segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Tecido de cetim

Voa longe de mim, vai sempre pra longe,
perto de ti,
meu coração,
esse beduíno errante, amante seu.
A dor tem o formato do seu rosto,
lembranças doem, assim,
quando penso que eras minha no passado,
felizes instantes.
Tu deixas em meu peito cicatrizes mais profundas que as feitas por espadas.
Tenho doloridos espasmos,
dores que me acompanham como escravos,
era pra ser assim?
Me situo no meio de tudo,
em núcleos de espaços distantes,
um universo em colapso,
sou tribo sem deus, sou deus sem propósito,
incógnito desde que o mundo pra mim passou a ser inóspito.
Como é possível haver alegria em mim se você me abandonou,
como posso permanecer o mesmo se foi você quem me inventou?
Peço por favor que envenene os seus lábios e,
que até mesmo com nojo, venha e me beije uma ultima vez,
acabe o que começou,
mate esse poeta de musa singular, superior.
Finde meu pranto para que eu possa não com os olhos húmidos ti olhar,
mas sim ver-te com a alma,
a mesma que pra sempre, sempre ira carregar
as feridas que meu corpo conseguiu por ti amar.
Eu sei que ao ler isso saberá que és você,
pois tu, dama geniósa,
dama das minhas magoas,
você sempre saberá que esse estranho aqui é seu e,
mesmo que não queiras, seu servo sempre será.
Sei que é difícil conquistar-te de novo assim,
pois soa patético um homem por alguém sofrer, assim,
grandes mulheres querem hércules,
homens fortes, como de marfim,
mas como posso me enganar e mentir,
se tu sabes que sou mesmo frágil,
tão forte e robusto como tecido de cetim,
porem o que trago comigo e desejo dar-te enfim,
garanto que nem mesmo seu mais bravo herói poderá sentir.
Falo do mais puro amor, aquele que tem sua própria lógica,
que age e vaga pelo signo do absurdo,
tão intenso que as vezes penso que tem massa e, é matéria.
É a graça que lhe dou por um dia permitir que meu corpo junto ao seu pudesse o
infinito sentir.
Que esse sentimento voe e pouse em seu peito,
lugar dele de direito e, que esse direito nem a morte possa tirar,
nem mesmo o tão aguardado fim,
mas que você permita que ele sempre more aí,
em seu coração,
seu cofre de emoções,
nessa caixa forte que um dia a chave pertenceu à mim.
Agora vou embora, pois não quero que as palavras me faltem nessa hora,
nesse poema seu,
nessa prosa angustiada que termino com um olá,
com uma lágrima,
com um adeus.

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