quarta-feira, 30 de março de 2011

forasteiro

apátrida vaga vazio por inteiro,
o amor, esse sentimento mascarado,
viu-se refletido como forasteiro, mas num
passado remoto, como deus e o diabo,
ele o poeta foram grandes companheiros.
hoje aparte soa, e em cena, como mosca zonza
encena à toa, pois pra quem já sabe como age
o amor não passa de um sonho bom que passa,
interage, e magôa.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Havia

Lá onde jaz a nascente do céu,
uma pena e um tinteiro.

Meu primeiro amor foi o último amor primeiro.
meu último poema veio antes...do primeiro,
tragédias justificam milagres quando milagres
não são verdadeiros.

Se deus fizesse poesia, o poeta seria metáfora divina,
a pena plagiaria rimas e versos, galáxias, universos
inteiros de velha poesia, e então o poeta primeiro,
um Deus, e o poema, um mundo inteiro...seria.

Lá onde jaz a nascente do céu,
uma pena e um tinteiro...havia.



 

quarta-feira, 16 de março de 2011

ninfa

despe-se dos dezesseis e
desce de joelhos de frente
pra mim, fervorosa como se
estivesse à orar, se farta e faceira
bebe todo o meu manjar.
serve-se e pede à mim que à prove, devore
a inocência que arde em seu sexo, que explode.
oferece a carne e expressa o desejo latente
de invasão. como presente do pecado,
arte erudita do distinto diabo, ela insinua seu sabor,
impõe seu tezão à mim, que, tentado à servi-la,
desfruto do seu jovem corpo de eva, e a sua fruta
que me salva do nada, ao inferno me leva.

segunda-feira, 14 de março de 2011

soneto

ando em completa anomia.
vago a esmo, à toa. marcho
declamando passos de anarquia
fodo o sistema, fundo meu Estado.

fujo e me julgo à revelia,
condeno-me à ser livre, busco
meus vícios, minha alforria.
peco quando não encaro o susto

e surto, assisto as pessoas da sala de jantar
que jazem trêmulas a admirar suas sombras
inertes que enferrujam, na sala de jantar.

eu, arconte de um Estado em anemia,
calculo precisamente o ponto exato em
que me mato, assim, direciono minha rebeldia.



quarta-feira, 9 de março de 2011

dissensão

talvez não fossem apenas metáforas,
quem sabe não apenas palavras.
a poesia que se expressa calada em
emoção, em uma vida que não basta,
na certa sempre sugere revolução.
aquele que dissente da inércia e com
paixão age como égide que dá ação as
palavras, talvez não seja apenas poeta.
não incutas tu a discutir?
as idéias que nascem para refletir na
vontade nata de insurgir-se contra todos os abusos
dos abusos que nos usam à nos destruir.
não incutas tu a discutir?
sugira um rumo nessa vida que te guia,
descubra o que não precisa para não
pesar muito a sua ida. fuçe, force a saída.
revoluciona-te, discuta a poesia.