sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Se eu não escrevesse versos

se a chuva me dissesse pouco,
se o meu quarto não elucidasse
sempre um fosso como abrigo.
se o quarto não fosse um prelúdio
escapismo, um sumario interlúdio
que dispersa o meu fim. acerca
de tudo que se renova, o meu
espírito desperta, desova o gemido
derradeiro, o último ato, aguardado
com fervor, como excitado aguardava
deus pelo pecado primeiro.

ah! se a chuva me dissesse pouco,
talvez não fizesse versos, com certeza
os versos não me fariam também, e,
as flores que colhi não seriam apenas
força de expressão, ação de quem declama
suaves passos pelo jardim e, pensando em se perder,
sem medo diz amém.

ah! se a chuva me dissesse pouco,
quaresma, posto que me encontro.
com a alma em pranto a espera de uma
anistia que nunca virá. amargura impressa
na visão vulgar do poeta, que, espera
a chuva como sinal de fuga do
liquido que vem os olhos esterilizar.

ah! se essa chuva me dissesse pouco,
se meu coração tivesse apenas mais
uma unidade de consumo, teria eu
então mais um infortúnio, pois,
assim acreditaria tudo no vicio de amar,
aceitaria de novo o amor, teria mais uma
chance de ver-me ridicularizado, e,
voltaria a magnitude incógnita de um verme
apaixonado.

ah! se esses versos se calassem um pouco.

sábado, 23 de agosto de 2008

Poetas Eternos


capacitei minha inexpressiva vontade
de vencer;
apoio com ofensas minha força de vontade,
minha auto estima e, pra tudo que é sagrado,
o meu parecer;
reconciliei-me com minha proposta suicida e,
assim, proponho à mim,
aqui,
a morte de todos os mártires.

as palavras que proclamam o fim
sempre serão atuais, pois é delas
a voz que trás o grito que irá se
calar enfim,
assim,
o poeta sepulta os últimos versos,
faz da sua pena a grande responsável
pela ascensão da morte dos
poeta eternos.