quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

cena e censura

Pálido, optei pela desculpa
do abatimento e fingi febre,
cálido.
Pus-me a falar mimicamente,
breve, e os olhos a imaginar
o que escondiam as vestes,
trouxeram-me gélido suor,
neve.
Tentei inescrupulosamente ter,
entre minhas mãos, as suas,
não obtive êxito e, debilmente,
me peguei tateando tuas luvas,
entre outros pertences de deusa
máxima, musa.
Percebi ao observar o espelho,
que em meus lábios havia um
tanto de escárnio por admirar
minha imagem digna de desprezo
tocando teu corpo enrijecido
me fiz capaz de perceber que
tua alma havia morrido, apagada
dentro de tão belo invólucro que,
lamentavelmente em vida...não
pude ter.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Poema erótico de um antropofágico

Quem sabe eu,
de repente,
um dia coma você,
assim,
literalmente.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Atmosfera

Queria ser o espelho voyeur,
que te observa.
Queria ter tua fé cega que crê,
que não se encerra.
Acreditar no deus da tua esfera,
flutuar entre as nuvens inebriantes 
do teu céu, atmosfera.
Ser o carbono impregnado em teu corpo,
morno, diamante, etérea.

domingo, 6 de janeiro de 2013

comuna

fosse um templo faltaria-me colunas
pra sustentar a fé que nunca tive.
foi se o tempo de acreditar na comuna,
que crer em liberdade era ser livre.

fosse poeta faltaria-me versos.
faltaria-me calibre,
faltaria rancor e metáfora,
para dialogar com deus e entender
se sou eu ou o interlocutor é que é
o crápula. no céu o estupor, pra fuga
dos derrotados, a válvula.

da benção ao furor..., pelo Homem, não
entendo deus, consigo ver uma grandeza
que se assemelha a tamanha beleza da
intenção, obter com o que se cria
satisfação. olhar com olhos de hipocrisia
fingindo não entender o erro da criação,
ficar puto com a novena e esquecer que
a cena se dá em justa semelhança
e comemoração
daquele que, cansado da onipotência,
mostrou-se incompetente com artesanato
de segunda mão.

fosse pecado faltaria-me perdão.