quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Humores corrompidos

do lado esquerdo da indecência humana eu me escondo, me refugio no pudor liberado, na explosão das emoções, no contrassenso que vem arrancando suas roupas e máscaras. na loucura lúcida, vívida e limpa que estilhaça seu peito com munição pesada. o exército de dentro quer sair, quer falar que loucura maior é lucidez plena, lucidez digital, mundo "idiotal", vida chata como longo capítulo de novela, que a mesma cabeça digital, na sala, ministra e profere para um ser "racional"

do lado esquerdo dessa contradição eu apareço e, na loucura minha eu me sou livro, me aventuro nas minhas páginas, sou a poesia cortante que arranca do personagem as verdadeiras palavras, as ideias subversivas que são tão nocivas quanto espontâneas! crianças felizes. o coração do poeta se derrama sob o que agora do sangue já encardido tá a alma do personagem, queira heroico, queira suicida, poesia explícita que o livro que sou diz pra realidade fanática.

do meu lado eu me protejo, luto por mim, pelo meu mundo e pra que minha razão reine absoluta escondida no abismo da minha loucura. posso sobreviver se aceitar a ideia de que a vida é chata, que a razão pela qual ninguém sabe porra nenhuma sobre razão alguma e que tudo é lucidez, loucura pensar assim.

do lado que agora me apoio para escrever esse poema, está minha parede, me protege me aprisionando e com suas três irmãs faz do meu quarto um mundo decente para mim, único habitante desse lúbrico habitat, personagem lúdico que a parede protege como cão a berrar.


do lado que me cabe como autor peço licença para terminar, a indecência humana racional tirou minha máscara e agora eu sou a cara da razão, sou a razão, ela em mim como maldição. a loucura vem como uma bela dama, me convida para sair, me oferece livros e drogas e me estupra, como prova que eu à pedi para poder aceitá-la.

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