segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Sumário

sentindo cada toque frio do desespero,
me aqueço ali no canto, perto do medo,
me cubro com minha manta de desejos e
me acalmo, vejo o abismo já perto, já
consigo avistar um outono bem mais frio
e cinza que todos os outros do sumário de
minha história poética.
penso no abuso que tudo isso possa parecer no final,
estudo cronologicamente todos os meus atos
e faço uma grande reflexão do meu destino:
-de longe, bem lá no fundo eu me vejo,
pra você leitor ingrato é como se estivesse
me olhando do alto de um precipício, eu estou
lá no fundo sentindo o frio eterno de outonos
e desesperos profundos.

vou por mim mesmo e pelas palavras que
com um ponto final "findo o que eras".
com um punhal cravado no coração do poeta
acabo com a espera de um bem estar que vem
sem sentido, e, sentindo a morte já como hospedeira,
sucumbo febril, tremendo orando no frio do
desespero outonal que sorrindo com uma face medíocre
como a cara da minha vida inteira, e assim rápido
como pensamento passageiro, o outono se dissolve
em lágrimas de um céu cinza que me cobre de lamentos
e, eu, poeta moribundo, beijo a face do mundo
e me liberto da vida, estrada que perpetuei sendo

incansavelmente mendigo de sentimentos e de versos de partida.

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