domingo, 25 de abril de 2010

ANTIMUSA

agora entendo esse riso faceiro em sua face,
sente prazer em ser primeiro o que é de praxe e
depois o escárnio é o próximo passo para cada
laço que queira construir com o otario
da vez que acaba de sair do cima do
seu suado corpo.
ah! como tu és nobre minha doce vadia,
tão nobre quanto o sangue podre
que regularmente sai de dentro da boca de seu ventre.

agora entendo o seu gosto agridoce,
seus beijos sabores enxofre.
de mulheres como você, vem-me o medo de sua sina,
ainda tenho em minha boca
o gosto azedo da sua vagina.
ainda tenho em meu peito as chagas abertas
por suas garras de vil messalina.
anti-musa, senhora dessas rimas,
minha repulsa por você exclamada nessas linhas,
minha recusa em aceitar sua estúpida pose de rainha.

agora percebo todo o seu cinismo,
entendo sua luta contraria ao meu romantismo.
puta sem eufemismos!
seus olhos lindos, dignos de estrabismo,
seus seios que, em deleite ardiam em prazeres
na verdade não passam de úberes secos, tetas de espinhos.


agora aceito ser apenas só mais um.

Fragmentos de amor

como a vida é bela e doce,
agora até as coisas mais abstratas
tem poesia,
hoje o silêncio tem melodia.
pensar em ti é...
esquecer que a vida nem sempre foi essa maravilha.
lembrar de você é deixar-se ir em êxtase,
ataraxia.
todos os outros, a multidão,
os malditos comuns, o resto de tudo,
o universo...
toda a imensidão é coadjuvante,
perante a ti nada é mais formoso.
você protagonista absoluta dos dias
que me resta nesse mundo.
és minha beatriz,
tua existência me guia feliz para frente,
sempre.
és a Eva que me leva ao paraíso e me diz:
-prove-me e abrace o infinito.
ah! como admiro a ideia de que um dia
aceite meu coração como abrigo,
deusa dos meus delírios,
dona de tudo que hoje em mim possa ser
bonito.
tua beleza é inédita e superior
à tudo de belo que possa existir.
é a intensidade de uma supernova
seu olhar...
mais gracioso e radiante que o luar,
como queria ser aceito por ti como um
apaixonado par.
desejo tanto seu beijo
sonho em mergulhar em sua boca e
afogar-me em seus lábios,
seus doces e delicados lábios.
desejo o calor do teu corpo,
o ardor do amor,
és a brasa que me incendeia.
lança em mim um sentimento incandescente e
então explode o meu ardente desejo de devorar
você por inteira, ah! inacreditável fêmea,
faz de mim uma realidade
um mundo que permita que apenas você possa
existir.
és agora e pra sempre em mim
o sentimento mais puro e verdadeiro que possa
existir.
e se um dia, esse simples poeta
tiver a certeza que nunca poderá
ter-te enfim,
saiba então que passarei a habitar
apenas esses versos,
pois sem ti, pra mim,
a melhor alternativa é...

extinguir.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

soneto

ah! como se faz para vencer?
como que se cala essa cabeça,
como raciocinar com o coração,
como emancipar essa grandeza?

ah! se esses versos bastassem,
se meu aspecto fosse reflexo
de uma satisfatória certeza,
se esse soneto trouxesse gloria e beleza.

ah! como calar minha tristeza vitalícia?
porquê o outono se foi,
me resta agora apenas o que me resta.

como se faz para vencer?
como que se cala essa cabeça?
como que faz para deixar a festa.

ID

não sou mais o mesmo cara que nunca quis ser.
começo a reconsiderar outros desejos de
tornar-me propenso a aceitar possíveis mudanças
internas. reestruturo-me avaliando as
múltiplas alternativas que tenho para representar
quem sou, sendo o que tanto tento ser na incumbência
de unificar tudo o que sou.


ser tudo o que puder ser!

Versos à minha pena

A genialidade de poeta,
meu passaporte,
minha morte como autor,
minha ascensão como personagem mor,
meus versos, minha escrita,
a rima viciada que de nada me valia.
...Me leva para a hora que me falta
a alforria...
Habito na revolução o fim da ação de toda a tirania!
outorgo a ideologia da minha pena,
visualizo o seu núcleo e
odeio seus poemas.