sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

soneto 1º

da emoção do caos ao espanto da guerra
subitamente resgato o que outrora era belo.
minha arma - o sentimento- é o que trago para a fera
e da mesma emoção produzo o meu berro.

a liberdade da raça humana extingue sua espécie.
a beleza que o caos tempera é a destruição e
a harmonia barata é rara, pois sua falta ninguém esquece.
a guerra traz paz, pois silencia toda a multidão.

o soneto que escrevo é apenas poesia incerta,
e o propósito sem propósito não atinge meta.
como o homem que mata por direito de ser livre.

o caos que o espanto da guerra traz
é a minha poesia, minha arte sozinha sem mas.
são surdos zumbidos e palavras de grosso calibre.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

VERSOS A UM PUNK MORTO

Na certeza de que a eternidade seja efêmera ele vai...
despede-se da vida como quem parte atrasado,
anda pelas ruas desertas como dama da noite,
promiscua fêmea.
Atrás do que sempre vamos?
o que procura a vida em você, pontos fracos?
A ver pela única certeza útil temos a morte
amiga furiosa que espanca o corpo nú da vida e mostra sua beleza fútil,
sua cara maligna,
andarilha vadia que destroi há séculos a alma de todas as matilhas.
Mas,
ela é o verdadeiro cão
a madrasta nefasta
divina.
Na noite buscamos alegria
somos livres como é "livre" a euforia que vem em comprimidos,
garrafas... Ah! Fumaças ilícitas nos dão a fuga dessa novela vazia.
No corpo a arte exata combina com metais que rasgam o corpo,
e a dor é a dor que enobrece,
a dor que excita,
assim como também são nobres os prazeres carnais.
Vai homem!
Vai a luta.
Põe suas roupas,
sai...
rasga sua alma
ignore a moda e,

na escola busque a certeza de que já é hora de revolta. (dentro de todo homem há uma criança revolucionaria).

Nossas espadas emitem sons raivosos
mas o que hipnotiza não são os ruídos
é a reciproca ideia de ti e da interior verdade:
"sou eu sempre, porque eu sou a insana realidade".
Embriagado na estrutura confusa do meu ser permaneço calado e,
em frente ao palco vejo o roquenrou de uma forma bonita me apresentar ao tão temido diabo.
Subo então até esse altar sagrado
e la de cima vejo que não preciso de regras e/ou normas,
nada que seja obrigado.
Na mais pura sensação livre que a fiel liberdade nos traz, eu pulo sobre a multidão
e ela me recebe com tamanha intensidade que um segundo ali
pra mim é a própria eternidade.
Então conscientemente desmaio
e declamo gritando os versos destilados
da poesia da minha vida no nobre roquenrou psicodélico psicografado.

(Se você misturar vida com roquenrou vai perceber que o mais fóda de todos os esportes radicais é a crua róda punk, a mais intensa contemplação da vida. É como que se nesse mesmo palco a própria vida fosse uma puta bonitinha de dezessete aninhos fazendo strip, e a cada acorde novo do nosso velho roquenrou ela se oferece pra você como verdadeira dama excitada e, dentro dessa mesma róda punk eu à estupro e depois vou passando seu corpo pela multidão enlouquecida de volta ao palco, e de novo no palco ela ganha vida.e tudo começa de novo.pra mim, misturar vida e roquenrou é isso).

Mantenho contato com o outro lado
e para abrir a porta e conversar comigo,
o "eu" do outro lado,
eu acendo um pensamento e viajo enquanto meu corpo no ar é lançado.
Descubro o que sou, e
volto para libertar-me sóbrio da infeliz sociedade.

Aprendo entorpecido pra entender o que de mim quer a realidade.

Meu álibi é a loucura,
assim revoluciono 24 horas dentro de um minuto,
e assim vivo intensamente cada segundo:

( comparo isso a determinação de uma chuva, que sempre molha os telhados); (metafóricamente falando isso também esta ligado a brasa do cigarro que queima ferozmente até a última tragada).

O punk é como o corpo que nasce pra ser enterrado.
Cemitério, ah! tão desejada morada,
quem sempre tanto quis dizer,
quis gritar,
no epitáfio se expressa.
Derradeira poesia do poeta
sujeito confuso que ama a lua e,
a noite,
a amante sua,
sempre lhe estupra com amor
e o resgata da boçal verdade do dia
e, se entrega totalmente pura,
como se fosse a mais natural das ervas.

Como é pura a vontade de novos dias da nossa ardente anarquia, revolução arco-íris torto sórdido e escuro que brilha no horizonte "a super nova super da poesia".

Ah como é boa essa vontade louca de me perder da vida...
e me achar de novo dentro de um novo dia, e esperar angustiadamente pela noite, essa efêmera eternidade que na realidade transforma todos os homens e,
na loucura apenas nos liberta.
é a chave da porta da percepção
a psicodelia que nos espera,
que nos leva pra longe da inescrupulósa razão.

soneto

e, o repúdio veio de sobressalto
me tomou como vítima e lambeu
meu coração. o sangue tomou como caldo,
e depois como demônio faceiro se mordeu.

fui e do sarcasmo trouxe doces palavras
de incentivo para a solidão,
mas num canto escuro a encontrei morta há meses,
e em sua face a insanidade numa lúcida expressão.

depois encontrei no espelho um rosto cadavérico,
procurei nessa mesma janela egocêntrica explicação,
mas explicar o quê? talvez apenas pecados como méritos.

e dentro de tudo isso soa um eco genocida.
os poetas emudecem, abrem os ouvidos e
com os dedos trêmulos disparam palavras facínoras.

soneto

recebo flores da morte e ela me da um beijo,
toda noite essa mão fria e pálida me abençoa e
tudo talvez me acalma, pois do lado o medo e a alma
beijam-se loucos num amor profano que ressoa.

espero sem angústias por ela, abro a janela e
o vento frio da madrugada faz do meu quarto o
lar dela, como boa anfitriã ela me toca e
leva-me pra sempre onde o infinito sempre me espera.

a vida reage e sempre me traz, mas me sinto já sepultado e
como um viciado pergunto, por quê não mais?
a resposta vem em forma de canção, como um sopro de paz.

enfim terminamos nos amando, mas tudo bem, admito,
pois temos planos de um dia brindarmos a noite juntos
pra sempre em um belo infinito.

Soneto de aniversário

a data. uma sala espaçosa e vazia,
paredes brancas com gosto de aço.
o dia. mais dia é menos e
o preço a cada dia mais caro ainda.

o presente. um universo escrito em versos que
o poeta destino escreveu tempos atrás em algum boteco e,
cansado dos mesmos versos,
criou algo novo, ou algo supérfluo?

a festa. pessoas estranhas e, os olhos arranham
a alma do anfitrião, o mesmo se esconde
em mais um ano querendo ou não.

você. parece feliz e é feliz,
mas a alegria é só porque sabe que falta menos
e, se você partisse agora, nunca te esqueceremos.

Soneto

que inacreditável força vazia é essa?
eu, clandestino da alegria, euforia,
viajo em longos pesadelos de poeta e,
assim atuo como vítima da minha poesia.

no escuro da angústia procuro por algo,
e como que com um disparo vem-me a tristeza,
violenta minha alma e me toma de assalto,
sou um estúpido e mal escrito poema.

na minha loucura me mato todos os dias,
e como um viciado punk-hippie
na minha razão pura suicídio é utopia.

do espelho recebo a sombra de um suspiro,
então faço das drogas um gatilho e
vou embora num disco voador sem destino.

soneto

fumaça flutua tem asas, vai longe tão longe
no alto dos montes. fumaça flutua sem asas,
levita aflita fugindo e indo
vem vindo sem o vento, com o vento, aflita.

fumaça se esforça e esboça a cara
inerte do tempo, da vida e de toda essa bosta.
fumaça me acha sufoca e agrada,
fumaça assusta meu cérebro esperto e me da a fuga.

fumaça e mais massa apenas e nada, apenas
as horas que morrem e passam. fumaças palavras,
boa fumaça, boa ideia que nasce e não sabe.

nobre minuto lhe peço e lhe dedico atenção,
espero que entenda minha aflição, meu caro,
deixe-me morrer queimando meu ultimo cigarro.

Soturno soneto

o amor morreu e foi embora também
toda a paz interior, toda a bonança.
um corvo sobre  minha cabeça disse amém,
e no horizonte ao longe se enforcou a esperança.

a dor reinou, instituiu novas leis.
fez anjos de escravos e
os demônios tornaram-se reis,
o beijo agora é apenas escarro.

uma triste e horrenda sinfonia
de choro, gritos e uivos,
passeiam calmamente guiados pela agonia.

uma bela dama surge como flor no esgoto,
sua virgindade traz pureza e beleza
para o ato do estupro.

soneto

apresento-me ao avesso e
recuso-me aos meus interesses.
proclamo dependência e ti amo
durante vários blefes.

entrego-me aos cuidados do opressor,
rendo-me sem armas e por amor,
escondo-me e faço de ti
senhora de mim e da minha dor.

ofereço-lhe todo o meu apreço,
mas do bem querer você me da o antônimo
e possui-me com desprezo.

gostaria que esse soneto
libera-se veneno ao ser lido,
pois o escrevo a ti e, trago-lhe a morte nele escondido.

soneto

pai, porque me fizeste tão miserável?
possuo defeitos de um mundo nefasto,
sou cruel com minha alma, lamentável.
no fim sou feliz, efeito retardado.

tenho a sorte de um mendigo
que sofre e sofre sem saber que
a vida não quer ser seu abrigo.
pai! miserável! por quê?

todos dizem “besteira se lamentar”
mas toda a unanimidade é burra
e a culpa é sua e minha meu azar.

loucura dizer que no fim tanto faz,
pois parto infeliz, e não importa mais?
morre alison rodrigo morais.

soneto

um palavrão uma reza, um improprio segundo
um mundo no qual meu futuro é excluso.
uma palavra – foda-se – impulsivo, bêbado
cedo quero por fim nisso tudo.

feliz, ah! eu quero isso, quero ser,
mas por que é diferente desse lado?
meu fardo às vezes parece sempre crescer.
jogar, vencer, sempre me sinto irritado.

sou escravo do meu próprio querer,
vejo-me maluco num mundo
onde lúcidos tem o poder.

sou um fracasso mas não é minha culpa,
essa vida pra mim sempre foi um puta,
e essa puta eu quero foder.

minha fé santo nenhum corrompe,
meu nó santo nenhum desata.

construí um altar para os malditos,
preciso de muitas lágrimas para poder me sentir
um homem.

minha fé santo nenhum corrompe,
meu nó santo nenhum desata.

é preciso muitas lágrimas para salvar os malditos,
mas tudo bem, construí um altar para os homens e,
coloquei lá uma estátua para receber todos os problemas e,
resolve-los.

minha fé santo nenhum corrompe,
meu nó santo nenhum desata.

minha doutrina? não tenho doutrina,
minha covardia é o medo dos malditos.
minha doutrina? não tenho covardia, tenho fé,
minha coragem humana.
meu suplício é o ato de me entregar a minha doutrina,
não tenho doutrina, tenho medo dos homens e por isso

construí um altar para eu chorar e chorar.

Fezes

um tapa no destino só pra me sentir um pouco mais vivo.
às vezes me sacrifico e depois respiro melhor.
o destino é meu amigo e por isso me deixa sofrer,
levanto caindo e consigo força suficiente para tirar
a pedra do caminho que o mesmo amigo destino coloca.
um beijo na angústia e na boca trago a língua envernizada na saliva
envenenada que a mesma angústia me cospe na cara todos os dias.
angustia, tia malvada. a madrasta que matou a mãe para foder com o pai.
devora-me lentamente e me serve de banquete para o tédio,
depois da digestão viro fezes e
às vezes me sinto bem sendo algo já descartado,

rejeitado, evacuado.

Pseudo poeta

a poesia protege e enaltece o meu medo.
o meu medo me esconde e me priva de desafios.
os desafios me tornam covarde em demasia.

revelam meu segredo, o segredo da falsa poesia.

A volta do desejo de rever o que é inédito aos olhos

a volta do desejo de rever o que é inédito aos olhos,
a cara estragada no espelho é mais pura e sórdida do que parece,
é a face da síndrome da vida ou a falta dela.
a manhã que já acorda com cara de assassina,
o dia é frio, é domingo e
você mesmo dormindo já se sente esboço de qualquer coisa, tanto faz.
o cigarro lhe olha com amizade,
e se oferece como tocha que queima feliz e ilumina pensamentos idiotas.
seus olhos se machucam ao sentir necessidade de proteção,
às vezes penso que todos fazem uso de uma máscara,
e ai meus olhos se perguntam:
-será que vemos as coisas como são?

é a volta do desejo de rever o que é inédito aos olhos.

Gosto do que escrevo

gosto do que escrevo,
gosto do cigarro durante o papo,
gosto das coisas boas.

gosto da inocência das palavras que,
atuam como reféns na mão do poeta.
gosto da lua e, a noite, que se dissolve

leve e intensa como falsa prece.
gosto do roquenrou, de quem sou,
e do que almejo:

gosto do tapa,
do susto e do beijo.

gosto do que escrevo.

Festa

uma festa, você
algumas bebidas, eu poesia
uma noite boa, louca
roquenrou, psicodelia

uma festa e nós de novo nos conhecemos, nos encontramos e as músicas se encaixavam no diálogo, nosso diálogo. seus olhos gritavam e eu tão íntimo de ti, se você soubesse o que nós fizemos dentro de apenas uma olhada. devorei seu corpo inteiro e você gostou, em apenas alguns segundos nossos dois corpos eram um dígito só. o que será que você pensava nesse momento?

uma festa, você
algumas bebidas, eu poesia
uma noite boa, louca
roquenrou, psicodelia

uma noite. talvez a mais intensa e selvagem viagem lúcida que já fiz, e você estava drogada, eu por coincidência não estava, minha alma apenas admirava seu corpo e meus olhos se perdiam numa concentração religiosa. você dançava, se aproximava, me convidava pra ser seu e eu aceitava, é claro. o que será que mais ti agradava nesse momento?

uma festa, você
algumas bebidas, eu poesia
uma noite boa, louca
roquenrou, psicodelia

uma noite. uma cama e uma mulher que com certeza é única, singular. me considero depois de ti um cara melhor do que já fui, se fosse gregor samsa depois de ti seria uma barata feliz, pois sempre me sinto um inseto perto de algumas mulheres, mas não levo mais isso em consideração pois, após conhece-la, sentiria alegria mesmo sendo uma simples mosca da putrefação.

uma festa, você
algumas bebidas, eu poesia
uma noite boa, louca

roquenrou, psicodelia.

Loucura que me cura

a loucura que me cura
vem em goles e golpes,
mata-me e mata a sede
e eu como sede de mim mesmo
me escondo no horário combinado
e permaneço atrasado.

a loucura que me cura
é ilícita e explícita,
me fortalece e assim
procuro perfeição em ruínas
me liberto matando a vida
essa prostituta querida,

eterna mágoa chata como missa
minha alma escura chora

no vazio da loucura que me cura.

Você

entendo você
que procura por você
você que quer se ter
ter e sem temer
entender o que é ser você

às vezes sem querer
esquecemos de nos ver
e  ai ficamos chato
uma chata calma
apresentar o corpo
e esconder a alma

não gosto de você
que é você só por que
viu algo na tv
e agora quer ser igual
eu sei mudar é natural
mas,

às vezes sem querer
esquecemos de nos ver
e ai ficamos outros
outros que não somos
uma falta clara
alegria paga e chata

escarre no espelho
peça seu conselho
procure o que precisa em ti
abra o baú que há em ti
e eu ti ajudo sendo enfim
ti ajudo sendo eu em mim

às vezes sem querer
esquecemos de nos ver
esquecemos de nos conhecer
de nos compreender, e ver,
que você é você

você só é você.

Insólito tempo

uma mão afaga o chão, chora pela dor do seu perdão e,
em vão vão todos os seus sentidos entorpecidos pela emoção,
veste-se de santo e, num canto se camufla pra fugir com o ladrão.

uma mão afaga o peito, afaga o jeito de sentir o medo que,
não diz nada, mas que tem vários dedos. do desejo do espelho e,
do que diz o cinzeiro no suave e limpo cheiro de um estúpido banheiro,
com uma simpática cara insalubre.

uma mão afaga o tempo, um minuto se esconde num descuido do milênio e,
desperta sendo eterno como um calendário velho no quarto apodrecendo.
o segundo em outro mundo se diverte com outros “undos” numa gangorra de ponteiros defuntos.


uma mão afaga o céu, no quarto de uma torre motel com uma puta bonitinha chamada babel. nas estrelas, ilusória confusa besteira de tentar resgatar o involuntário e distinto brilho do opaco e fosco olho das belas feiticeiras que te dopam e te matam numa brincadeira domingueira. liberta-nos pro paraíso, pro eterno lar dos alternativos, lugar de poetas malucos que escrevem besteiras.

O tapa, O escarro e O desprezo

da esquina à vejo vindo,
meu coração palpita e
explode a emoção de um possível encontro.
seu corpo vem embalado numa dança excitante e,
os meus olhos à devoram como predador
devora presa. a timidez me posiciona e então espero
pela bela dama que possui um perfume que
inflama todo o meu desejo,
em seguida ofereço o rosto para o beijo e,

recebo o tapa, o escarro e o desprezo.

O quarto

absoluto cofre de emoções,
amigo fiel de angustias e dor.
lar do corpo no suave esforço
de involuntário sofrer.
meu eterno escudo, um mundo, um muro.

que me protege de mim mesmo com amor.

BLÁ, BLÁ, BLÁ

quero ganhar um presente surpresa,
uma caixa bomba, um toque da morte às escuras,
sem que a vida fique sabendo.

queria poder me concentrar em meus talentos,
dominar-me e domesticar o dom que tenho de ser só.
a amarga e pálida ideia de amar.

queria poder me decidir se prefiro a presença
de Clarisse ou de Lucy, pois já estou de malas prontas e,
pronto pra improvisar.

queria poder ganhar pelo menos mais um beijo
da mulher que amo. queria apenas um olhar,
mas nunca consigo olhar no olho da mulher,
viajo no seu corpo e me perco em seu sexo.

quero poder me explicar. que faço uso aqui da
minha liberdade poética e, por isso ignoro o que
realmente tem valor, pois o que vem em contra partida
de uma forma clara como contracultura é

muito mais interessante.

O tempo

ao acaso feito um tropeço que acontece por acidente,
e como uma gota que insiste em não cair da torneira,
assim são as horas que me arranham o rosto e desfiguram
todas as faces do meu ego.
- o tempo, o tempo.
por um acaso do tempo, perdi a noção e,
com isso tenho medo do tempo, o carrasco das eras,
mas não sei precisamente se se é do que se foi ou se é

do que me resta.

arte

arte é dor, é sofrimento.
é alegria de criar coisas novas, é a eternidade
dentro de cada lamento.

arte é ser, tem massa.
é abraçar o espírito a fumaça, é fazer
do sentimento estátua.

arte é mudar, organizar a bagunça.
é protestar as mudanças, é fazer, é criar.

é admirar lembranças.