domingo, 24 de novembro de 2013

Status Quo

ao mediar uma briga
entre deus e o diabo,
inventou o poeta a poesia.

ao enforcar a vida
no entardecer, enquanto
o sol descia,

ao beber da lua,
a mesma lua que
a noite inebria,

ao usar a morte certa
como metáfora para
o próximo dia,

inventou o poeta a poesia.

ao desnudar a musa
e desenhar em seu sexo
o fogo que ardia,

ao suspirar por vícios
numa busca profana
por companhia,

ao usar a métrica,
como pena e inspiração,
no fio dessa lâmina fria,

inventou o poeta a poesia.

ao satisfazer o sexo
na masturbação daquilo
que o olho espia,

ao se referir a igreja
como maldita por tudo
que nela havia,

ao perceber que o amor é,
mas também pode ser nada
daquilo que se dizia,

inventou o poeta a poesia.

ao buscar com seus atos
a gloria, e descobrir o pecado
em forma de alforria,

ao cuspir o láudano da
sobriedade no mesmo copo
sujo que se bebia,

e embriagar-se por noites,
desse mesmo ópio, verve
destilada em rebeldia,

descobrir que o caos
e a disciplina são notas
da mesma melodia,
a s s i m, e n f i m,
inventou o poeta a poesia.



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