segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Que

diga não aos versos.
diga sim as vozes e aos atos, e,
diga talvez ao resto de tudo que
indaga que o que sucumbiu era poesia,
pois se fosse, seria.

diga que não ouviu passos,
que ao acordar, não despertou pro dia.
que talvez o mesmo não percebeu
a redenção da noite que ilumina o
despertar de quem lhe permite
ouvir o que disse, pois se fosse dito,
diria.

diga que não se emocionou,
que não se comoveu, que não deixou
de ser cruel. diga que as crianças mentem
com a inocência de um idoso, diga que a
igreja é o cárcere de cristo, e,
que cristo não morreu, pois se estivesse
morto, morreria.

diga que não escreveu isso, que
não consome versos que viciam,
que libertam, diga que usa drogas,
mas não diga que elas o usam,
não diga oque caracteriza esse poema,
esse berro, esse grito, diga não aos versos,
diga sim as vozes e aos atos, e, diga
talvez ao resto de toda a poesia que
sugere que tudo sucumbiu, só pra podê
ser oque for, e, o que fosse, seria.

seria talvez a poesia?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Poesia essa

poesia adoecida, doída.
apodrecida e, inexorável.
a culpa que culpa o poeta
por ser dono das linhas
emancipadas, palavras
aprisionadas em sentidos, e
que sentido faz tudo isso!!?.
a que preço sofre esse poema
enfermo que, vem sem propósito
como o poeta que sonha em
logo ser póstumo. não há
créditos aqui, minha pena há tempos
procura por méritos, mas, o que
produz ao certo não é belo, ao certo
não diz nada, inexpressiva. mas à ela
me entrego, poesia essa, que vicia e,
sugere os meus penares como especialista, é
uma tribuna livre onde...

o silêncio ecoa a a...ressoa, vive.

Morra-me

aplausos enaltecidos que obedecem
o rigor de um insulto. ovacionam-me
os ultrajes que permitem os desastres
emocionais do meu ego, que, impresso em
minhas preces precárias, destinadas à todos
os outros eus que sucumbem incrédulos de
tanto acreditar que nada irá calar o lirismo
patético da dor que impregna o peito do
poeta simplório, que, esconde em suicídios
a aversão que tem pela versão dos outros

sobre seus modos esdrúxulos e introspectivos.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Palavras mortas

visto um terno cor de tempo.
as vezes me confundo do que não me lembro,
se é da cor ou se é do tempo, e, se visto
mesmo um terno ou sudário, cor de tempo também,
porem, levemente outonizado, uma farsa válida
que tem meu corpo magro e cinza como habitante eterno,
pois esta morto. está vestido de tempo nublado,
de dia que chove, de dias que chovem e chovem, sim,
só porque chove, como agora que está morto,
como esta nublado e vai chover, está morto com aval
para apodrecer e, vai feder.
sou um forte cheiro de morte consumada,
numa noite chuvosa de outono sou o cheiro
de um corpo morto e desabitado...

visto um terno cor de tempo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Pássaros

Os pássaros que não observo,
que nunca prestei atenção, passam.
pego a pena e começo escrever versos,
mas não escrevo versos,
nunca gostei de versos!
não sei escrever nada além
do que observo:
então como posso escrever versos
a pássaros que não vejo?

-os pássaros passam.

soneto

esclarecido. como ser assim, esclarecido!?
como dizer que, sim, sou exatamente isso!
se ao terminar isso, não mais saberei dizer
o que quer dizer isso.

preciso. como ser assim, imprescindível!?
como viver assim em busca de exatidões
necessárias, se eu sei que as poucas coisas
que preciso são supérfluas e enigmáticas.

simpático. como ser assim tão afável!?
como sorrir assim em busca de atenção,
se a minha intenção de sorrir é improvável.

simples. como ser assim, puro!?
se oriundo de varias crenças e substâncias
ortodoxamente simpáticas, precisas e pouco
                                                [esclarecidas].

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Se eu não escrevesse versos

se a chuva me dissesse pouco,
se o meu quarto não elucidasse
sempre um fosso como abrigo.
se o quarto não fosse um prelúdio
escapismo, um sumario interlúdio
que dispersa o meu fim. acerca
de tudo que se renova, o meu
espírito desperta, desova o gemido
derradeiro, o último ato, aguardado
com fervor, como excitado aguardava
deus pelo pecado primeiro.

ah! se a chuva me dissesse pouco,
talvez não fizesse versos, com certeza
os versos não me fariam também, e,
as flores que colhi não seriam apenas
força de expressão, ação de quem declama
suaves passos pelo jardim e, pensando em se perder,
sem medo diz amém.

ah! se a chuva me dissesse pouco,
quaresma, posto que me encontro.
com a alma em pranto a espera de uma
anistia que nunca virá. amargura impressa
na visão vulgar do poeta, que, espera
a chuva como sinal de fuga do
liquido que vem os olhos esterilizar.

ah! se essa chuva me dissesse pouco,
se meu coração tivesse apenas mais
uma unidade de consumo, teria eu
então mais um infortúnio, pois,
assim acreditaria tudo no vicio de amar,
aceitaria de novo o amor, teria mais uma
chance de ver-me ridicularizado, e,
voltaria a magnitude incógnita de um verme
apaixonado.

ah! se esses versos se calassem um pouco.

sábado, 23 de agosto de 2008

Poetas Eternos


capacitei minha inexpressiva vontade
de vencer;
apoio com ofensas minha força de vontade,
minha auto estima e, pra tudo que é sagrado,
o meu parecer;
reconciliei-me com minha proposta suicida e,
assim, proponho à mim,
aqui,
a morte de todos os mártires.

as palavras que proclamam o fim
sempre serão atuais, pois é delas
a voz que trás o grito que irá se
calar enfim,
assim,
o poeta sepulta os últimos versos,
faz da sua pena a grande responsável
pela ascensão da morte dos
poeta eternos.

sábado, 26 de julho de 2008

Tresonetos

atento ao ouvido da porta
ouço gritar a saída,
no espanto da morte
assassino a vida.

alheio aos olhos da porta
vejo me olhar a entrada,
no sarcasmo da vida
vejo entrar a morte.

ao acaso exposto a trama
age a personagem, que, do
outro lado clama:

-quem é, alguém?
apenas uma brisa fria,
estou atento demais ao ouvido da porta.

será que és tu?
persona chave de meus poemas,
por que não entras?
deixe-me ver-te a alma cru.

sabes que posso aceitar essa visita,
sabes que não me resta esperar da vida,
sabes que a vida não me visita,
sabes que ela em mim não acredita.

hierático, estático, profano meus gritos
em orações que despertam o ser que
jura não ter tentado ter com cristo.

eu, personagem alheio ao acaso,
explico para ti, nesse soneto,
que o medo não é nada didático.

não entendo por que dizem que
as portas são surdas, por que?
pode até ser, mas o outro lado
sempre ouço berrar, por que?

tenho um medo que me assusta,
tentar entrar pelo espaço, e
no vão da porta achar o meu espaço
me assustando com a cara feia da fuga.

a porta sente(ouve)meticulosamente
todos os meus passos(ideias)e,
como uma dama(puta)se rende

facilmente ao meu papo de poeta.
vou achando as respostas
agora que a porta esta aberta...

soneto

estranho ter esta visão panorâmica,
aqui, do fundo do poço, vejo o
imenso berço que me deito, deslumbro
o horizonte, encaro minha criança.

nessa poesia de versos novos,
nesse soneto de velhos trajes,
humilho meu erudito, repetindo pausadamente
as orações ultrajantes de todos os povos.

é compulsória a ideia de ver surgir
um novo homem, aqui, dentro desse poeta
há infinitas personas de singulares modos.

é honesta esta tristeza remasterizada,
forte, é funesta a pena que desenha os
versos, que, escrevo para minha morte.

domingo, 15 de junho de 2008

Vãs tristezas

a pena que fere o papel traz tristezas.
a pena que apoia o poeta o aflige.
a pena que de versos a folha tinge,
é a arma desse colecionador de poemas.

a dura pena vive o pálido poeta, que,
proibido de sangrar a pena, vive a esmo,
a espera da morte, preparando o enterro
de todos os versos que produz sua mente inquieta.

sem lira, sem lua e sem dama.
vai triste o homem que outrora
brilhava como sol da aurora, e,
que agora sem musa chora...

por quais linhas andará sua pena?
seu coração já sem ação, não bate, ressoa.
palpita no peito, sem vida, atoa.
não há poesia nada mais há em cena.

a arma desse colecionador de poemas
é a pena que de versos a folha tinge.
a pena que de versos a alma aflige..

o poeta e a pena, vãs tristezas.

soneto

minha linguagem poética viciada,
minha poesia não se lança ao acaso.
ela nasce já sabendo todos seus passos
e faz uso de ideias novas, todas já arquivadas.

preciso quebrar o monopólio,
preciso romper, foder a etimologia.
acabar com esse vício, mudar a fraseologia
que compõe meus poemas simplórios.

vou matar o poeta, cuspir em sua face.
calar minha alma, me deter no clímax,
abandonar a musa, desatar o enlace.

ah! falsas e vazias palavras amargas,
não me permitam abandonar a magoa,
não deixem que minha poesia se cale.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Em Suma (Insumo)

algo que cai- alguma coisa se move.
olho ao redor e só vejo o nada
se movendo calmo, como caldo quente
que escorre- morre? foge!
há estruturas ruindo- destruindo.
sempre o ruído do impacto de
algo e o chão, me lembra uma
criança caindo- me vejo então...
morre aqui o poeta de coração ruinoso.
-pois poeta é ser autêntico, novo.
morre aqui o poeta de coração ruinoso.
...me vejo beijando o avesso,
me escondendo em poemas, e, querendo
que os mesmos sejam meu único endereço.
rezo. peço que aqui:
-lugar onde jaz, jaez, e, há
de sempre feder, o poeta,
haja sempre razões para novas desgraças.
que o desejo que tenho em minha alma
conduza-me bravamente ao encontro
de diárias batalhas, e, que eu cuspa na face
dos canalhas- sempre que olhar o espelho.
procuro entender minha criança
e como custa entender que augusto estava
certo em dizer: "existe mágoa em sua essência".
palavras em ação, em suma:
-poesia pra mim soa intensa como

masturbação e estupro...culpa.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Poema de bolso

chego me corto. durmo.
chego me olho. sumo.
chego me drogo. acordo...volto.
chego me isolo. morro.
chego me curo. acordo.
chego e sumo. me olho.
chego. acordo...volto. me drogo.

chego me isolo. morro.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

é preciso romper sempre

impróprio para leitura.
dito isso, darei forma a poesia,
indo ao profano e corrompendo o erudito.
jogando com o diabo e amando os anjos.
pensei em uma frase bonita pra escrever agora, apenas pensei.
a aparência inócua dessas palavras preconizam o significado estereotipado das minhas poesias.
pensamentos aparecem como imagens em slides na minha cabeça, lembranças subliminares atarracadas na memória.
 -fotografia do fogo, fotografia de fogo.
é preciso romper sempre.
minha alma corsária empala meu destino, e o leva a se expressar pelas entrelinhas.
é preciso romper sempre...
é preciso visitar o passado e, deve ser conveniente estar embriagado, mesmo que não pareça “escarra nessa boca que ti beija” diz augusto,
mas não tenho o controle de mim perante o inimigo, e, sou sábio em afirmar que se fosse o contrario estaria mentindo.
gostaria de ser mais específico agora, apenas gostaria.
como escrever algo novo e, como escrever de novo?
minhas estúpidas intenções nessas palavras vazias que, flutuam dentro de um frívolo contexto, me remetem ao tempo de Samsa, vivo de sonhos intranquilos. traduzo esse desuso do meu uso imerso no caos da minha cólera em inquietos poemas.
consumo algumas drogas e tento não mais ser usado por elas,
apenas tento...
quebro o molde e desisto desse poema.

é preciso romper sempre.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

A CONTRARIO SENSU

anistiada por minha fraqueza, você,
nada em minhas poesias, foge
incansavelmente do meu exílio, e,
leva sempre contigo, de mim, o
outono em que me abrigo...
rainha da minha alma ruinosa
algoz de todas as minhas feridas

cale a dor que me arrasta pela vida.

Diversificando Versos

a tristeza é meu passatempo
a timidez, o cartão de visitas
a verdade, mentira persuasiva
a mentira, verdade suja e omissa
a igreja, hipócrita em demasia.
os homens, corruptos idealistas
a angustia, eterna disciplina
o amor, dor adrenalina
a dor, amor em demasia
a cura, não há cura na loucura
a loucura, a fuga que me atura
a fuga, minha triunfal saída
a saída, drogas em demasia
o poeta violenta as palavras,
as palavras escravizam o poeta, e,
esses versos inquebráveis
versus palavras mortas, são
versos que o amor abriga,
versus escárnios à musa maldita, que,
se esconde explicitamente em
meus relicários, vazios em demasia.

domingo, 13 de abril de 2008

matar você!

do desejo involuntário que brota depois de muito e de insistentemente tentar matar você, eu começo esse poema como o vapor que desesperadamente e feliz em demasia foge da água fervente, sua essência. escavo profundas cavernas em meus medos, minto no propósito da veracidade, as coisas inexplicáveis, e, por isso verdadeiras. minha pessoa feliz tem uma aparência lúbrica e cinzenta, magra e fria como o aço. minha sombra oxidada se arrasta atrás de mim como uma praga cansada e derrotada, planto flores em minha fossa, me abrigo nas cavernas já habitadas por mim mesmo, finjo que tudo bem, não me importo em ti ver, e, no mesmo sorriso blasfemo claramente algo como "desejo matar você", pois meu amor vitalício, explicitamente exposto à ti , é totalmente nocivo pra mim, e, contudo sempre funciona apenas como vício, delírios de um louco que apenas quer se entender. matar você, matar você... amo-te, e, espero que morra sempre que tentar me esquecer, que você se autodestrua no inverso da apatia que cultivo por ti na minha ira. que morra feliz, pois feliz sou em saber que também morri.

domingo, 30 de março de 2008

Poeta sou

o poeta é um fingidor, o fingidor em pessoa.
o poeta é falso na veracidade de suas pessoas,
tão falso quanto múltiplo.
o poeta finge ser mais forte com sua poesia,
engana-se em pensar que tem amparo dentro das suas poesias.
o poeta abriga-se em palavras que revelam sua alma,
em palavras que gritam por sua alma,
o poeta tem a alma bastante fragilizada,
impregnada de palavras que pra ele não dizem nada.
o poeta é um fingidor.
é tentar deixar na poesia a sua dor,
é buscar na poesia a compreensão do amor, e,
é fazer da poesia o santo sudário do amor.
é tudo aquilo que envolve e que dispersa o amor.
o amor é um fingidor, e,
faz do poeta um ser incapaz de ser verdadeiro,

pois ser verdadeiro é fingir ter o amor.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Poesia outonal

e fica cinza o céu das minhas magoas...
minha conturbada e nublada alegria de viver se encanta com o impulsivo ato de narciso em cortar os pulsos com cacos de espelhos quebrados, com a extinção de Macondo, o terrível destino dos Buendías, a solidão...
e fica cinza o céu das minhas magoas...
minha tristeza como passatempo, meu tempo inerte e voraz, as certezas angustiantes das minhas derrotas eminentes e verossímeis, a dor...
e fica cinza o céu das minhas magoas...
o passo em falso que dou por temer prosseguir, a culpa que me culpa por não admitir a minha desgraça poética, o desejo de matar-me até o entardecer, a razão...
e fica cinza o céu das minhas magoas...
o prognóstico do espelho, o uso contínuo de estimulantes depressivos, a cólera da minha calma insuportável, o uso do tédio como algo para fazer, a libertinagem de minhas virtudes dogmáticas, a alienação...
e fica cinza o céu das minhas magoas...
a ingrata compaixão, os escrúpulos corrompidos na ambição de tentar ser sempre otimista, o sentimento maquiavélico, a tortura da rejeição, o profundo desejo de seguir incompleto e a incapacidade diante da minha perdição, o amor...

e fica cinza o céu das minhas magoas.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Pobre poema apaixonado

como queria não mais me render a essa compulsiva ideia de sempre poemas pra ti escrever. mas como lutar, como censurar esse poeta apaixonado que me abrigas? esse desejo involuntário que brota em meu coração já em cinzas e que sempre bate na direção da responsabilidade de nunca deixar de ti amar. minha dor envolta em eufemismos, minhas palavras sempre claramente apaixonadas entorpecidas em sentimentalismos, partem da mesma premissa, é o preludio que uso como álibi, é o que tenho feito incansavelmente na delirante vontade que meu amor por ti nunca acabe. difícil entender esse impasse, pensar em ti ou fingir não pensar em ti, me enganar e fingir aceitar, ou aceitar e fingir que não me engano, sendo que qualquer plano me leva a ti? ah! criatura admirável, dama que tem a cura para o pranto da minha alma, mulher que no frio de outono é o sol da minha aurora, que nas noites escuras de sextas estranhas é a lua límpida e despida que me leva sempre às nossas doces lembranças, momentos felizes que outrora eternizamos, procure entender o que parte desse eu-poético, não peço que aceite mas, saiba que por mais que soe patético esse involuntário ato, faço poesia para engrandecer o que me ensinastes, e agradeço a ti o fato de hoje sofrer por um dia ter tanto amado. mesmo perdido e solitário ainda tenho forças pra imortalizar aqui esse amor por ti escorraçado, se minha essência é a poesia que escrevo, você é o contexto dos mais bonitos enredos que, fazem dessa compulsiva ideia, meu habitat, meu lar soturno, meu mundo paranoico habitado por mim e pela lembrança tema, que, sempre me ajuda como pauta para meus melancólicos poemas.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

"..."

a noite acaba
o dia nasce
eu durmo.
a vida se mata
a morte se corta
eu sumo.
a lua se cora
a pálida cólera
o espelho soturno.
a garota da foto
o papel de parede
da memoria in-foco.
a bebida ainda
me diz que ainda
estou sóbrio ainda.
o amor rompido
seu corpo atenta
à minha libido.
a poesia prosaica
palavras intactas
quase arcaicas.
nas cabeças de uns
lirismo aceito
lugar comum.
no resto “aqueles todos"
é humilhada, lodo
escarrada- loucos!
entendo vou embora
escrevo minha hora
morro e sumo.
a noite desperta
o dia emudece

eu fujo.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Hemopoesia

junta-se a mim uma grande soma de certezas inúteis como toda exatidão é. mescla-se a mim e usurpa-me uma grande quantidade de indiferenças que diferem direto do que sinto. sobressai a mim todas as outras crenças que sempre com respeito eu desprezei. traio o amigo, roubo um sorriso da garota do inimigo, me declaro autêntico e me situo no cinismo pleno. nas blasfêmias do que penso ponho os sonhos na ferida, sangro junto com a hemofílica poesia, profetizo minhas desculpas no caso de não entender o uso dessas estúpidas linhas...rompo a promessa de não mais poeta ser, poeta sou de poemas híbridos que esperam incansavelmente perpetuar essa linhagem pura, então faço poesia na ânsia vazia de apenas escrever, pensar e dizer loucuras.


junta-se a mim uma grande ânsia vazia de apenas escrever loucuras, exatas de certezas inúteis como toda loucura é. mescla-se a mim uma grande linhagem de poemas híbridos puros, que diferem das indiferenças do que sinto. sobressai a mim a promessa de não mais poeta ser, rompo essa crença, e, respeito o desprezo de que poeta sou, profetizo a traição ao amigo, minhas desculpas no sorriso da garota do inimigo, me declaro autêntico nessas estúpidas linhas plenas de cinismo. nas blasfêmias do que penso com a hemofílica poesia, sangro junto com os sonhos postos na ferida para fecundar e gerar mais e mais feridas. sonhos rubros da cortante e inquieta poesia.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Soneto de despedida

arrependo-me de todos os meus versos e,
em especial, aqueles feitos pra ti.
a armadura de poeta apaixonado
não mais cabe em mim.

arrependo-me de todas as palavras que
elogiaram-te numa incansável luta.
arrependo-me pois hoje posso ver
que tu és apenas só mais uma...puta.

nesse derradeiro soneto, desejo
a ti, com tudo que ainda há em mim
o meu mais profundo desprezo.

arrependo-me honestamente dos dias
que em absoluto sofri, e, a partir de hoje,

por ti, não mais farei poesia.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A miséria do meu ser

vamos cantar o(ao) desespero,
às moléstias do humor,
uniremos força com a agonia que chega sempre sem convite e,
como anfitriã expulsa a grandes tristezas as alegrias presentes;
dedicaremos vários versos também à angustia,
que merece respeito,
pois ela certamente se proclamará autora desse poema pávido e sincero;
que todas as graças estejam com a covardia, que,
particularmente me tem feito companhia há anos
acho-a fascinante e,
respeito a coragem e o despeito que,
fazem dela uma grande e simpática "virtude" minha;
que o medo seja exaltado sempre , e,
como Drummond gostava de dizer:
"essa flor amarela e mórbida"
sempre tira de mim grandes coisas,
se expressa por mim como grande orador,
conclui frases com verdades,
esconde o homem que sou
mostra a todos apenas o real,
o medo é o auto espelho que mostra o que verdadeiramente sou,
tudo aquilo que pacientemente odeio e,
ânsias repugnantes tenho quando vejo que sim,
sou o meu pesadelo,
altares ao medo,
deus da virtude da coragem,
grande amigo;
que meu lirismo entoe sagrados cantos ao fracasso,
o verdadeiro dono das minhas conquistas,
o resultado final desse poema sensato,
o senhor da vanguarda,
o grande aniquilador das minhas esperanças
(essa idosa senhora que precede o próprio tempo, que arrasta seu manto negro sobre a alma dos obstinados crédulos da inderrota)
o formidável inimigo que em meu peito abrigo honestamente;
sem que me falte belas palavras elogiarei a timidez,
meu cartão de visitas,
essa extrovertida menina que me apresenta sempre alegre ao meu vazio interior,
me leva a divertidas festas,
onde, me encontro com simpáticas paredes,
com silêncios interessantíssimos,
me empolgo em mudos diálogos,
a conversa alheia dos meus monólogos, e,
ela me diz que sou comunicativo como os olhos são,
diz que meu futuro é uma reprise, uma fuga do passado,
um espetáculo intimo e pessoal
no qual atuo comigo mesmo num monologo nos palcos de hoje,
opinião sincera de quem tanto me conhece;
eufóricos e esplêndidos gritos ao amor,
ah o amor, o todo poderoso,
o mais sagrado e maligno sentimento humano,
o destemido e temido templário,
que apresenta sua singular bestial sacra linhagem ao nosso peito,
esse poeta facínora apaixonado
esse ladrão de dores,
semeador de perpetuas chagas,
ilícito e puro prazer incognoscível,
é o nirvana de cristo, a maldição de cristo,
é o câncer maligno,
a doença maldosa que abraça meu coração com uma fúria colossal,
é quem permite que o que eu sinto por uma nefasta dama
seja muito maior que todo o meu ser,
maior que toda a minha estrutura emocional,
é o gladiador implacável que na arena da vida dilacera-me impiedosamente,
me domina e me limita a ser um louco viciado
que procura incansavelmente a droga que lhe condenou,
a cura que o enfermizou,
a palavra que o calou,
a mulher que o deixou,
a bênção de deus que o amaldiçoa diariamente na compulsividade da memoria.

aplausos ao amor, a dor, ao resto de tudo, tudo que sou...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Poesia altista

tu, esse poema, é mim quem escreve(quem escreve)
1,2,3,4,5,6,7... muitas pedras no caminho, caminho
no caminho pra tu mesmo, nossa quanta gente
como ser tão só? estou só!(só), não! é meu
não toque, minhas coisas(coisas) não sou de mim
gosto só de tu(tu), nossa como é bonito ver girar
assim(assim), porquê falas tanto? não quero ouvir,
não ouço, ah porquê? como me sinto assim, não sou daqui
odeio você, morra, suma, não quero gostar(gostar)
não quero. por que amo você? vem cá, me abraça, olha!
é bonito ver girar assim, meu pescoço doí, meus olhos doem
não olha pra mim assim, não gosto dos teus olhos.
tu quer girar, mim gira, gira comigo. não sou assim
não quero, não vou viver(viver) não sou viver,

só existir(existir)...

Delírios num quarto escuro

vazei por uma estreita passagem até a antessala da razão. o pecado mora ao lado, e o devaneio certamente é vizinho da lucidez. me vejo só, numa sala onde parece ser um centro de reuniões, rituais e até mesmo orgias inimagináveis, essa por último, imagino por pura sordidez de caráter, mas se realmente o pecado mora ao lado e a grama do vizinho é sempre mais cuidada que a nossa, esse jardineiro sórdido também estava lá. num súbito e frenético ato de pensar, elaborei planos e mais planos sem nenhum fundamento, o pensar em demasia e o pensamento mecânico é tão nocivo quanto a guerra, pode até ter um propósito traçado, mas mesmo assim é totalmente nocivo, condenável e repudiado. nesse momento meu peito disse ou apenas taquicardiou- sinta mais, pense menos. emocione-se em demasia e não faça de sua cabeça uma maquina. não procure substituir algo que é pluralmente singular, algo que é o mesmo sempre, fiel mesmo se feito em serie, seria sempre o mesmo, único. o âmago, a alma, é incopiável, insubstituível. não tente ter com a cabeça, raciocínio, algo que só é possível sentir com o coração. meus olhos então me despiram a carne, e assim o espelho pôde ver seu reflexo e, num ato de sandice sacra minha alma pôde se olhar por um instante. no meio dessa autocontemplação, o meu ego inflou tanto que depois de segundos, estava eu observando do alto a antessala e a estreita passagem por onde vim, minha alma olhava-a trêmula pois meus olhos lacrimejavam muito e assim o sal esterilizou todo o meu corpo que, nesse momento, já como embalagem vil da alma voltava num ato rudimentar de bumerangue, e, na completa junção com o declínio do meu ego, volto ao lugar de origem. saio de um psicodélico sonho e encaro novamente a inútil e catastrófica realidade, a tal antessala da loucura.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

soneto

me deixaste órfão do amor,
me inclinas à ser obsoleto.
nas alegrias humanas não existo,
e encontro-me diariamente com a dor.

que peito alheio agora te abrigas,
em que lábios pousa tua boca?
você, grito que falta na minha voz rouca,
é minha libido atrofiada nesse meu corpo [que me intrigas].

se o desejo de ver-te ainda me persegue, um fardo,
é por que não entendo as mulheres que
sempre gostam dos homens errados.

por mais que meu coração inche na dor,
terei que dizer-te, tu, sol de minha aurora,
não saberá mais o que é amor até chegar a sua hora.

Poema louco

trago comigo meu amigo, meu açoite. 
meu amuleto, um gato preto da sorte que me leva pra morte à meia-noite. 
trago para mim meu trunfo, meu magro corpo exposto as verdades da loucura. 
as estátuas bailarinas me veneram, me vendem suas juras, 
me dão um beijo agridoce, o calor do mármore, no abraçar do cimento. 
fujo e me escondo em hediondos aposentos, 
tumbas florais, na vida o caos, na morte a paz. 
apresento-me então nas águas a narciso, 
ele foge do reflexo e, eu indeciso, não sei se fujo com ele ou se beijo o perigo. 
discuto com o eco e em cavernas externas apresento-me escondido. 
acendo uma vela e nela plugo a minha caixa magica, pego um cigarro, 
fumo o meu fosforo e degusto a fumaça, 
faço um esboço de toda a minha desgraça e 
declamo um poema de augusto aos dilemas do homem: 
amor, dor, morte. 
a novena que segue é eterna, é a mesma que age cega na cronologia dos vermes.
 penso calmo e me entendo, pois enforquei meus sentimentos, 
matei todos os meus princípios bonitos, 
acabei com a alegria presente em tudo que faz sentido, 
minha opinião joguei no lixo, busco na tv cultura e nessa cultura auxilio a ignorância, 
me enforco em cabos elétricos, 
me mato, me autodestruo, me sinto satisfatoriamente esperto.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Tecido de cetim

Voa longe de mim, vai sempre pra longe,
perto de ti,
meu coração,
esse beduíno errante, amante seu.
A dor tem o formato do seu rosto,
lembranças doem, assim,
quando penso que eras minha no passado,
felizes instantes.
Tu deixas em meu peito cicatrizes mais profundas que as feitas por espadas.
Tenho doloridos espasmos,
dores que me acompanham como escravos,
era pra ser assim?
Me situo no meio de tudo,
em núcleos de espaços distantes,
um universo em colapso,
sou tribo sem deus, sou deus sem propósito,
incógnito desde que o mundo pra mim passou a ser inóspito.
Como é possível haver alegria em mim se você me abandonou,
como posso permanecer o mesmo se foi você quem me inventou?
Peço por favor que envenene os seus lábios e,
que até mesmo com nojo, venha e me beije uma ultima vez,
acabe o que começou,
mate esse poeta de musa singular, superior.
Finde meu pranto para que eu possa não com os olhos húmidos ti olhar,
mas sim ver-te com a alma,
a mesma que pra sempre, sempre ira carregar
as feridas que meu corpo conseguiu por ti amar.
Eu sei que ao ler isso saberá que és você,
pois tu, dama geniósa,
dama das minhas magoas,
você sempre saberá que esse estranho aqui é seu e,
mesmo que não queiras, seu servo sempre será.
Sei que é difícil conquistar-te de novo assim,
pois soa patético um homem por alguém sofrer, assim,
grandes mulheres querem hércules,
homens fortes, como de marfim,
mas como posso me enganar e mentir,
se tu sabes que sou mesmo frágil,
tão forte e robusto como tecido de cetim,
porem o que trago comigo e desejo dar-te enfim,
garanto que nem mesmo seu mais bravo herói poderá sentir.
Falo do mais puro amor, aquele que tem sua própria lógica,
que age e vaga pelo signo do absurdo,
tão intenso que as vezes penso que tem massa e, é matéria.
É a graça que lhe dou por um dia permitir que meu corpo junto ao seu pudesse o
infinito sentir.
Que esse sentimento voe e pouse em seu peito,
lugar dele de direito e, que esse direito nem a morte possa tirar,
nem mesmo o tão aguardado fim,
mas que você permita que ele sempre more aí,
em seu coração,
seu cofre de emoções,
nessa caixa forte que um dia a chave pertenceu à mim.
Agora vou embora, pois não quero que as palavras me faltem nessa hora,
nesse poema seu,
nessa prosa angustiada que termino com um olá,
com uma lágrima,
com um adeus.

Drogas

lembro que expliquei pra você que a minha culpa não é culpa, na verdade não passa de uma certeza muda que sinceramente você já sabia. você não me entende e eu entendo isso, pois o meu manual eu já queimei há tempos, já soltei na fumaça toda a minha vontade, toda a minha hipocrisia, a vontade de usar e a culpa depois, mas tudo bem, pois minha culpa na verdade não passa certeza muda que, sinceridade, você sempre soube. peguei pra mim todo o controle possível, quero me controlar um pouco, quero assumir pra mim que não estou errado, quero aceitar essa liberdade, essa ideia boa de viver a vontade louca de sentir que, todas as coisas em geral, tudo que está ao meu redor e, que de certa forma me influencia, está indo embora, está sumindo e eu estou ficando, estou indo embora também. estou eufórico, com sono, sinto uma coragem imensa, tudo é possível e nada é problema, porém tenho um grande medo, medo que descubram que tornei-me uma pessoa hipócrita, pois lembro que expliquei pra você que a minha culpa na verdade não passa de uma certeza muda e que, sinceramente, você não sabe nada sobre porra nenhuma, de mim todos só sabem o que precisam(me sinto as vezes um vampiro com carrapatos) e você com certeza exata e precisa só sabe o meu nome, mas tudo bem pois a sua culpa é meu álibi, que também já se foi com a fumaça. a minha arte no escuro. o orgulho da minha parte, a minha simples e singela colaboração, a minha palavra vai como meu voto de adoração, fiz estátuas de fumaça, vi verdades em metáforas, enigmáticas mentiras, mas meu declínio também tem euforia, minha cabeça louca e gosto de alumínio na boca, psicodelia. talvez tudo isso seja culpa minha, pois minha culpa na verdade não passa certeza muda e, absolutamente, no final de tudo, sempre ficamos surpresos e viciados. foda-se.

domingo, 20 de janeiro de 2008

O que diria a poesia?

o que diria o que nunca escrevi?
por onde andaria se não estivesse aqui?
sei que não seria o mesmo se pra mim bastasse apenas ser assim!
o que diriam os livros que nunca li?
do que falavam as canções que nuca ouvi?
por quem, e pelo que lutavam as pessoas que não conheci?
quanta importância tinham as virtudes que perdi?
o que diria a poesia que não lhe escrevi?
o que falava a carta que não mandou pra mim?
o que representava o amor que nunca senti?
e sobre o que eram as palestras que nunca assisti?
quais eram os medos que nunca senti?
quais eram os problemas que nunca resolvi?
quais eram os segredos que nunca ouvi?
quais eram os sonhos, as promessas?
para que lugar me levariam as drogas que nunca provei?

até onde iria esse poema se não acabasse aqui?

Amor de luto

o que explica meu pranto não mais me faz crer no amor, pois pra tantos a conquista de um coração alheio é tão fácil que fica até patético crer nesse sentimento sem propósito. então porquê choro, por que não consigo explicar e entender toda essa história de amor?

reclamo e abro mão disso e, mesmo assim, sinto em minha alma uma grande prerrogativa, deixo tudo subjugado pra que nem mesmo eu possa entender(...) soa como amar a espada do inimigo que se encerra em seu peito, é admirar a amargura da vida e a falta de solução é sempre uma grande alegria. penso que aqui nada explicaria o meu pranto, choro apenas para poder sentir o gosto salgado das minhas lágrimas, já que não posso mais sentir o gosto doce da sua boca, amarei então o fogo e beijarei com paixão brasas. faço isso em protesto e em memória de ti e, nesse cemitério, amor, hoje lhe trago negras rosas.

Poesia egoísta

me salve agora que estou em perigo,
prove aquele amor que sentia por mim.
me ame agora que ti odeio,
prove aquele calor,
o desejo do corpo,
me salve agora que estou sozinho,
venha e peça perdão pelo meu perdão e
chore junto comigo a razão de amar.
me beije agora que estou sangrando por ti ferir.
me aceite agora pelo fato de eu não mais mentir,
volte e lute por mim.
me entenda agora que não sou de ti,
me surpreenda e roube outro pedaço de mim.
se renda e liberte esse pretexto do fim,
me iluda e dê-me seu amor, assim, me faça feliz,
como foi com sangue nas mãos Caim.

destrua e estruture essa carcaça de homem que sobrou de mim.

Estado vazio das mágoas

minha honesta opinião sobre mim é escárnio.
a frase favorita, aquela que diz "suicídio é remédio",
é fuga, é coragem de covarde, é ser homem pela metade.
meu coração tem sangrado tanto,
mais do que sangra uma virgem,
o pranto do sexo na primeira trepada.
meu coração adotou uma doutrina totalitária,
você, rainha absoluta desse sentimento canalha,
esse que vai na vanguarda das conquistas impossíveis,
minhas feridas e minhas paixões são compatíveis,
podre reciprocidade. mas nossa história ainda que seja suja como o
capitalismo, tem e sempre terá mais moral do que o cristianismo.
indecentes razões fazem sentido quando penso que
na verdade entendo o escapismo das coisas,
a fuga dos mártires, as overdoses e mais doses que
me fazem ser sincero na autodestruição,
no abraçar do que sobrou, na dor,
no egocentrismo estúpido que nos dá a solidão,
na poesia, na ânsia escura que restou e
que espero eternamente nunca mais ser o que de mim ficou,

nunca mais chorar e nem esperar pelo retorno do amor.

PUTA SANTA JUSTIÇA

santa justiça, janta os menores e convida os senhores.
santa justiça veste branco pela paz mas adora um caos.
salve nossa santa justiça.
viva!viva!
no papel é uma santa justiça,
mas ela encena e,
em cena,
é uma puta injustiça.
puta santa justiça,

janta os menores e convida os senhores.

Estupidez

talvez algumas palavras me tornem um pouco mais idiota, acho que o que carrego comigo é suficientemente idiota. minha opinião é sempre a mesma, a mesma coisa idiota que disse há um tempo atrás, na verdade agora não me lembro de ter dito nada, acho que isso é sintoma de estupidez, coisa típica de idiota.

Ironia

o espelho vazio, a parede nua, o jardim repleto de estátuas suas, o meu violão sem cordas, o meu espaço totalmente ocupado pela sua falta, a nossa menor distância é uma linha torta e interminável. o que me consola é uma culpa descartável.

o jardim sem rosas, o museu virou lan-house, a nossa impossível possibilidade é um quadro exposto aos clichés mais espontâneos, frases feitas, palavras sem efeito. findar o encontro com desprezo, fazer da casualidade rotina, fugir dos outros sem receio, amar os outros por onde creio que nada, na verdade nada merece esse crime. o espelho nu, a parede vazia, o jardim repleto de estátuas suas, ironia.

A cura

o riso na minha face, o sorriso em meus lábios é o enlace do desespero,
o escárnio cospe elogios como quem abraça o medo,
os dias são de aço e nada passa de mim mesmo,
sou o sarcasmo do espelho, a ilusão dos sonhos,
o pesadelo modelo da realidade,
a ausência do amor na essência da solidão,
sou o fantasma vivo, a noite sem lua,
meu coração sem espera a sua procura
vaga sozinho longe no espaço vazio que me abrigas,
a angustia que se oferece como mãe,
me da um beijo e se emociona com meus erros,
procuro não sair lúcido disso
pois espero com atraso o desejo da loucura,

a fuga, a cura...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

soneto

você, minha querida flor amada, meus suspiros
secretos, sempre você, eterna mulher das minhas
magoas, escrevo a ti esses meus apaixonados gritos.
suspiros de amor dessa minha sofrida alma.

por mais que a dor perpetue no meu peito, minha
doce dama amada, pensar em ti é nirvana, é desejo
que liberto, pois prometi pra sempre ti amar e,
mesmo banido, continuo ainda teu servo.

você, universo paradoxo, paralelo, minha razão
é como igrejas a ti, altares a ti, comercialização
da dor, eu, amante lúdico atormentado pelo amor.

tento me salvar, me esconder, mas esse amor
é uma estaca na mão do teu auto espelho, do
meu demônio interior, do meu querer.

soneto

do contrário do que sinto e, habito sim
o outro lado, me vejo agora apto
para compor esse soneto,
palavras absurdas do poeta de mim.

haveria algo de amor aqui, mas esse quarteto
é reciproco do contrário do primeiro e, esse
amor que sugiro, nesse poema, ele será não uma
lembrança, nem uma busca, será ignorado.

pensei em sugerir algumas palavras, mas o poeta
de mim às achou absurdas e com o uso das mesmas
palavras começou tudo isso debochando de mim.

do contrário do que possa parecer, e o que for
será e, seja o que for, nunca vou me importar,
pois termino isso e me proclamo poeta, sim.

soneto

me estendo na superfície do seu corpo
e pretendo morrer ali, quero
descansar ali, no calor que
o teu corpo passa para o meu.

morro febril, ardentemente sucumbo aos teus
prazeres, deusa da carne, suplico-lhe, sacie minha
vontade de escravo, dê-me seu corpo que juro
por todo o sempre, sugar-lhe o liquido grosso.

nas blasfêmias do infinito, nas ruínas do erudito,
nos altares corrompidos, com os anjos da libido
tu me devoras e, serve-se toda no meu corpo estendido.

criatura que o molde o inexplicável fez, que o
poder que tens sobre todos é a força de um
corpo, e o eterno posto de mãe.

soneto

o universo que sou, mais um solitário algo.
e tudo isso diz pra mim que eu sou coisa
alguma, me destruo e permaneço calmo, morro
com cara de idiota e fico sem saber porra nenhuma.

não entendo nada de universo, mas sob essa
lua amada já fiz vários nadas pautas para
meus versos e, esses versos, de um poeta de
nada, é uma escada para universos à beça.

esse mundo com cara quadrada, fachada de teatro,
tem em cartaz um palco capaz de matar infinitas
peças, num jogo quadrado de dados.

matéria errada, galante sou, figura de um
transeunte magro que tem no sangue
a mistura de tudo, um universo em colapso.

soneto

eu e outra vez o medo, o medo e outra vez eu.
eu vou na frente dele, e ele vem atrás da
minha sombra por onde vou. o medo e outra
vez o espelho, perguntando por onde andei.

eu e outra vez a angustia, você e todas as
outras putas que tanto amei, nenhuma
lembrança me tira da alegria funesta que
me abriga como um vício patético e perfeito.

eu e outra vez a vida, ela e seu nariz empinado,
eu à escarro na cara feliz, como quem quebra
o nariz de um sujeito.

ela e outra vez omissa, eu e outra vez
promiscuo, flerto com o medo e à
desprezo com um preconceito.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Rosas Negras

rosas negras
trago pra ti
pétalas foscas
espinhos envenenados
com angústia
trago pra ti
rosas negras
amor de preto
paixão gelada
beijo
lábios de vidro
com angústia
trago pra ti
rosas negras
juntos no escuro
mutuamente sozinhos
sexo
corpos de porcelana
com angústia
trago pra ti
rosas negras
liberdade para o vicio
órfãos do antes
drogas
breve loucura
com angústia
trago pra ti
rosas negras.

(O) A'MOR'TE TEM PODER

amor meu
perfeito pra ti
amor meu único
com todos pra ti
amor ilícito
amor lúdico, sádico e louco
amor imenso, incerto e isento
amor meigo, claro e intenso.

amor meu
perfeito pra ti
amor meu único
com todos pra ti
amor explícito
amor moderno, retrógrado e metódico
amor sincero, mentiras e verdades
amor surdo, sem sal, analógico.

amor meu
perfeito pra ti
amor meu único
com todos pra ti
amor automático
amor bonito, esperto e apático
amor injusto, imposto e legal
amor em transe, em pranto, em viagem astral.

(o) a'mor'te tem poder

amor teu
perfeito pra mim
amor teu único
com todos pra mim
amor teu e meu
sinônimos, metáforas
amor teu e meu
contrario e otário
amor diáspora, sedentário.

amor teu
perfeito pra mim
amor teu único
com todos pra mim
amor teu por acaso
amor teu por aí, de bobeira
amor teu indigesto
amor teu sem nexo
amor teu anexado à mim.

amor teu
perfeito pra mim
amor teu único
com todos pra mim
amor teu impróprio
amor teu inóspito, em off, insólito
amor teu regrado, alternativo
amor teu feliz, impuro, playground
amor teu mainstream, feio, underground.

(o) a'mor'te tem poder

amor nosso
mútua perfeição
amor nosso único
o mesmo de todos, pra todos
amor nosso sujo, frio e corrupto
amor nosso puro, transparente e escuro
amor nosso amigo, recíproca empatia no absurdo
amor nosso antissocial, ilegal
amor nosso bonitinho no papel, no motel.

amor nosso
mútua perfeição
amor nosso único
o mesmo de todos, pra todos
amor nosso egoísta, solidário
amor nosso presente, ausente e solitário
amor nosso super nova
amor nosso na veia, na seda, na cama
amor nosso na mesma, o mesmo
amor da ultima semana.

amor nosso
mútua perfeição
amor nosso único
o mesmo de todos, pra todos
amor nosso chapado, embriagado, insano
amor nosso lúcido, justo e sórdido
amor nosso da rua, da noite, da esquerda
amor nosso psicodélico, da lua, da incerteza.

(o) a'mor'te tem poder

amor meu
amor teu
amor nosso
amor infinito, por enquanto descompromissado.
amor infinito,
por enquanto

descompromissado.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Jaz

me libertei. minha tv quebrou e,
sempre falei pro meu brô,
pra mim vale mais um cigarro do que um programa.
vou, continuo livre mas atordoado,
não sei aonde estou, acendo um pensamento,
passo lento com o vento,
me encontro com meu peito,
sento ali no canto peço um momento,
meu coração já em pranto procura pelo seu leito,
então respiro olho longe e penso comigo,
não sou um fracasso é o horizonte que se esconde.
agora livre, mas sou pessimista por natureza,
nesse mundo egoísta, me perco ainda mais,
volto pra casa e penso angustiado
que diabos quero mais?
pois fui livre um momento e mesmo assim andei pra trás
não quebrou, a luz voltou, e

o livre agora jaz.

Humores corrompidos

do lado esquerdo da indecência humana eu me escondo, me refugio no pudor liberado, na explosão das emoções, no contrassenso que vem arrancando suas roupas e máscaras. na loucura lúcida, vívida e limpa que estilhaça seu peito com munição pesada. o exército de dentro quer sair, quer falar que loucura maior é lucidez plena, lucidez digital, mundo "idiotal", vida chata como longo capítulo de novela, que a mesma cabeça digital, na sala, ministra e profere para um ser "racional"

do lado esquerdo dessa contradição eu apareço e, na loucura minha eu me sou livro, me aventuro nas minhas páginas, sou a poesia cortante que arranca do personagem as verdadeiras palavras, as ideias subversivas que são tão nocivas quanto espontâneas! crianças felizes. o coração do poeta se derrama sob o que agora do sangue já encardido tá a alma do personagem, queira heroico, queira suicida, poesia explícita que o livro que sou diz pra realidade fanática.

do meu lado eu me protejo, luto por mim, pelo meu mundo e pra que minha razão reine absoluta escondida no abismo da minha loucura. posso sobreviver se aceitar a ideia de que a vida é chata, que a razão pela qual ninguém sabe porra nenhuma sobre razão alguma e que tudo é lucidez, loucura pensar assim.

do lado que agora me apoio para escrever esse poema, está minha parede, me protege me aprisionando e com suas três irmãs faz do meu quarto um mundo decente para mim, único habitante desse lúbrico habitat, personagem lúdico que a parede protege como cão a berrar.


do lado que me cabe como autor peço licença para terminar, a indecência humana racional tirou minha máscara e agora eu sou a cara da razão, sou a razão, ela em mim como maldição. a loucura vem como uma bela dama, me convida para sair, me oferece livros e drogas e me estupra, como prova que eu à pedi para poder aceitá-la.

soneto

acredito muito mais naquilo que não posso ver,
assim olho ao redor com os olhos da alma,
vou muito além do sintoma de crer!
acredito em tudo, mas de mim duvido com calma.

calibro minha fé pra não errar o santo,
declamo a oração como quem sorri em pranto,
aponto para o céu e disparo um interrogativo ponto.
a oração volta como palavrão de um incrédulo santo.

duvido muito mais da minha capacidade de amar.
necessito do amor para sonhar,
mas acredito muito mais naquilo que possa me excitar.

como um poeta, escrevo e grito na poesia algo como
um apaixonado ao entardecer frio de outono beberia
numa garrafa doida de uma lembrança chamada carolina.

Loucura de sábio

sábia pessoa que sabe que sábio não se julga o tal.
e a insanidade é sentir-se mau? qual o valor da revolta,
se a revolta se volta contra os valores e,
contra todo o tipo de "sabedoria aprisionada em camisas de força"?
sábia loucura simplória que se faz de humilde,
mas honesto mesmo é admitir que a hipocrisia
dentro de nós é lei(o melhor para todos pois assim me sinto bem).
otário garoto laranja, louco se julga e
criança recusa missa de domingo.
minha ignorância aprendiz é o ápice do

sábio otário que louco aqui se diz.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A cidade sozinha

a cidade sozinha
as pessoas amontoadas em
ruas caladas
a cidade sozinha
as pessoas caladas em
ruas amontoadas
as pessoas sozinhas
as cidades amontoadas em ruas.

as cidades amontoadas em ruas
as pessoas sozinhas
ruas amontoadas
as pessoas caladas em
"a cidade sozinha"
ruas caladas
as pessoas amontoadas em
"a cidade sozinha"

as ruas sozinhas
as pessoas amontoadas em
cidades caladas
as pessoas sozinhas em
ruas caladas
nas cidades amontoadas
as pessoas caladas
amontoadas em ruas

na cidade sozinha.

Apenas jamais

lembro que funciona como espelho e, refletia nada ao mesmo tempo. era como uma coisa sem sentido, uma incerteza insana. era uma poesia com glossário, uma canção por dinheiro, um beijo para a paz. como nos filmes de Charlie Chaplin, talvez fosse a voz no momento mais mágico do cinema mudo. assumo tudo e, procuro pensar se realmente mesmo não fosse apenas ou jamais.
acho que não amei você!
acho que não amei você!
lembro que a letra da canção distorcia tua alma como oferenda ao roquenrou. a canção era fraca, reprise de um show de demonstração de como usar o seu computador, era a mesma coisa de sempre, pois eu sempre queria. lembro que funciona como espelho e, refletia nada ao mesmo tempo, é como uma lúcida certeza com nenhum sentido.
acho que não amei você!

acho que não amei você!

Eu, os outros e minha poesia

os outros me dominam. me fazem mau como quem tira o brinquedo de uma criança. a musica pop as vezes me emociona, o meu raciocínio é estável como é instável o meu controle emocional. são os outros, eles me dominam.

os outros me dominam. me influenciam, é como se o poder de persuasão fosse as drogas e a minha resistência fosse o vicio. a minha derrota é evidente, é morte à todos os amotinados é revolução de merda. são os outros, eles me torturam, me dominam, me tiram a palavra e depois tentam criar um diálogo.

os outros me dominam. me deixam livremente aprisionado numa camisa de força da moda, uma proposta, usar meu corpo de janela. é a globalização, os outros, o autoritarismo, os outros, o consumismo. os outros me doutrinam, me dão um deus que me castigará por viver, é dar o brinquedo para a criança e à proibir de brincar.

os outros me dominam. são os meus senhores, donos do poder. me viciam em dinheiro e depois escondem a droga de mim, as vezes me sinto como Abel negociando seu perdão à Caim. são os outros eles me derrubam e estendem a mão e, eu me apoio mais uma vez na mão do meu opressor.


os outros me dominam.me falam a verdade apenas para concluir uma frase, é a infidelidade da amizade, pois os outros não são amigos, não meus. são apenas pauta para minha poesia, faço com eles aqui o que eles fazem comigo lá fora, longe dessa histeria. são os outros, eles me dominam, me fascinam, me auxiliam em minha poesia.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Poesia da janela

vou embora contando os passos(me perco dentro de um limitado e infinito espaço) penso em voltar mas finjo estar apressado(ignoro o relógio e repenso-será que volto?)junto minhas coisas e espero, penso inquieto sobre o certo(acerto o relógio e desperto)

a poesia da janela voltou, me trouxe você olhando a lua e, pedindo desculpas sobre algo que a mesma pálida lua nunca se importou.
a lembrança me trouxe você em um sonho desses que, sonhei. e aí me vi ti olhando admirado num passado tão recente quanto um sonho passado que, sonhei!

a janela aberta sempre à espera, aflita me avisa com uma vontade besta de fumar um cigarro, me queimo então aceso na fenda aberta da parede, sinais de fumaça vão com o vento, o cigarro se convence de incertezas, e agoniza já em brasas, na janela da ideia perdida da egocêntrica certeza.


me perco dentro de um limitado e infinito espaço(vou embora contando os passos)acerto o relógio e desperto(junto minhas coisas e espero, penso inquieto sobre o certo)ignoro o relógio e repenso-será que volto?(penso em voltar mas finjo estar apressado).

Duas estrófes

estou ainda longe
mas pra que correr?
do tempo eu quero um tempo
pois o tempo é só um peso a mais
do tempo eu quero um tempo
apenas um momento
só pru'm verso a mais
e nesse passo eu vou
aonde ninguém me alcança mais
hoje sei quem sou
o resto, o que passou
não importa mais

estou ainda longe
mas pra que correr?
do tempo eu quero um tempo
pois o tempo é só um peso a mais
o tempo eu traço lento
solto ele no vento
com um verbo a mais
e nessa ataraxia
trago a poesia
com um algo a mais
ti dou um beijo e digo:

"guarde esse amigo que não volta mais"

Quarto, um cigarro a pensar

quarto.um minuto se enforcando no relógio
do tempo insólito de um único lugar.
é a paz na balança, excitada e eufórica
de tanto brincar. meu pensamento é
um sujeito estranho e simpático que
observa a garotinha sem piscar.
a angústia então o obriga a pegá-la
e num ritual estranho dilacerar o corpo
da paz num gesto simples de pensar e
depois gritar "drogas, drogas..."
quarto. um minuto a pensar,
o cigarro com o dedo vai longe e
de longe vem ou volta o habitante desse lugar
se sentindo culpado e estranho

de um simples cigarro na janela do quarto ao luar.

O lamento das coisas mortas

lágrimas no jardim da noite,
lágrimas no jardim do quarto.
o quarto vomita uma grande fúria em cima de mim sempre que nos encontramos. uma rosa negra da palma da mão do quarto eu colho toda vez que os meus olhos se expressam de uma forma límpida, liquida e sincera.
lágrimas no jardim da noite,
lágrimas no jardim do quarto.
paredes e mentes, emoção e razão brincam de roleta russa entre um desespero e outro, a loucura me procura e oferece ajuda "indoor", há um código de barras em minha liberdade, sou livre como é livre os meus vícios, minhas necessidades, a possibilidade de voar...
lágrimas no jardim da noite,
lágrimas no jardim do quarto.
como o pensamento que voa livre ao acesso de um mundo sem cabeças;

e uma cabeça que vive a não se importar com todo o pensamento que seja ou que possa se amotinar; é o poeta sem sucesso (d)escrevendo tudo em versos a fragrância do penar, a janela aberta, o quarto, o luar e a dor. tudo exposto à prosas. uma triste poesia chamada o lamento das coisas mortas.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

À mulher

venha e me deixe
me despreze e me beije
me ame e faça, seja.

me peça e me tenha
me use e de mim seja,
senhora, dama, puta, helena.

me ame e me mate
me cale e me acalme,
mãe seja.

devore a minha carne
esculpe a minha lápide
meu epitáfio, escreve no mármore.

ser que o infinito sabe
e o ardor das fêmeas descreve em frases:
"o amor venceu mais uma vez o sagrado ritual do abate"

no ar a fragrância da vitória,
um suave cheiro de virgens
atinge a libido dos vermes, da escória.

e tudo acaba e começa
como missa de domingo, promissora reza.

o pecado despido em corpo de mulher, Eva.