sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

rarefeito

o que importa o que quero, se não há resposta, se há
mistério. não incomoda o
fato que me explora no tanto
que minto no status de sincero.
se fosse agora o ápice, houvesse
existido cumplicidade no clímax
da paixão consumada e, que pelo
fim não se chora, já foi
lavrado o pranto e, portanto,
quanto ao uso desmedido, hoje
é só desforra. da sua falta
em voga, o que era desejo
agora enjoa, o sal da boca,
a saliva, o tempero do beijo,
a melanina, a vagina, o âmago,
o raro amor...rarefeito.
do ruído da partida, o silêncio que
ressoa, a ruptura. tudo foi tudo
tão depressa, a reza, a febre
da oratória do desejo do pra sempre.
o nosso stress nos instantes dos blefes,
e sei, nessa hora que, foi num desses
que a noticia de ir embora, tu não deste.
o que importa a gloria de ter amado,
se o fato é que fui propositalmente
desperdiçado. do meu melhor, do que
seria minha ode perfeita, em minha poesia
a melhor estrofe, não foste.

do erudito, posto falso do amor, à maldita mística do destino,
deixar-se amar em equívoco
na certeza do que sente, morder a maçã
na mesma manhã em que
se ceia a carne acre da serpente.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Entreato

Da esterilidade da pena
Ao celibato do poeta, dizia:
- Deus, o que será de mim se
Todos acreditarem naquilo que
Se escrevia?
Não há poesia,
Não houve poesia,
Nunca haverá!
Sabe-se que a vida se faz
Em eterna elegia quando se
Procura desnudar a alma e
Forjar, sob o mesmo molde,
Poesia. serão os versos translúcidos,
Terá a alma suficiente beleza ou,
Será a vida uma existência vazia?
Não há poesia, não houve, nunca haverá!
É possível andar sobre as nuvens,
Saltar de uma para outra como
Sapos felizes entre nenúfares?
É possível colher rosas no asfalto,
Andar acima do céu, sob o chão,
Como quem caminha descalço?
Seria ainda ontem, o hoje, e o amanhã
Suicidaria.
-Deus, o que será de mim se
Nada disso for poesia?