sábado, 30 de julho de 2011

outono em meu jardim

laboriosamente tento não lembrar que jamais
consegui te esquecer. pelo infinito que me resta
vou dissimulando meus passos como um viciado
busca o maldito prazer. fosse o amor uma dádiva
divina, seria eu então incapaz de, no jardim da minha
sina, cultivar essa flor que ilumina a alma quando o
coração prova seu espinhoso sabor. ensimesmado,
dentro do mundo perfeito que você arruinou, prostrado,
lançado ao chão, como um olhar caído de algum diabo
deprimido que esqueceu a oração, percebo que esse
sentimento endêmico em apátrida paixão, não poderia
ser pra sempre eterno, posto que a eternidade é um futuro
sem ambição, e, nosso amor colossal, maior que a propria
existencia, fugiu de nós ao sentir-se infinitesimal. caiu por terra,
e, quando outono em meu jardim, brotará a flor da perdida guerra.

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