domingo, 31 de março de 2013

1/4

trancado dentro dum quarto...
preso ao relógio. e nesse espaço,
preso num quarto de tempo, o ao
redor passa insólito, passam
por mim todos, ignoram-me
observando as horas.
na pressa eu fui perdendo a calma.
o desejo de obter outra vez me vez vender
a alma. presa dentro de mim, ela suavemente,
ora chora ora reza. áspera, ora.
olho as horas, os três quartos, o tempo que
me resta. a paz que voltou é o demônio
que vem e que leva, a alma, embora...
às pressas...agora.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Poem Noir

como o sangue sob
a luz da lua é negro.

como a escura solidão dos
que buscam se encontrar,
não há bússola no coração.
não existe norte, não há.

como a morte que num
movimento dos cílios virá.

como a donzela deseja
ansiosa o tão aguardado
sangrar. vagina almeja,
a mesma fêmea, emancipar.

como o advento empunha
sua espada. com sua pena
desenha outros tons das mesmas
velhas cores desbotadas.

e a revolução? não há.
há tempos há apenas omissão.
evolução é desacreditar.

pecado é fonema para
a poesia vociferar:

pra vida o aborto,
pra virgem o estupro.
para deus o desejo
do meu eu absoluto,
enquanto jesus observa
calado de sua morada,
a cruz,
seu reduto.

e se o céu não me salvar
e o inferno não me querer,
habitarei esse poem noir,
e na eternidade irei jazer.

domingo, 17 de março de 2013

tercetos

foste tu, uma perdulária da paixão.
jogou fora todo amor que tiraste,
toda a virtude que havia em meu

coração. foste má, oh dama minha!
deu-me teu corpo e assim pensei
que pudesse beber da tua alma,

tolice. deixou-me apenas provar
da tua carne para que assim me
embriagasse e esquecesse do amor

que nunca me deste. pensei que,
dentro de negros devaneios, eu,
poderia ser teu verdadeiro amante,

em verdade digo que não passei de
apenas um sem sal coadjuvante e, na
arte de amar, por ter amado você,

hoje sou o mais temerário pusilânime.
cheguei até ti com toda a minha alma
aberta, agora vago entre versos, vivo

na minha poesia incerta pois, antes
sentia-me como Apolo Belvedere,
hoje sou nada, sou poeta, sou sofrer,

sou desventura à colher o que não
me deste e, se tenho algo último para
dizer, é que amei e que meu fim é este.

como todo apaixonado meu fim é este.
ah sabedoria!, quem daria. quem dera
antes saber , mulher de poeta é poesia.







sexta-feira, 1 de março de 2013

sine qua non

um perdido ateu,
seria eu,
se não fosse minha
deusa.

e porque não
dizer o desejo
que é verossímil?

para ter do teu corpo
a posse,
se incestuosa fosse,

eu seria então teu consanguíneo.