placebo.

A morte é a alta!

Os versos um vírus;
O poema um láudano;
O poeta um charlatão.

A poesia um fármaco!

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Dislexia Poética

O ruído que faz meu
eu lirico ao tentar produzir
poesia é silêncio.
É fácil perceber,
é gritante.
Ele cala, emudece.
Não cabe no molde
da poesia dominante,
minha pena, que, como
uma fera sussurra e, como
budista, vocifera com
tamanha lisura a
força do silêncio
diante da fala.
Meu eu lírico meditando
consegue ataraxia suficiente
para uma taquicardia,
porém, em outro plano,
o nirvana indene à todo
esse barulho mundano
sugere enquanto pergunta,
(da minha escrita à margem)
seria dislexia
poética tudo isso ou apenas
bobagem?
Mas ninguém o escuta.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Bocejo

Perco o sono observando
como boceja a insônia com
todo o cuidado para
que eu não perceba.
Ela falha. Após observar
seu bocejo, eu bocejo
também, porém, o sono
não aproveita o ensejo,
e assim a noite passa.
Quando amanhece,
eu e a insônia ainda
bocejamos,
o sono adormece.

Paradoxo

De forma abrupta,
pormenorizadamente
frágil e estóico,
instantes antes do pranto
fez-se superlativo o riso,
em meus olhos em
teus lábios em
paradoxo.
As lágrimas em
lástimas exprimem,
o adeus a vida em
muda melodia para
o meu canto do cisne.