quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

soneto

ergo-me da incerteza que me abriga.
beijo a face ácida do tempo, suave brisa.
excito-me vendo a dama de preto
vestida de morte contente e altiva.

vejo-me nas águas banhando o corpo
da mesma dama de preto, agora despida.
ela me beija com seu bico de corvo
e é dela a alma que habita-me, viva!

juro pra sempre servi-la,
juro pra sempre admira-la,
juro tentar ter com ela o que não tive com a vida.

deito-me no leito derradeiro,
findo o encontro como quem termina um soneto,

chego enfim ao fim e permaneço obsoleto.

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