quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A miséria do meu ser

vamos cantar o(ao) desespero,
às moléstias do humor,
uniremos força com a agonia que chega sempre sem convite e,
como anfitriã expulsa a grandes tristezas as alegrias presentes;
dedicaremos vários versos também à angustia,
que merece respeito,
pois ela certamente se proclamará autora desse poema pávido e sincero;
que todas as graças estejam com a covardia, que,
particularmente me tem feito companhia há anos
acho-a fascinante e,
respeito a coragem e o despeito que,
fazem dela uma grande e simpática "virtude" minha;
que o medo seja exaltado sempre , e,
como Drummond gostava de dizer:
"essa flor amarela e mórbida"
sempre tira de mim grandes coisas,
se expressa por mim como grande orador,
conclui frases com verdades,
esconde o homem que sou
mostra a todos apenas o real,
o medo é o auto espelho que mostra o que verdadeiramente sou,
tudo aquilo que pacientemente odeio e,
ânsias repugnantes tenho quando vejo que sim,
sou o meu pesadelo,
altares ao medo,
deus da virtude da coragem,
grande amigo;
que meu lirismo entoe sagrados cantos ao fracasso,
o verdadeiro dono das minhas conquistas,
o resultado final desse poema sensato,
o senhor da vanguarda,
o grande aniquilador das minhas esperanças
(essa idosa senhora que precede o próprio tempo, que arrasta seu manto negro sobre a alma dos obstinados crédulos da inderrota)
o formidável inimigo que em meu peito abrigo honestamente;
sem que me falte belas palavras elogiarei a timidez,
meu cartão de visitas,
essa extrovertida menina que me apresenta sempre alegre ao meu vazio interior,
me leva a divertidas festas,
onde, me encontro com simpáticas paredes,
com silêncios interessantíssimos,
me empolgo em mudos diálogos,
a conversa alheia dos meus monólogos, e,
ela me diz que sou comunicativo como os olhos são,
diz que meu futuro é uma reprise, uma fuga do passado,
um espetáculo intimo e pessoal
no qual atuo comigo mesmo num monologo nos palcos de hoje,
opinião sincera de quem tanto me conhece;
eufóricos e esplêndidos gritos ao amor,
ah o amor, o todo poderoso,
o mais sagrado e maligno sentimento humano,
o destemido e temido templário,
que apresenta sua singular bestial sacra linhagem ao nosso peito,
esse poeta facínora apaixonado
esse ladrão de dores,
semeador de perpetuas chagas,
ilícito e puro prazer incognoscível,
é o nirvana de cristo, a maldição de cristo,
é o câncer maligno,
a doença maldosa que abraça meu coração com uma fúria colossal,
é quem permite que o que eu sinto por uma nefasta dama
seja muito maior que todo o meu ser,
maior que toda a minha estrutura emocional,
é o gladiador implacável que na arena da vida dilacera-me impiedosamente,
me domina e me limita a ser um louco viciado
que procura incansavelmente a droga que lhe condenou,
a cura que o enfermizou,
a palavra que o calou,
a mulher que o deixou,
a bênção de deus que o amaldiçoa diariamente na compulsividade da memoria.

aplausos ao amor, a dor, ao resto de tudo, tudo que sou...

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