terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Poema louco

trago comigo meu amigo, meu açoite. 
meu amuleto, um gato preto da sorte que me leva pra morte à meia-noite. 
trago para mim meu trunfo, meu magro corpo exposto as verdades da loucura. 
as estátuas bailarinas me veneram, me vendem suas juras, 
me dão um beijo agridoce, o calor do mármore, no abraçar do cimento. 
fujo e me escondo em hediondos aposentos, 
tumbas florais, na vida o caos, na morte a paz. 
apresento-me então nas águas a narciso, 
ele foge do reflexo e, eu indeciso, não sei se fujo com ele ou se beijo o perigo. 
discuto com o eco e em cavernas externas apresento-me escondido. 
acendo uma vela e nela plugo a minha caixa magica, pego um cigarro, 
fumo o meu fosforo e degusto a fumaça, 
faço um esboço de toda a minha desgraça e 
declamo um poema de augusto aos dilemas do homem: 
amor, dor, morte. 
a novena que segue é eterna, é a mesma que age cega na cronologia dos vermes.
 penso calmo e me entendo, pois enforquei meus sentimentos, 
matei todos os meus princípios bonitos, 
acabei com a alegria presente em tudo que faz sentido, 
minha opinião joguei no lixo, busco na tv cultura e nessa cultura auxilio a ignorância, 
me enforco em cabos elétricos, 
me mato, me autodestruo, me sinto satisfatoriamente esperto.

Nenhum comentário: