quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

À mulher

venha e me deixe
me despreze e me beije
me ame e faça, seja.

me peça e me tenha
me use e de mim seja,
senhora, dama, puta, helena.

me ame e me mate
me cale e me acalme,
mãe seja.

devore a minha carne
esculpe a minha lápide
meu epitáfio, escreve no mármore.

ser que o infinito sabe
e o ardor das fêmeas descreve em frases:
"o amor venceu mais uma vez o sagrado ritual do abate"

no ar a fragrância da vitória,
um suave cheiro de virgens
atinge a libido dos vermes, da escória.

e tudo acaba e começa
como missa de domingo, promissora reza.

o pecado despido em corpo de mulher, Eva.

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